Meio Bit » Games » Larian Studios e as possibilidades para futuros projetos

Larian Studios e as possibilidades para futuros projetos

CEO do Larian Studios fala sobre a oportunidade de criar o Baldur's Gate 3 e cita Fallout e Ultima como títulos em que gostaria de trabalhar

15/07/2024 às 9:40

Fundada na Bélgica em 1996, durante muitos anos a Larian Studios permaneceu conhecida apenas pelos mais apaixonados por RPGs. A popularidade do estúdio só começou a se tornar mais forte em 2014, quando lançaram o Divinity: Original Sin, com o merecido reconhecimento do grande público só chegando nove anos depois, quando o Baldur's Gate 3 deixou o Acesso Antecipado. Agora, o que muitos se perguntam é: qual será o próximo passo da aclamada empresa?

Baldur's Gate 3 - Larian Studios

Crédito: Divulgação/Larian Studios

Como o Baldur's Gate 3 é baseado no universo Dungeons & Dragons, a Larian Studios mostrou ser capaz de trabalhar com uma franquia renomada. Assim, é natural pensarmos que outros detentores de marcas famosas queiram deixá-las nas mãos dos belgas, mas segundo Swen Vincke, quando eles precisaram dar um salto, poucas propriedades intelectuais surgiram como potenciais candidatas.

O motivo é que, por mais que os dois primeiros Divinity: Original Sin fossem excelentes, se tratavam de uma marca própria, sem a popularidade que o CEO da desenvolvedora julgava necessária para que eles dessem o próximo passo para crescer.

Então, ao conceder uma entrevista à revista Edge, Vincke falou sobre algumas franquias que poderiam lhes proporcionar a tão desejada evolução e citou apenas três com tamanho potencial. Ele disse:

“Senti como se houvesse um teto de vidro que não seríamos capazes de quebrar, a menos que tivéssemos valores de produção AAA, orçamento, marketing todo tipo de coisas AAA. E apenas alguns poucos jogos de grandes nomes poderiam fazer isso acontecer.

Seria o Ultima, seria o Fallout e seria o Baldur’s Gate. Não havia muito o que escolher.”

Divine Divinity, onde tudo começou (Crédito: Divulgação/Larian Studios)

O game designer ter apontado a franquia criada por Richard “Lord British” Garriott não chega a ser surpresa, afinal, ele já falou sobre como o Ultima VII: The Black Gate influenciou e continua influenciando sua carreira. Contudo, hoje a franquia pertence à Electronic Arts e lá se vão 25 anos desde o lançamento de um novo jogo, quando recebemos o Ultima IX: Ascension.

Já em relação ao Fallout, a Bethesda já permitiu que outra empresa trabalhasse com a franquia, quando a Obsidian Entertainment nos deu um dos capítulos mais adorados pelos fãs, o Fallout: New Vegas. Porém, se o pessoal do Larian Studios tivesse a oportunidade de trabalhar com a marca (e aqui é pura especulação minha), acredito que eles prefeririam criar algo mais ao estilo da era pré-3D — o que seria sensacional!

Sendo assim, restou a eles algo não menos importante, mas muito mais acessível. Porém, garantir algo como o Baldur’s Gate não seria fácil, até porque, Vincke sabia que muitas empresas adorariam trabalhar com a propriedade da Wizards of the Coast. “Seria ótimo para atrair outras pessoas para o estúdio,” contou.

Divinity: Original Sin 2 (Crédito: Divulgação/Larian Studios)

O detalhe é que por pouco eles não colocaram tudo a perder. Na época em que o Larian Studios se aproximou da WotC, os belgas estavam dedicados à produção do Divinity: Original Sin 2 e por isso não conseguiram entregar um documento de design que estivesse à altura de um Dungeons & Dragons.

“A Wizards nos mandou [o documento] de volta com o equivalente corporativo de, ‘Isso é realmente uma m****’,” revelou o CEO. “E dissemos, ‘Nós sabemos, mas estamos lançando um jogo — não nos peça para fazer isso agora. Nos deem uma prorrogação.’ Felizmente eles entenderam e tivemos outra chance.”

Se você jogou algum Divinity: Original Sin, provavelmente concorda comigo em relação a ser difícil imaginar outro estúdio que conseguiria nos entregar algo tão fantástico quanto o Baldur's Gate 3. Na verdade, enquanto explorava Rivellon, imagino que muitos também pensaram que um jogo que se passasse no mundo de Dungeon & Dragons poderia funcionar da maneira como o Larian Studios criou aquele título e alguns anos depois tivemos a oportunidade de ver isso.

Baldur's Gate 3 - Larian Studios

Baldur's Gate 3 (Crédito: Divulgação/Larian Studios)

Mas de todas as qualidades presentes no Baldur's Gate 3, aquelas que mais me fascinaram foram a liberdade proporcionada e a sensação de estarmos participando de uma partida de RPG de mesa. Pois é somando essas partes que passo a imaginar que se tal projeto fosse dado a outra empresa, dificilmente teríamos recebido um jogo tão bom e é provável que a WotC já desconfiasse disso.

Já por parte da desenvolvedora comandada por Swen Vincke, a única maneira deles deixarem de atingir um nicho seria produzindo algo grandioso. “De onde eu estava, voltando à minha visão estratégica para a Larian, [a cinematografia] fazia todo o sentido,” afirmou o CEO. “Se quiséssemos levar um jogo como o Original Sin 2 para um público maior, precisaríamos ter valores de produção AAA, a todo custo.”

Para Vincke, algo desse porte lhes permitiria descobrir se existia mercado para tal tipo de jogo e agora sabemos que sim, existe. Embora o número exato de cópias vendidas não tenha sido revelado, em fevereiro deste ano o Diretor de Publicações do estúdio, Michael Douse, falou em 10 milhões de cópias. Já o CEO citou um número bem mais expressivo, ao falar que as vendas do Baldur's Gate 3 foram quase o dobro daquelas para o Divinity: Original Sin 2, que se especula tenham sido de 7,5 milhões de cópias.

Baldur's Gate 3 - Larian Studios

Baldur's Gate 3 (Crédito: Divulgação/Larian Studios)

De qualquer forma, talvez o que mais chame a atenção em relação à última criação do Larian Studios é como ela continuam mantendo o interesse do público. Se olharmos para os últimos sete dias, ela registrou um pico de mais de 107 mil jogadores simultâneos no Steam, o que considerando não se tratar mais de um lançamento, é bem impressionante.

Logo, eu não ficaria surpreso se descobrisse que durante os últimos meses o estúdio belga recebeu o contato de diversas editoras lhes oferecendo parcerias. No entanto, se antes Swen Vincke já achava que poucas propriedades intelectuais lhes serviam, imagine agora.

Fonte: GamesRadar+

relacionados


Comentários