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The Rogue Prince of Persia — Reinvenção

The Rogue Prince of Persia é mais uma mudança profunda para a franquia criada por Jordan Mechner e que novamente mostra como ela é maleável

02/07/2024 às 10:06

Quando Jordan Mechner lançou um jogo chamado Prince of Persia, ele nos apresentou a um título que se tornaria extremamente influente. Trinta e cinco anos, e vários capítulos depois, a franquia deu diversas demonstrações de como se reinventar e com o recente The Rogue Prince of Persia, fica claro como a marca ainda tem muito para entregar — e muito para nos divertir.

The Rogue Prince of Persia

Crédito: Diulgação/Evil Empire/Ubisoft

A primeira grande mudança vivida pela marca aconteceu em 1999, quando a Mindscape a levou para as três dimensões. Foram precisos mais quatro anos até que a Ubisoft lançasse o espetacular Sands of Time, iniciando uma nova linha do tempo e revitalizando a franquia. Aquele jogo deu origem a diversas continuações, até que com o lançamento do The Forgotten Sands em 2010, a série seria deixada de lado.

Infelizmente os fãs tiveram que esperar quase uma década e meia para colocar as mãos em um novo jogo, mas a espera valeu a pena. Ao se arriscar pelo campo dos metroidvanias, Prince of Persia: The Lost Crown se mostrou um ótimo recomeço e tudo indicava que, a partir dali, aquele seria o caminho que continuaria sendo explorado. Ledo engano.

Rumores de que mais um capítulo estava sendo produzidos começaram a circular pela internet e um detalhe chamava a atenção. Dessa vez o desenvolvimento ficaria sob a responsabilidade do Evil Empire, estúdio formado por ex-funcionários da Motion Twin e isso fez muitas pessoas associarem o suposto projeto ao principal título daquela empresa, o Dead Cells. Pois elas estavam corretas.

The Rogue Prince of Persia

Crédito: Diulgação/Evil Empire/Ubisoft

Disponibilizado como em acesso antecipado, assim como aconteceu com o jogo que colocou a desenvolvedora francesa em evidência, desde o seu título The Rogue Prince of Persia faz questão de evidenciar sua principal característica: estamos falando de um roguelike.

Embora eu já tenha declarado o quanto estou farto de jogos nesse estilo, por ser um apaixonado pela franquia Prince of Persia e por adorar o Dead Cells, estava bastante curioso para ver se a Evil Empire conseguiria juntar esses dois mundos. Essa seria mais uma tentativa de aproveitar uma marca tão conhecida de uma maneira bastante diferente e o risco de errar me parecia muito grande.

Assim como no jogo que o inspirou, em The Rogue Prince of Persia o protagonista também terá acesso a duas armas, uma de curta e outra de longa distância. Porém, o príncipe possui uma mobilidade muito maior que o Prisioneiro, graças aos vários movimentos de parkour que se tornaram padrão na série.

The Rogue Prince of Persia

Crédito: Diulgação/Evil Empire/Ubisoft

Isso faz com que a jogabilidade seja sensivelmente diferente daquela encontrada no Dead Cells, me lembrando mais o que tivemos no metroidvania Strider, lançado pela Capcom em 2014. Ou seja, aqui tudo acontecerá num ritmo bastante acelerado, com a habilidade do príncipe de andar pelas paredes tornando o deslocamento pelos cenários algo ágil e muito divertido.

Isso também acaba influenciando nos combates, pois além dos golpes normais, ainda poderemos chutar os inimigos e saltar sobre eles para desviar de seus ataques. Contra um ou dois monstros esses confrontos acontecerão de forma tranquila, mas quando tivermos vários deles na tela, às vezes com cada um realizando um golpe diferente, poderemos ser derrotados em segundos.

E será nessas situações em que o The Rogue Prince of Persia mais se destaca. Com treino (e um pouco de reflexo) conseguiremos realizar esquivas, nocautes e dar conta de pequenas legiões, fazendo com que as lutas pareçam um visceral balé. Contudo, qualquer deslize colocará tudo a perder, numa demonstração de que o jogo constantemente exige nossa total atenção.

Crédito: Diulgação/Evil Empire/Ubisoft

Em relação a como a progressão acontecerá, se você jogou Dead Cells, se sentirá em casa com o The Rogue Prince of Persia. Como todo bom roguelike/roguelite, aqui a persistência será recompensada, com o nosso personagem se tornando cada vez mais poderoso. Isso acontecerá através da coleta de itens conhecidos como Spirit Glimmers, que após serem depositados em um braseiro, poderão ser usados em nosso acampamento para liberar vantagens permanentes.

Já durante as incursões pelas fases, que vale dizer, são geradas aleatoriamente, poderemos encontrar armas e medalhões que nos tornarão mais fortes. No caso dos medalhões, eles nos concederão habilidades únicas, como gerar uma poça grudenta ao chutarmos um inimigo ou recuperar um pouco de nossa energia sempre que quebrarmos a proteção de um deles.

Essas habilidades podem ser amplificadas ao as conectarmos a outras parecidas e assim teremos que decidir quais medalhões usar ou em que posição o ativar. Não é um sistema complexo e como acontece no Dead Cells, se formos derrotados perderemos tudo o que não tiver sido desbloqueado com os Spirit Glimmers e teremos que recomeçar a progressão.

Esse sistema pode parecer muito punitivo, mas não será novidade para quem está acostumado com roguelikes. Além disso, a frustração de perdermos uma progressão será compensada pela sensação de conquista ao avançarmos por um lugar ou chefe em que antes fracassamos, o que torna a jogabilidade bastante viciante.

Crédito: Diulgação/Evil Empire/Ubisoft

Outra semelhança fácil de perceber entre o Dead Cells e o The Rogue Prince of Persia é a parte visual. Mesmo com o primeiro apostando na pixelart e o segundo em gráficos pintados a mão, a impressão com ambos é de estarmos assistindo a uma animação, com os tons pastéis e a movimentação fluída dos personagens casando perfeitamente com a franquia criada por Mechner.

Os cenários são variados, mesmo existindo pouco deles por enquanto e aqui vale especular sobre o futuro. Como mencionado anteriormente, o jogo se encontra como em Acesso Antecipado e a promessa é de que muito conteúdo seja adicionado com o tempo e que mudanças também ocorram.

Considerando o passado da Evil Empire/Motion Twin e o quanto o Dead Cells evoluiu com o passar dos anos, podemos esperar que o The Rogue Prince of Persia se tornará muito mais interessante que aquilo disponível atualmente. Até porque, segundo seus criadores, a ideia de lançar um produto desta forma é poder “trabalhar com a comunidade para criar a melhor versão possível do jogo,” e daqui a um ano, quando sua versão 1.0 deverá estar disponível, a expectativa da equipe é que a quantidade de conteúdo tenha dobrado.

Veremos se esse objetivo será alcançado, mas com o que temos em mãos no momento está claro que a desenvolvedora sabe o que está fazendo e mesmo com as mudanças imposta pelo gênero, o legado de Mechner foi respeitado.

Num primeiro momento, confesso ter achado que o The Rogue Prince of Persia seria apenas um Dead Cells com uma nova roupagem, mas ele é muito mais do que isso. É uma nova aventura para um príncipe que não cansa de se reinventar e que em um típico “Dia da Marmota”, felizmente segue com seu folego interminável.  

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