Xbox, a escolha do nome “menos pior”

Pouco mais de duas décadas desde o lançamento do primeiro console e quatro gerações depois, é seguro dizer que a marca Xbox se tornou um sucesso. O que nem todos sabem, no entanto, é que a escolha do nome que se tornaria a cara da divisão de games da Microsoft aconteceu muito mais pela falta de uma opção melhor.

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A revelação sobre a forma inusitada como a empresa chegou a esse nome foi feita por Seamus Blackley, durante uma entrevista ao site Time Extension.

“O logo do Xbox está todo ligado com o nome da plataforma, que surgiu do fato que o lançamos internamente como uma especificação de hardware otimizado para o DirectX,” explicou um dos criadores do primeiro console da Microsoft. “Então iriamos criar uma caixa [box], que é como as pessoas chamam uma máquina ou um sistema. Uma caixa para o DirectX. Então seria uma DirectX box. E eventualmente a chamamos de Xbox, presumindo que haveria um nome melhor surgindo em algum momento.”

O problema é que esse momento nunca aconteceu, mesmo com a Gigante de Redmond contando com um departamento de marketing, ele fracassou na tarefa de dar uma melhor identidade ao aparelho. Mas não foi apenas um nome que aqueles profissionais tiveram dificuldade em entregar, até o logo foi criação de Blackley e sua equipe.

Segundo o engenheiro, ele e mais três pessoas imaginaram o símbolo como um X prateado vindo direto do DirectX e a opção pela cor verde também se deu por acaso. Tudo começou com Horace Luke, designer que havia adquirido um conjunto de marcadores. Porém, as pessoas tinham o costume de pegar aquelas canetas e não as devolver, o que acabou o deixando com apenas duas, uma azul e outra verde. Como a Sony já usava azul para o PlayStation, restou desenhar a marca com a outra cor.

Conforme o desenvolvimento do console prosseguia, a Microsoft ainda buscava um nome para batizá-lo e por isso contratou uma empresa para cuidar tanto dessa parte, quanto do logotipo. Mas de acordo com Blackley, as propostas feitas pelos especialistas foram “absolutamente terríveis.” Mas do quão terrível estamos falando? Bom, uma lista publicada pela revista Edge em 2013 serve para termos uma noção. Veja alguns dos nomes sugeridos:

• MAX (Microsoft Action Experience)
• AIO (All In One)
• MIND (Microsoft Interactive Network Device)
• FACE (Full Action Center)
• MITH (Microsoft Interactive Theatre)
• XON (Experience Optimised Network)
• MVPC (Microsoft Virtual Play Center)
• TAC (Total Action Center – discs/games could be called TACs)
• MARC (Microsoft Action Reality Center)
• LEX (Live Entertainment Experience)
• M-PAC (Microsoft Play and Action Center)
• RPM (Real Performance Machine)
• MOX (Microsoft Optimal Experience)
• E2 (Extreme Experience)
• MTG (Microsoft Total Gaming)
• VIP (Virtual Interactive Player)
• PTP or P2P (Powered To Play)
• VIC (Virtual Interactive Center – disks/games could be called VICs)
• MARZ (Microsoft Active Reality Zone)
• TSO (Three, Six, Zero)
• EHQ (Entertainment Headquarters)
• O2 (Optimal Ozone or Optical Odyssey)
• MIC (Microsoft Interactive Center)
• R&R (Reality and Revolution)
• MEA (Microsoft Entertainment Activator)
• AMP (Active Microsoft Player)
• VPS (Virtual Play System)
• MAP (Microsoft Action Play)
• MEGA (Microsoft Entertainment & Gaming Attendant or Microsoft Entertainment & Gaming Assembly)
• CPG (CyberPlayGround)
• VERV (Virtual Entertainment & Reality Venture)
• OM (Odyssey of the Mind)
• P2 (PowerPlay)
• IS1 (Interactive System In One)
• MET (Microsoft Entertainment Technology or Microsoft Entertainment Theatre)

Fico imaginando se alguns desses nomes tivessem sido aprovados e o mundo fosse presenteado com um P2, um R&R, um M-PAC ou um EHQ. Contudo, por mais ridículos que possam parecer esses acrônimos, é a explicação para eles terem sido sugeridos o que me deixa impressionado. Entertainment Headquarters? Odyssey of the Mind? Optimal Ozone or Optical Odyssey? Sério, o que esse pessoal consumiu antes de chegar a essas ideias?

Enfim, Seamus Blackley também disse que a criatividade peculiar daquela equipe de marketing não se limitou ao nome para o console. Quando foram incumbidos de criar um logo, o resultado não foi muito diferente do que ele e seus amigos tinham criado.

“A Microsoft gastou centenas de milhares de dólares e todos nós olhamos para aquilo como, ‘você está de brincadeira comigo?’ Como se devêssemos receber nosso dinheiro de volta,” contou o engenheiro. “Aqueles eram nomes terríveis e eles simplesmente usaram o logo que tiramos de nossas bundas.”

Para piorar, a marca que aquela empresa havia apresentado era muito parecida com um logo que já existia, mais especificamente, o da Heathrow Express, da Inglaterra. Como a equipe de Blackley estava sempre viajando para a Terra da Rainha, eles imediatamente identificaram a semelhança, já que, basicamente, apenas as cores eram diferentes.

Particularmente, nunca gostei muito do nome Xbox, mas entendo sua utilização e até acho que ele faça sentido. Agora, é curioso pensar em como uma empresa tão grande, com um investimento milionário num produto, foi capaz de deixar algo tão importante surgir de uma maneira que beira o amadorismo.

Hoje é fácil ver a marca Xbox como um sinônimo de videogame, afinal ela está por aí há bastante tempo, mas chega a ser engraçado perceber como tudo nasceu quase sem querer, apenas por eliminação e pela falta de uma opção melhor. Mas tudo bem, pelo menos não tivemos que comprar um M-PAC 360, um P2 One ou um R&R Series X.