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FBI vai continuar lutando para ter acesso a dados criptografados

Diretor do FBI James Comey diz que continuará brigando na justiça para agência recuperar acesso a dados móveis, e que criptografia do WhatApp tem atrapalhado seu trabalho.

8 anos atrás

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Edward Snowden não é uma unanimidade. Alguns o chamam de herói, outros de espertinho com acesso ilimitado, mas a verdade é que depois que ele botou a boca no trombone o mundo mudou. Hoje as empresas de tecnologia, cientes que devem manter sua imagem de transparência e honestidade deixaram de ser coniventes com o processo de coleta e monitoração de dados de agências do governo dos EUA, abraçando a criptografia com vontade.

Apple, Google, Microsoft, Facebook, WhatsApp, Viber, a lista é extensa mas não inclui a BlackBerry. Já a Amazon… bem, Jeff Bezos além de mala é um hipócrita.

Claro que isso não agradou quem está do outro lado da equação. NSA, CIA, GCHQ e outros órgãos de segurança mundo afora estão fulos nas calças com o fato de terem sido postos para fora. Dentre esses o mais descontente com o cenário atual é o diretor do FBI James Comey. Ele já vociferou várias vezes que deixar os órgãos de segurança sem acesso aos dados dos usuários, o que eles conversam ou deixam de compartilhar é inadmissível como também deseja que as empresas instalem portas da frente, nem quer backdoors.

A última pendenga foi o rolo com a Apple, no caso do celular dos terroristas de San Bernardino. No fim a maçã bateu o pé, não deu o acesso aos dados e o Bureau teve que se virar com a Cellebrite, uma empresa de segurança israelense que teria quebrado a segurança do iPhone 5c em questão. Só que ele não é o único aparelho na fila e há outros tantos que são peças-chave em vários casos correndo na justiça, entre outras coisas.

Só que operações independentes custam caro. O FBI gastou US$ 1,3 milhão no iPhone 5c de San Bernardino, as agências não possuem dinheiro infinito para queimar com a Cellebrite e pelo visto não desejam eles próprios quebrarem a cabeça para desenvolverem ferramentas próprias, o que chega a ser ridículo. Daí continuam a bater nas empresas: em declaração recente Comey disse que o FBI vai continuar pressionando as companhias para que essas se atenham à lei e cooperem com as investigações, ou seja quebrem sua própria criptografia e entreguem as chaves para a agência. Como a BlackBerry fez.

O diretor do FBI diz que de outubro de 2015 para cá cerca de 4 mil smartphones bloqueados foram analisados, mas não tiveram sucesso em acessar as informações de em torno de 500 deles. É uma taxa de insucesso muito grande para aceitarem calados. Comey aproveitou para dizer que a recente implantação da criptografia ponta a ponta no WhatsApp está atrapalhando muito seu trabalho, embora tenha declarado não ter interesse em processar o Facebook. Ao menos por enquanto, creio eu.

O que Comey e o FBI farão: mais pedidos de desbloqueio de smartphones e serviços serão levados à justiça e dado o caso recente, é certo que a corte dos EUA irá ficar do lado do órgão e tentará forçar as empresas a se adequarem. A Apple resistiu o quanto pôde, mas não se sabe se será sempre assim. O próximo presidente poderá mexer uns pauzinhos e aprovar leis que obrigam as empresas a se submeterem às agências. Donald Trump já sinalizou ser favorável a tal medida.

O futuro é nebuloso. As empresas de tecnologia com certeza continuarão resistindo, não querem complicar sua imagem junto a seus usuários e os órgãos de segurança continuarão forçando a barra. O ideal seria que Apple, Google e cia. fortalecessem cada vez mais suas defesas e FBI, CIA e outros trabalhassem para desenvolver ferramentas tão cascudas e caras que só seriam viáveis em último caso. Só que as coisas podem mudar nos próximos meses, dependendo de quem suceder Barack Obama na Casa Branca.

Fonte: Reuters.

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