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eSports, o novo alvo da Nintendo

Nintendo publica guia com uma série de restrições para torneios de eSports que usem seus jogos e mostra, mais uma vez, como não tratar os fãs

24 semanas atrás

A casa do Mario sempre foi conhecida pela maneira superprotetora como trata suas propriedades intelectuais e por isso, não deveria surpreender algumas atitudes tomadas pela empresa. Mesmo assim, um guia publicado recentemente pela Nintendo sobre como devem funcionar os torneios de eSports com seus jogos tem chamado a atenção da comunidade.

Nintendo x eSports

Crédito: Divulgação/Nintendo

Contando com limitações severas para os mais variados aspectos, o guia foi publicado originalmente no Japão e logos depois replicado no site britânico da Nintendo, sendo voltado para os torneios de eSports de pequeno porte.

Segundo o guia, essas competições não poderão contar com mais de 200 participantes por dia, com o limite sendo expandido para 300 pessoas por dia caso o evento ocorra online. Além disso, o valor cobrado pela entrada do público não pode ser superior a 20 Euros, já para os competidores, o preço de inscrição não pode ultrapassar 15 Euros.

A Nintendo definiu ainda que o valor arrecadado com a venda de ingressos e inscrições não pode ultrapassar os custos para a organização do torneio de eSports, ou seja, o evento não pode dar lucro aos organizadores. Além disso, a premiação deve ser limitada a 5.000 Euros e esse montante não pode vir da venda de ingressos.

O guia toca em pontos até um tanto óbvios, como não poder contar com consoles e jogos que não sejam licenciados pela BigN, mas quando ele cita essa proibição para acessórios, torna-se difícil concordar. Quer utilizar um controle que não tenha sido aprovado pela empresa? Não pode e isso inclui aqueles que visam a acessibilidade.

Quer mais um exemplo do que não pode haver num desses campeonatos? A utilização de uma marca da companhia japonesa no nome. Se você pensou em nomear a competição como "Super Smash Bros. Super Challenge" ou "Splatoon Throwdown", pode esquecer! No máximo, poderá usar o título dos jogos na descrição, para explicar quais farão parte das disputas.

Crédito: Divulgação/Nintendo

Mas se todas essas restrições servem para mostrar o quão draconiana pode ser a Nintendo, é quando ela fala sobre a impossibilidade da venda de comida, bebidas e merchandising, que a situação fica ainda mais complicada. Imagine participar de um evento assim, que muitas vezes se estendem por dias e não poder comprar um lanche!

Contudo, é importante salientar que essas são as regras para os torneios de eSports considerados de pequeno porte, com aqueles maiores precisando de uma licença específica da Nintendo. O detalhe é que mesmo esses big players parecem fartos com a maneira como a empresa vem tratando o cenário competitivo.

Um dos maiores exemplos disso aconteceu no final de 2022, quando o Smash World Tour teve sua realização cancelada. Segundo os responsáveis, o motivo para isso teria partido da Nintendo, que os informou em cima da hora que eles não estavam autorizados a funcionar. A empresa, por sua vez, alegou que a decisão partiu dos próprios organizadores.

De qualquer forma, é conhecido que o relacionamento da Nintendo com os fãs está longe de ser amistoso e quando se trata da maneira como ela enxerga os eSports, essa mesquinharia não parece ser muito diferente. Porém, será que essas exigências são mesmo assim tão preocupantes?

Crédito: Divulgação/Nintendo

De acordo com algumas pessoas que acompanham a cena dos eSports, são raros os torneios de Smash Bros. e Splatoon que se encaixam nessa categoria “Torneios Comunitários.” Para esses jogos, o normal são as competições que visam lucro e como elas são licenciadas e já possuem esse aval, nada deverá mudar.

Ainda assim, nem todos estão totalmente tranquilos. Para o fundador da CEO Gaming, Alex Jebailey, o ideal seria as pessoas interessadas em criar uma competição dessas fazer isso ainda em novembro, para diminuir o risco de ter problemas com eventuais mudanças.

Quem também declarou seu descontentamento com o guia foi Elisabeth Sivertsen, uma streamer que usa sua influência para promover a acessibilidade. Para ela, ao impedir que acessórios de terceiros possam ser utilizados em torneios de eSports, “isso não ajudará a Nintendo a ter controle sobre seu próprio design, isso literalmente apenas EXCLUIRÁ muitos jogadores simplesmente com base no fato de estarmos desabilitados.”

Normalmente mantendo uma postura tipicamente “meu jogo, minhas regras”, acho difícil a Nintendo recuar nesse guia de restrições para os torneios de pequeno porte. Isso obviamente é lamentável, pois tem o potencial de impedir que pessoas se divirtam em competições que muitas vezes são organizadas apenas para reunir amigos. Como disse, Sivertsen, os “jogos são para TODOS!” Ou pelo menos deveriam ser, pois quando se trata da BigN, ela não indicar estar muito preocupada em tornar suas criações mais acessíveis.

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