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O maior roubo de dados da história do Facebook que ajudou a eleger Donald Trump

Investigação revela o grande esquema que envolveu o maior roubo de dados da história do Facebook, que pode ter ajudado Donal Trump a ser eleito presidente dos Estados Unidos e aprovado o Brexit no Reino Unido.

6 anos atrás

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump não vai se livrar tão cedo das acusações de que sua campanha manipulou informações a fim de elegê-lo: segundo recente denúncia a Cambridge Analytica, empresa de consultoria obteve de forma ilegal dados de cerca de 50 milhões de usuários do Facebook, no que está sendo considerado a maior brecha do tipo que a rede social sofreu, de modo a verificar intenções de voto para a última campanha presidencial.

Os jornais The Observer (um braço do The Guardian) e The New York Times revelou uma grande trama que teve origem em 2014, quando um pesquisador ligado à Universidade de Cambridge conseguiu obter uma base de dados do Facebook fazendo uso de engenharia social, utilizando o aplicativo chamado thisisyourdigitallife; este pagava os usuários que respondessem questionários simples e em troca, fornecessem o acesso aos dados de sua conta como localização e curtidas.

O que as pessoas não sabiam é que o app também era capaz de acessar os dados de todos os incluídos em sua lista de contatos, e com apenas 270 mil usuários utizando o app foi possível coletar ilegalmente dados de 50 milhões de usuários do Facebook. O app pertencia à GSR, empresa pertencente ao psicólogo russo-americano Aleksandr Kogan, que obteve permissão do Facebook para fazer a coleta desde que para fins acadêmicos como especificam os Termos de Serviço (aquele caso de manipulação emocional, embora bizarro não violou as diretrizes da rede social); segundo a investigação foram investidos cerca de US$ 800 mil para fazer a coleta.

É aqui que as coisas começam a ficar nebulosas: a Cambridge Analytica, que comprou os dados de Kogan foi fundada em 2013 e tem como um de seus sócios Robert Mercer, bilionário conservador que foi um dos principais investidores da campanha de Trump. Sua filha, Rebecca é membro do conselho e na época do vazamento o vice-presidente da companhia era Steve Bannon, que depois se tornaria o chefe da campanha que venceu as eleições em 2016. Posteriormente ele se tornou o estrategista-chefe e principal conselheiro de Trump na Casa Branca, até ser dispensado em agosto de 2017.

De acordo com o dossiê revelado pelos dois jornais, Mercer investiu US$ 15 milhões no desenvolvimento de uma ferramenta que permitisse conhecer os potenciais eleitores de Trump e influenciar suas decisões, e a grande quantidade de dados conseguida pela Cambridge Analytica permitiu traçar o perfil de cerca de 30 milhões de eleitores; em 2015, quando o Facebook descobriu o vazamento ela deletou o thisisyourdigitallife, responsabilizou Kogan pela violação dos Termos de Serviço e orientou todas as companhias que possuíssem tais dados a elimina-los. Na época a empresa de Bannon e Mercer condordou em fazê-lo mas como Inês é morta, não foi o que aconteceu.

A empresa, comandada pelo britânico Alexander Nix estabeleceu um braço nos EUA para atuar diretamente nas eleições locais em 2016, especificamente na campanha republicana apoiando inicialmente Ted Cruz e depois Trump; os dados também foram utilizados no Reino Unido para influenciar os usuários do Facebook na campanha a favor do Brexit, e há um entendimento que nos dois casos a Cambridge Analytica influenciou enormemente os resultados favoráveis de ambas eleições para seus clientes.

O cenário atual não é bom para ninguém: tanto a equipe de campanha de Trump quanto o próprio Facebook serão investigados segundo Maura Healey, procuradora-geral de Massachusetts; enquanto isso a rede social já baniu a Cambridge Analytica de sua plataforma e a filial brasileira da empresa desistiu de renovar contrato com a matriz, frente às acusações; sabe-se que a empresa prestará consultoria para campanhas no estado da Bahia e também cogita fechar acordos com presidenciáveis, mas não informa quem são esses candidatos nem se fará ou não uso da tal ferramenta.

Fontes: The Guardian e The New York Times (paywall).

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