Phil Spencer e as escolhas erradas que fazemos pelo caminho

Em uma indústria que movimenta tanto dinheiro anualmente e é comandada por profissionais tão capacitados, o que direi poderá parecer loucura. Porém, vez ou outra me pego pensando em como para ter sucesso nesse meio é preciso de um pouco de intuição, mas também uma bela pitada de sorte. Se você não acredita nisso, veja a história contada por Phil Spencer durante uma conversa que ele teve recentemente durante a Pax West.

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Crédito: Divulgação/Bungie

O chefe da divisão Xbox Gaming revelou alguns jogos que teve a oportunidade de levar para a marca, mas que devido a avaliações equivocadas, acabou deixando passar. Uma dessas oportunidades surgiu devido à proximidade da Gigante de Redmond com a Bungie, criadores da franquia Halo.

“Tenho que ser honesto, quando o Destiny foi lançado e eu posso ter jogado uma das primeiras versões prévias que estavam sendo feitas para o Xbox, ele realmente não me agradou,” afirmou Spencer. “Eu não sou um grande jogador de [multiplayer competitivo] PvP. Você pode ver meu histórico de jogador; não é muito o que jogo e fiquei um pouco preocupado em ser jogado em um mundo PvP e acabou que não era nada disso.”

De fato, ele não poderia ter errado mais. Embora tenha uma porção competitiva, a série Destiny conquistou muitos admiradores justamente por oferecer partidas cooperativas, com os jogadores realizando incursões em grupo em um jogo pertencente ao subgênero conhecido como looter shooter.

Contudo, o principal erro de Phil Spencer foi não ter enxergado o potencial que o título carregava consigo. Lançado em 2014, além do Destiny ter sido produzido por uma empresa que era muito respeitada, ele se mostrou extremamente divertido e altamente viciante, dando origem a uma continuação que chegaria ao mercado três anos depois, com ela permanecendo relevante até hoje.

Tamanho sucesso fez com que em 2022 a Sony Interactive Entertainment adquirisse a Bungie, em um negócio avaliado em US$ 3,6 bilhões. Por isso não surpreende ouvir o executivo afirmando que possui “emoções mistas” relacionadas a franquia Destiny.

Crédito: Divulgação/Bungie

“A Bungie fazia parte da Microsoft quando comecei na Xbox e dividi um andar com [os fundadores do estúdio] Alex Seropian e Jason Jones no prédio que estávamos em Redmond. Aprendi muito só por estar perto da Bungie,” contou. “Amo que ela seja uma equipe local. Ainda tenho muitos amigos lá, e sim, eles são propriedades de outro cara agora, mas é um jogo que sempre amarei e uma equipe pela qual sempre terei muito afinidade.”

Perceber o tamanho que a franquia se tornou é algo que deve incomodar Phil Spencer e ao ser questionado sobre isso, ele fez questão de dizer que não foi o único erro que cometeu. Na verdade, o executivo afirmou “ter feito algumas das piores escolhas de jogos” e contou mais um desses casos.

“Quando essa equipe chegou a Redmond, [o ex-CEO da Harmonix] Alex Rigopulos, que é ótimo, adoro o Alex, e ele propõe um jogo em que eles realmente fariam guitarras de plástico e a ligariam no console e venderiam músicas, eu fiquei: ‘sério? Você realmente acha que isso dará certo?’ Algumas pessoas jogaram Guitar Hero. Ouvi que se transformou num jogo muito bom.

Eu não sou uma pessoa do tipo que se arrepende, talvez seja uma falha minha, mas ignorei tantos jogos que poderia olhar para trás e… [sacode as mãos]. Mas não, tento olhar para frente e ser positivo sobre as coisas que estamos fazendo. E então, com o Destiny, apenas gosto de celebrar o que a equipe fez.”

Crédito: Divulgação/Harmonix

Hoje só podemos imaginar o força que a família Xbox poderia ter alcançado caso tivesse adquirido exclusividades tão importantes. Por outro lado, ao não estarem disponíveis em várias plataformas, será que tanto o Destiny quanto o Guitar Hero teriam se tornado tão populares?

Enfim, especulações sobre um passado que nunca existiu, mas que nos fazem pensar em todos os outros acordos que talvez nunca fiquemos sabendo que poderiam ter acontecido. Mesmo com uma ou outra história eventualmente surgindo, muitas ainda permanecem mantidas em segredo e poucos são aqueles com coragem para revelá-las.

Por isso Phil Spencer é uma das pessoas que mais admiro nesta indústria. Por mais que cometa seus equívocos e deva ser criticado por isso, quase sempre o sujeito tem algo interessante para dizer e se hoje, a frente de tantas pessoas, ele fala sobre temas que muitos preferem guardar para si, o que será que poderá nos dizer quando não estiver mais atuando em uma grande empresa?

Fonte: Gamespot