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Apple barra sideloading de apps do iOS em Macs M1

Restrição do macOS Big Sur impede que apps do iOS não autorizados pelos desenvolvedores sejam instalados em Macs com chips Apple M1

3 anos atrás

A Apple não vai mais permitir que apps do iOS não liberados para serem usados nos Macs com processadores Apple M1 sejam carregados pelos usuários. Uma atualização recente do macOS Big Sur passou a barrar métodos de sideloading de tais aplicativos, justificando que cabem aos desenvolvedores o que pode e não pode rodar nos computadores.

MacBook Pro com chip Apple M1 (Crédito: Divulgação/Apple)

MacBook Pro com chip Apple M1 (Crédito: Divulgação/Apple)

Uma das principais novidades dos Mac com chips M1, em relação a seus antecessores, é a possibilidade de instalar e rodar apps do iOS de forma nativa, graças à arquitetura ARM do processador, a mesma dos usados nos iPhones e iPads. Oficialmente, o usuário recorre à Mac App Store para selecionar os aplicativos, mas era possível também carregar outros apps, usando softwares de sideloading.

Isso se dava por um simples motivo: os desenvolvedores têm liberdade para decidir se seu app mobile será disponibilizado para o macOS, e muitos optaram por não fazê-lo, por motivos diversos. Alguns defendem seu modelo de negócios como exclusivo para mobile, outros possuem aplicações concorrentes, etc.

Apps de redes sociais, como Facebook e Instagram, de serviços de streaming, como Netflix, e de gerenciadores de jogos, como o Xbox da Microsoft, são exemplos de apps mobile cujas desenvolvedoras não liberaram a instalação em Macs M1. No entanto, isso podia ser contornado.

Aplicativos como o iMazing permitiam que um usuário transferisse um app mobile instalado no iPhone ou iPad diretamente para o Mac, sem ter que passar pela Mac App Store. Dessa forma, diversos aplicativos mobile barrados passaram a funcionar nos computadores mais novos da maçã, com 100% de compatibilidade. A única coisa que os impede de rodar nativamente é basicamente uma chave de autenticação.

Quem conhece a Apple sabe que a companhia é paranoica no que tange à liberdade de escolha x experiência de uso determinada por ela própria. Sob sua ótica (herdada de Steve Jobs, na verdade), o consumidor não tem o direito de decidir como usar seu MacBook Pro M1 de R$ 35.299, e a empresa o fará por ele. O sideloading de apps do iOS entra nessa categoria.

Logo, a farra acabou.

Nova versão do macOS Big Sur passou a barrar o sideloading (Crédito: Reprodução/Apple)

Nova versão do macOS Big Sur passou a barrar o sideloading (Crédito: Reprodução/Apple)

No dia 13 de janeiro de 2020, o site 9to5Mac apurou a existência de linhas de código nos betas públicos do macOS Big Sur 11.2 e do iOS 14.4, sugerindo que a Apple estaria desenvolvendo meios para reconhecer apps que facilitam o sideloading e bloquear a prática, para apps cujos desenvolvedores não liberaram para os Macs M1. Na última sexta-feira (15), a modificação foi aplicada no beta do sistema para computadores, e também no macOS 11.1.

Usuários do macOS 11.1 receberão uma mensagem de falha de transferência do app, com o sistema dizendo para que o mesmo tente de novo; já no macOS 11.2, aparecerá a mensagem acima, informando claramente que o processo foi interrompido porque "o desenvolvedor não autorizou que o aplicativo funcione nesta plataforma (o Mac)".

Apps que já foram instalados continuarão a funcionar, o mesmo valendo para os instaladores .IPA que já foram transferidos do iPhone para o Mac, mas que ainda não foram executados. O bloqueio é voltado apenas ao processo de sideloading, embora não se saiba por quanto tempo tais aplicativos "não autorizados" continuarão funcionando. Não muito, eu diria.

A questão gira em torno das APIs que a Apple é obrigada a implementar, como forma de DRM dos softwares que distribui. Pela lógica, a Mac App Store deve ser a única loja autorizada a distribuir apps do iOS no Mac (não estamos falando de apps x86, que são traduzidos para ARM pelo software Rosetta 2), e métodos de carregamento de aplicativos não autorizados no macOS Big Sur não devem ser permitidos. Assim, a maçã "fechou a porteira" tanto para proteger interesses dos desenvolvedores, quanto os seus próprios, lembrando da taxa de 30%, especialmente para apps e jogos pagos.

Arquitetura do processador Apple M1 (Imagem: Divulgação/Apple)

Arquitetura do processador Apple M1 (Imagem: Divulgação/Apple)

Chega a ser cansativo voltar a falar do "Jardim Murado" da Apple, mas a verdade é que Cupertino não é dada a permitir que seus usuários usem seus produtos de uma forma diferente da que a empresa imaginou. Os novos Macs M1 são mais próximos de um iPhone ou iPad em termos de instalação de software, ainda que eles rodem (traduzam) programas x86, adquiridos de outras fontes que não a Mac App Store.

A questão é: vendo o que aconteceu agora com o sideloading de apps do iOS, por quanto tempo a maçã irá permitir que seus consumidores possam rodar softwares oferecidos do lado de fora de sua lojinha, e passar a tranca no macOS da mesma forma que fez com seu sistema mobile? O jailbreak de Macs poderá ser uma realidade no futuro?

E o que outras empresas farão para reagir a esse movimento? A Microsoft já tem o Windows 10 para ARM, distribuído apenas para OEMs e membros do programa Insider, e ele emula uma máquina x86/x64 para rodar apps não-ARM. Aliás, o sistema roda no Apple M1 de forma "quase" nativa, sem emulação. O futuro será de apps apenas distribuídos pelas lojas oficiais? É uma possibilidade.

É bem provável que desenvolvedores independentes, como os mantenedores do iMazing e outros, estejam neste momento buscando meios de contornar o muro da Apple, o que pode levar a mais uma corrida de gato e rato, como a que a empresa disputa há anos com os jailbreakers do iOS.

Crédito: 9to5Mac.

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