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Epic Games Store: sobre exclusivos e gratuidade

CEO da Epic Games Store diz que ao contrário dos jogos distribuídos gratuitamente, exclusividades não são "economicamente eficientes" para a loja

19/08/2024 às 15:30

Em sua incessante busca por “roubar” a maior fatia possível do mercado do Steam, a Epic Games Store (EGS) tem apostado principalmente em duas frentes: jogos exclusivos e a distribuição gratuita de alguns títulos. A princípio podemos pensar que os jogos lançados apenas na loja são aqueles que trazem os maiores retornos para a Epic, mas o CEO da empresa garante que é justamente o contrário.

Crédito: Divulgação/Epic Games

A informação foi revelada por Tim Sweeney durante uma conversa com a imprensa, quando o executivo começou falando sobre a estratégia de oferecer títulos gratuitamente para chamar a atenção do público. O programa está disponível desde o lançamento da loja (final de 2018) e nos primeiros nove meses eles gastaram US$ 11,6 milhões para distribuir esses jogos, montante que certamente aumentou muito de lá para cá, mas não é algo que parece ser um problema.

Para Sweeney, o gasto é visto por eles como um programa de aquisição de usuários e dar os jogos possui uma vantagem interessante, que é garantir que o dinheiro fique com os desenvolvedores e não com as empresas onde uma eventual divulgação aconteceria.

“Dar jogos grátis parece contraintuitivo como uma estratégia, mas as empresas gastam dinheiro para adquirir usuários para os jogos,” explicou o executivo. “Por cerca de um quarto do preço que custa para adquirir usuários por anúncios do Facebook ou dos anúncios de pesquisas do Google, podemos pagar muito dinheiro a um desenvolvedor de jogos pelo direito de distribuir seu jogo para os nossos usuários e podemos trazer novos usuários para a Epic Games Store por uma taxa muito econômica.”

Epic Games Store

Crédito: Divulgação/Epic Games

Ao saber que só em 2023 mais de 580 milhões de jogos foram resgatados gratuitamente na EGS, o natural é pensarmos que muitas pessoas estão na loja apenas por esses brindes. Contudo, mesmo que isso seja verdade, Sweeney afirma que o modelo não está atrapalhando as vendas.

“Você pode pensar que isso prejudica as perspectivas de vendas na Epic Game Store, mas os desenvolvedores que dão jogos grátis, na verdade, veem um aumento na venda de seus jogos pagos na loja, apenas porque seu jogo grátis aumenta a conscientização,” explicou. “E é tanto que, muitas vezes, os desenvolvedores, quando estão prestes a lançar um novo jogo, vem até nós querendo trabalhar em um lançamento programado de um jogo grátis, apenas para impulsionar a conscientização de seu próximo jogo. Isso tem sido uma coisa incrível e tem sido de longe o aspecto economicamente mais eficiente da Epic Games Store.”

Segundo um comunicado emitido pela Epic, no ano passado eles deram 86 jogos, que custariam mais de US$ 2000 para serem adquiridos. Mesmo assim, os consumidores gastaram US$ 310 milhões em aplicativos de terceiros, número que representou uma queda de 13% em relação a 2022. A dúvida é se essa diminuição está relacionada a queda na oferta de jogos gratuitos oferecidos, já que naquele ano foram dados 99 deles, totalizando uma economia de US$ 2240 aos jogadores.

Crédito: Reprodução/Dori Prata

Enfim, o fato é que de acordo com Tim Sweeney, tentar conquistar novos consumidores lhes dando jogos tem se mostrado algo muito mais interessante do que garantir exclusividade.

“Nós gastamos muito dinheiro com exclusividades,” afirmou. “Algumas delas funcionaram extremamente bem. Muitas delas não foram bons investimentos, mas o programa de jogos gratuitos tem sido simplesmente mágico.”

Pois a decepção do CEO não é para menos. Em 2021 o site PCGamer obteve informações sobre os gastos da loja em exclusivos no ano anterior e eles foram bem, bem altos. Resumidamente, em 2020 a Epic Games Store teve um prejuízo na casa de US$ 330 em relação à aquisição de exclusivos, o que fazia com que a previsão fosse para que a loja só passasse a dar lucro em 2027.

Mas se o impacto financeiro dessas exclusividades deve estar repercutindo pelos corredores da Epic, talvez o maior estrago seja mesmo na maneira como os jogadores percebem essa postura agressiva por parte da empresa. Não é raro vermos pessoas reclamando sempre que um título é anunciado como apenas para aquela loja, com muitas outras chegando a dizer que se for assim, preferem nem jogar tal título.

Sweeney por sua vez não se intimida com essas ameaças e ao ser questionado no X (então Twitter) se planejava abandonar esse modelo, foi enfático: “Se o Steam se comprometer permanentemente a dar uma porção de 88% do faturamento a todos os desenvolvedores sem maiores empecilhos, a Epic poderia facilmente organizar uma retirada dos exclusivos (apesar de honrar os compromissos com os nossos parceiros) e considerar colocar os nossos próprios jogos no Steam,” garantiu.

Epic Games Store

Crédito: Reprodução/Dori Prata

Lá se vão cinco anos desde aquela afirmação e como do lado de lá dessa disputa também temos uma empresa que não costuma recuar nas suas decisões, a Valve segue abocanhando uma boa fatia dos jogos vendidos em sua loja e a Epic continua apostando nos exclusivos. A diferença é que hoje o Steam está mais maleável, enquanto a EGS tem apostado menos em títulos que só encontramos por lá.

Para uns, Sweeney e sua loja surgiram como uma esperança, uma das poucas forças capazes de desafiar o monopólio de um gigante. Já para outros, como Hervé Hoerdt da Bandai Namco e Whitney Spinks da Re-Logic, a ideia de jogos exclusivos em uma loja vai contra uma das principais qualidades do PC, que é a liberdade.

Eu também não gosto da barreira de só poder comprar jogos em uma loja e por isso ficaria muito feliz se a Epic Games Store continuasse investido naquilo que ela mesma entende ser o melhor, que é nos presentear com jogos semanalmente e servir como uma opção para adquirir tantos outros. No fim das contas, opções nunca são demais e quem não gosta de um presente?

Fonte: Gamespot

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