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Conciliar ciência e fé é possível?

Conciliar ciência e fé sempre foi difícil. Seria hoje justificável? Uma pesquisadora evangélica conseguiu.

9 anos e meio atrás

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É preciso fé no divino pra mover o rabo do lugar? Não, não é.

Fato: a maior parte das pessoas percebe a Ciência e a fé como dois campos opostos em uma luta eterna uma contra a outra. E essa batalha parece ficar mais e mais árdua a medida que os tópicos que geram desacordo se multiplicam dia após dia.

Enquanto o lado científico aponta dados, teorias, evidências e modelos, o outro grita Bíblia, revelação divina e liberdade de crença pessoal. E parece que isso nunca poderá ser completamente conciliado.

Este petardo veio de uma Ph.D. em física e ciência atmosférica, comprovando mais uma vez que diploma não poupa ninguém de idiotice (™ Ronaldo). Vamos a ele:

Eu sou uma cientista. Eu tenho uma licenciatura em física e um doutorado em ciência atmosférica. Eu estudo as mudanças climáticas. O meu trabalho baseia-se em evidências científicas — observações, princípios físicos, experiências e modelos. Eu também sou cristã. Eu acredito que o universo existe por causa de alguém maior do que nós, que — como a Bíblia nos diz — o fez começar.”
 
Vejo a Ciência e a fé como dois lados da mesma moeda. Cada um deles nos fornece algo que não se pode obter a partir de outro. E quando discordam, geralmente é porque estamos interpretando um, ou o outro, de maneira restritiva demais.”
 
No futuro, com mais informações — como no caso de Galileu, onde a ciência era verdade, ou a teoria do ‘universo estático’ de 1700, onde os teólogos estavam mais perto da realidade — que podem, eventualmente, ser capazes de preencher esse abismo e se encontrarem no meio. E nesse meio tempo, um pouco de humildade e vontade de discordar com respeito e compreensão, pode nos guiar ao longo do caminho.”
 
O livro de Hebreus nos diz que ‘a fé é a convicção em fatos que não se vêem’. Por definição, a ciência é exatamente o oposto disso. A Ciência é a prova das coisas que são vistas, observadas, documentadas, quantificadas e medidas.”
 
Na minha área de mudanças climáticas, a ciência pode nos dizer que temos um problema: o clima está mudando. A ciência pode nos dizer por que isso está acontecendo: somos nós. A ciência pode mesmo nos dizer qual é o resultado de diferentes escolhas: se continuarmos a depender dos combustíveis fósseis como fonte primária de energia, os impactos serão muito graves e até mesmo perigosos; se reduzirmos nossas emissões e fizermos a transição para combustíveis não-fósseis, os impactos ainda serão graves, mas será mais fácil de se adaptar.”
 
Mas a ciência não pode nos dizer o que devemos fazer sobre isso (estava indo tão bem). Esse é um julgamento de valor. Quanto é um risco muito grande? Quanto sofrimento é justificado em nome do ganho econômico de curto prazo? Para muitos de nós, os nossos valores vêm de nossa fé, e o valor central da fé cristã é amar os outros como Cristo nos amou, ao nosso Deus com todo nosso coração e ao nosso próximo como a nós mesmos. Hoje, quando olhamos para o impacto que nossas escolhas energéticas estão tendo em todo o mundo, é evidente a partir de nossos valores  que não fazer nada sobre a mudança climática ou, pior ainda, recusar-se a reconhecer a realidade deste problema é 100% inconsistente com a nossa fé.”
 
A Ciência me diz que a mudança climática é real, que está nos afetando, aqui e agora, e que nossas escolhas de hoje trazem conseqüências enormes para o nosso futuro. É a minha fé, porém, que me mantém no caminho certo, dia após dia. Uma fé que motiva a esperança de um futuro melhor, e o amor para com as pessoas e para o mundo que Deus criou.”

A dona Katherine Hayhoe enviou esta missiva à revista Popular Science em resposta a outro post sobre Bill Nye. Me parece que por mais bem intencionada que ela pareça, ela confunde conceitos e deixa a própria fé distorcer sua visão de mundo. Para ela está implícito que a pessoa tem que ter alguma crença para ter valores. Não existe argumento mais falacioso do que isso.

Valores são intrínsecos aos seres humanos enquanto criaturas pensantes, sejam eles bons ou ruins, e independem de fé ou crença. Ela argumenta que a crença (dela) é que a faz perceber que existem coisas erradas e agir contra aquilo. Mas, não é por que uma pessoa não tem fé em Deus (ou em qualquer coisa) que não sabe que existem esses problemas. Ninguém é imoral por não acreditar em Deus.

Mais, só a Ciência pode ajudar a buscar caminhos alternativos pra tentar compensar esses problemas. Aliás, no que tange ao aquecimento global os cientistas estão carecas de saber o que deve ser feito, só não é feito porque é economicamente inviável, por que as pessoas pensam no dinheiro, independente de ter fé, crença ou não.

Ela mistura conceitos, generaliza, pensa que a força motriz para a mudança só pode advir de poder divino e faz uma confusão absurda no final das contas. De minha parte, sou daqueles que acha que se existe um Deus, já tivemos provas o suficiente de que ele está pouco se lixando pra humanidade, não tem influência nenhuma sobre nada.

São as pessoas e seus valores (sejam eles advindos da fé ou da Ciência), capacidade de assumir a responsabilidade sobre seus atos e questionar o mundo ao seu redor, que influenciam as próprias vidas e os acontecimentos e em última instância, também o que acontece com nosso planeta.

E você, o que acha disso tudo?

Fonte: PS.

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