Ronaldo Gogoni 4 anos atrás
O Google Fotos permitia que donos do Pixel original, Pixel 2 e Pixel 3 salvassem fotos no serviço em qualidade máxima de forma ilimitada, sem comprometer o armazenamento e consequentemente, ser obrigado a contratar mais espaço. Isso acabou no Pixel 4, seus donos terão que se virar com o armazenamento de fotos com compressão ou comprar mais GBs, como todos os demais donos de dispositivos Android.
No entanto, quem tem um iPhone não está sujeito a essa limitação, graças ao formato proprietário HEIC/HEIF usado nas imagens capturadas pelos aparelhos da Apple.
A situação não é um bug no Google Fotos, mas uma simples decisão de negócios. Ao configurar uma conta, o usuário tem a opção de arquivar imagens de dispositivos móveis automaticamente com compressão, para dessa forma ter espaço ilimitado para suas fotos, ou salva-las no formato original, sem perda de qualidade mas com consumo do espaço contratado.
Para a grande maioria de usuários de celulares e tablets Android, armazenar imagens em qualidade máxima não é tão interessante assim se com o tempo, voc"6 for obrigado a contratar mais espaço ou fazer backup manual das fotos para outros serviços ou drives externos; fotógrafos profissionais preferem câmeras dedicadas e mesmo que possuam celulares capazes de fotografar e salvar em RAW (algo que vem se tornando comum entre os high-end), fazê-lo soa mais como um plano de backup e não é a primeira opção.
Ainda assim, muita gente ficou descontente com a perda da possibilidade de salvar as fotos em qualidade original sem custos, visto que a prioridade do Google é diminuir o espaço ocupado das imagens. Pois esse é o motivo para que os donos de iPhones saiam na vantagem, graças ao formato HEIC/HEIF introduzido no iOS 11.
O formato, desenvolvido pelo grupo MPEG e homologado em 2015, promete fotos com mais qualidade e metade do espaço ocupado por um JPG. Desde o iOS 11 ele é o padrão para captura de imagens nos iPhones e iPads; caso o usuário não altere esses parâmetros e prefira usar o Google Fotos ao invés do iCloud para armazenar suas capturas na nuvem, o serviço simplesmente as guarda e não cobra pelo espaço.
Por quê? Simples: como apontado pelo usuário stephenvsawyer no Reddit, o Google Fotos não tenta comprimir um arquivo HEIC original, porque isso faz com o que a foto resultante ocupe mais espaço do que a original, ao invés de menos. Do ponto de vista de negócios, a Apple permite que o Google poupe muito dinheiro com armazenamento, ao incentivar que seus usuários usem o padrão proprietário em suas fotos.
Resumindo...
Como a ordem do Google é economizar, tirar a mamata do armazenamento sem compressão ilimitado do Pixel 4 e mantê-la para donos de iPhones faz sentido, pois no fim a empresa vai poupar milhões de dólares dos dois lados. Companhias visam o lucro e Mountain View não é besta de negar o recurso aos clientes da maçã e pagar a conta depois.
Se um dia o Google abraçar o HEIF, talvez os próximos Pixel possam voltar a oferecer espaço ilimitado de fotos sem compressão, mas até lá, só quem tem um iPhone vai continuar na sombra.
Com informações: 9to5Mac.
ATUALIZAÇÃO: como bem lembrado pelo leitor Augusto M. Garrucho nos comentários, o Galaxy S10 permite salvar fotos em HEIC/HEIF desde março; assim, o macete de salvar fotos sem compressão no Google Fotos sem limite de espaço também funciona com o celular premium da Samsung.