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Pesquisa da GDC indica futuro da indústria

Segundo pesquisa realizada pela GDC, quase metade dos estúdios trabalham com IA e sucessor do Switch já desperta interesse de 32% dos desenvolvedores

19/01/2024 às 9:38

Entre 18 e 22 de março acontecerá, em São Francisco, a edição 2024 da Game Developers Conference (GDC) e para nos dar um gostinho do que será debatido por lá, os organizadores do evento divulgaram o resultado de uma interessante pesquisa. Realizada com mais de 3000 profissionais da área, a pesquisa serve para entendermos os bastidores da criação de jogos.

IA - GDC

Crédito: Reprodução/Dori Prata/Stable Diffusion

De todos os temas levantados no questionário, talvez o mais interessante (e polêmico) seja a utilização de inteligência artificial na produção de games. Segundo o GDC, 31% das pessoas ouvidas afirmaram ter utilizado ferramentas como ChatGPT, DALL-E, GitHub Copilot e Adobe Generative Fill para lhes ajudar no processo de criação.

Já 18% garantem nunca terem recorrido a esse tipo de tecnologia, mas viram algum colega de trabalho a utilizarem. Ou seja, de certa forma podemos dizer que quase metade dos estúdios estariam aproveitando a inteligência artificial generativa em seus projetos.

Ainda neste mesmo assunto, vale ressaltar que 15% dos entrevistados pela GDC admitiram que, mesmo nunca tendo utilizado inteligência artificial em seus trabalhos, a companhia possui interesse em fazer isso. Já 23% disseram que o estúdio não se interessa pela tecnologia.

Entre aqueles que já aderiram à prática, os departamentos que mais utilizam IA são: Negócios e Finanças (44%); Comunicação/Marketing/RP (41%); Produção e Gerenciamento de Equipe (33%); e Programação/Engenharia (25%).

Porém, isso não significa que os departamentos mais voltados para a parte artística não tenham se rendido à ajuda das máquinas. Na parte de Game Design, 21% já utiliza IA, enquanto o setor de Narrativa/Escrita aparece com 13%; o de Artes Visuais com 16% e o de Áudio com 14%. Quanto ao Controle de Qualidade, apenas 6%.

IA - GDC

Crédito: Reprodução/Dori Prata/Stable Diffusion

Outro dado importante e que muitos já imaginavam, é que atualmente os mais propensos a recorrerem à IA são os estúdios indies. Segundo o levantamento do GDC, 37% das desenvolvedoras menores afirmam utilizar a tecnologia, contra 21% dos estúdios classificados como de médio ou grande porte.

Já em relação à parte ética envolvida na utilização de inteligência artificial para gerar conteúdo, 42% garantiram estar muito preocupados com isso, enquanto outros 42% disseram estar um pouco preocupados. Se considerarmos que apenas 12% afirmaram não estar preocupados e que 4% não opinaram, se torna mais fácil entender por que o tema tem sido tão debatido nos últimos meses.

Porém, o relatório criado pela GDC aproveitou para dar voz a alguns desenvolvedores que defendem como a IA poderá lhes ajudar a acelerar o processo de desenvolvimento de jogos. No geral, eles acreditam que a melhor utilização da tecnologia seja eliminar as atividades repetitivas e um entrevistado chegou a dizer que “os melhores na indústria a utilizarão para aperfeiçoar os processos e não para substituir totalmente alguma coisa.”

Por fim, 51% das pessoas disseram que suas companhias possuem alguma política sobre a utilização de inteligência artificial nos projetos. No entanto, apenas 12% das empresas proibiram essa prática. Sendo assim, o indicativo é de que estamos mesmo em um caminho sem volta.

O fantasma das demissões

Crédito: Reprodução/sentavio/Freepik

Outro importante tema abordado pela pesquisa da GDC diz respeito as demissões, algo que assolou a indústria em 2023. 35% dos entrevistados afirmaram ter sido impactados de alguma forma por demissões no ano passado. Desses, 7% sofreram com uma demissão direta, enquanto 17% viram colegas de departamento passando pela situação e 11% souberam de colegas de outras equipes ou departamentos ficaram desempregados.

O que torna o cenário ainda mais preocupante é a projeção para os próximos meses. Considerando o ano atual, 56% dos entrevistados disseram temer pelos seus empregos, com 14% desses afirmando estarem muito preocupados.

E todo esse receio é compreensível. Mesmo com 2024 tendo recém começado, as notícias sobre novas ondas de demissões já estão circulando e uma que demitiu 10% dos seus funcionários foi a CI Games, editora do Lords of the Fallen. Boa parte dos afetados era do departamento de marketing, mesmo com o jogo tendo vendido um milhão de cópias nos primeiros dez dias. A título de comparação, a obra de mesmo nome lançada em 2014 precisou de sete meses para alcançar 900 mil cópias vendidas.

Outras empresas que também realizaram cortes em janeiros foram a Behaviour Interactive, do jogo Dead by Daylight; a Unity, com uma redução de 25% no seu quadro de funcionários; a Twitch, que demitiu cerca de 500 pessoas; e a Thunderfull, grupo responsável pelo SteamWorld Build, com outras 100 demissões.

De forma anônima, um profissional deu sua explicação à GDC para o que estaria causando tantas demissões. “Os estúdios cresceram muito rapidamente durante a pandemia e as pessoas estão gastando menos com games durante a crise do custo de vida,” disse. “A bolha infelizmente está estourando. Espero que isso crie startups que revolucionem a maneira como desenvolvemos jogos e estabeleça um precedente para os estúdios maiores seguirem.”

De olho no Switch 2

Conceito criado por fã (Crédito: Reprodução/Olivier Raymond/Behance)

Ao questionar em quais plataformas os desenvolvedores estão trabalhando, a pesquisa da GDC levantou alguns dados que demostram o interesse em um aparelho que ainda nem foi anunciado, o sucessor do Nintendo Switch.

Dos mais de 3000 entrevistados, 8% (ou cerca de 250 pessoas) revelaram já estar se dedicando ao novo videogame da Nintendo. Além disso, 32% garantiram que, no momento, nenhuma plataforma tem despertado tanto o seu interesse, colocando-a atrás apenas do PC (62%) e do PlayStation 5 (41%).

Esses números são importantes, pois mostram a força que o Switch conquistou desde o seu lançamento. Ao contrário do Wii U, o híbrido da Nintendo caiu nas graças do público, o que consequentemente fez com que muitos jogos fossem lançados e vários se tornassem enormes sucessos comerciais. Naturalmente, a expectativa de todos é que a fabricante japonesa consiga repetir a dose e as características do videogame tem despertado muito curiosidade.

Segundos rumores, o “Switch 2” deverá ser lançado ainda em 2024, com os kits de desenvolvimento já se encontrando nas mãos de alguns estúdios. Já para o analista de mercado Dr. Serkan Toto, esse aparelho deverá continuar funcionando como um portátil, com seu preço ficando na casa de US$ 400 (US$ 100 a mais que o Switch no lançamento) e servindo mais como uma evolução do que uma revolução do que temos atualmente.

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