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NASA diz que precisa de mais US$35 bilhões para missão lunar em 2024

A missão lunar que a NASA planeta para 2024, parte do Programa Artemis está ameaçada. Abriram o jogo e precisam de muito mais verba do que há disponível

4 anos atrás

A missão lunar do Projeto Artemis foi anunciada com pompa e circunstância em um momento JFK, quando Trump quis fazer a América grande novamente emulando um de seus maiores momentos. Não que eu seja contra que a Laranja-em-Chefe siga a trajetória de Kennedy, mas a realidade financeira não torna muito provável que o pouso em 2024 venha a acontecer.

O grande problema é que espaço é caro, quase sai mais barato chegar no espaço construindo uma pilha de dinheiro e subindo em cima, e dinheiro é espécie em extinção em quase todo lugar. Sim, o orçamento anual da NASA é de US$22,6 bilhões, parece muito comparado com outras agências espaciais, mas eles fazem muita, muita coisa.

Quando Trump se comprometeu a voltar à Lua, passou um cheque que talvez não tenha como cobrir, e se você não entendeu essa metáfora, pergunte para seus pais, millenial maldito. Uma missão lunar como a Apollo já custou caro, algo como a Artemis, que envolve uma estação espacial e uma base, vai sair bem mais caro, mesmo na fase inicial.

No total o Programa Apollo custou US$153 bilhões em valores atuais, espalhados entre 1961 e 1972. Em termos percentuais, o orçamento da NASA mesmo no auge do Programa não chegou a ultrapassar 5% do orçamento federal.

Hoje, quando a NASA é prioridade política e propagandística mas não real, o orçamento da agência é proporcionalmente ínfimo. 0.48% do Orçamento Federal, ou seja: Para cada US$1,00 gasto pelo governo, MEIO CENTAVO vai para a NASA.

Obviamente não sei vai pra Lua com verba assim, mas isso foi pensado, e Trump cancelou ou reduziu a verba de vários projetos de menor utilidade, como pesquisas sobre aquecimento global, monitoramento de queimadas, meteorologia, estudos sobre temperatura dos oceanos e outras bobagens, mas mesmo assim a grana ficou curta.

Parte disso vem da má-gestão de projetos como o Telescópio James Webb, que está TREZE anos atrasado, e de um custo original de US$500 milhões para o lançamento em 2007, já acumula um custo de US$9,66 bilhões, isso se for lançado em 2021. Spoiler: Não vai.

Também tempos o SLS - Space Launch System, o foguete criado para substituir o foguete criado para substituir o Space Shuttle, o Programa Constellation, que levou CINCO ANOS, de 2005 a 2010 até descobrirem que não tinham de onde tirar os US$230 bilhões para bancar uma volta em grande estilo à Lua. Claro, gastaram uns bons US$5 bilhões nisso.

O SLS por sua vez vem enfrentando mais atrasos ainda, mesmo não tendo nada de revolucionário.

A ideia é esticar o tanque laranjão (não é homenagem ao Trump) do Ônibus Espacial, usar dois motores de combustível sólido que são versões também esticadas dos usados no Shuttle, de preferência com anéis de vedação mais eficientes, e a propulsão será feita com quatro motores RS-25, usados no ônibus espacial, também.

A parte cruel é que esses motores maravilhosos são reutilizáveis, voaram dezenas de vezes, foram tratados e cuidados com carinho, passaram por retífica, martelinho de ouro, e depois de um único voo serão jogados fora no mar. Sim, a NASA quer um foguete convencional, daqueles que se usa uma vez só.

Isso, claro, tem um custo, e as estimativas colocam cada lançamento do SLS na casa de US$1 bilhão.

Diante disso tudo a NASA está pensando o impensável: Cancelar um dos lançamentos programados do SLS, a sonda Europa Clipper, que explorará a lua de Júpiter do mesmo nome, mas sem tentar pousar, afinal a regra é clara.

Há conversas de usar um lançador comercial, como o Falcon Heavy da SpaceX. Com isso a economia seria -DSCLP- astronômica. O lançamento está projetado para custar entre US$1 bilhão e US$1,5 bilhões se for como o SLS. Já um Falcon Heavy, em modo 100% descartável (Necessário pra injetar a sonda de 6 toneladas em uma trajetória para Júpiter) custa... US$150 milhões.

Com a conta ainda não fechando, o Governo está propondo US$3 bilhões adicionais para a missão lunar, mas não vai dar nem pro cheiro.

A NASA agora cortou os sonhos de todo mundo, mesmo com discurso otimista explicou com todas as letras que para pousar o próximo homem e a primeira mulher (eles adoram essa frase) na Lua em 2024, precisarão de US#35 bilhões nos próximos quatro anos, adicionais, fora o orçamento. Isso dá US$8,75 bilhões extras, por ano.

Claro, isso seria facilmente conseguido dando uns dias de férias pras tropas no Afeganistão, uma brincadeira que custa US$45 bilhões por ano, e todo o orçamento de defesa dos EUA é de US$639 bilhões por ano. O que é muito mas o Governo dos EUA gasta mais ainda com o sistema de saúde -que todo mundo diz que eles não tem- são US$1,1 trilhões por ano.

Isso tudo vai fazer a NASA ganhar os oito bilhõeszinhos por ano que precisa? Duvido. E isso se Trump permanecer na Casa Branca, se ele perder para um democrata a Missão Lunar vai ser cortada sem dó nem piedade.

Existe uma possibilidade da NASA colocar o pé na Lua em 2024, é a agência engolir o orgulho, engolir o conservadorismo e fazer parcerias com empresas privadas, mais do que está fazendo, contratando projetos específicos. Eles precisam da SpaceX, a única empresa com um projeto de foguete avançado o suficiente para estar voando e qualificado em 2024, e com capacidade de um voo lunar.

Só não espere ver uma Starship pousando. Isso além de ser um golpe forte demais no orgulho da NASA, é tecnicamente inviável, ela não teria combustível para decolar de novo, seria necessário uma missão de reabastecimento, o que tornaria tudo muito mais complicado.

De qualquer jeito, quem viver, verá. 2024 é logo ali.

 

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