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Shin Megami Tensei V: Vengeance — Vingança? Não, redenção!

Descrito como a versão definitiva do Shin Megami Tensei V, Vengeance é um JRPG com ótimo sistema de batalha, enredo interessante e muito, mas muito conteúdo

17/06/2024 às 10:07

Após tantos anos dedicados aos videogames, há duas coisas que eu aprendi. A primeira é que, por mais adorada que uma franquia possa ser, isso não significa que gostarei dela. Já a segunda é que sempre que admitir isso, os fãs ficarão revoltados e não pouparão ofensas. E foi com essas percepções em mente que comecei a jogar o Shin Megami Tensei V: Vengeance.

Shin Megami Tensei V: Vengeance

Crédito: Divulgação/Atlus

Estreando no Nintendinho japonês e alguns computadores da época com o nome Digital Devil Story: Megami Tensei, a série deu origem a diversos capítulos e algumas subséries, com a Persona sendo a mais famosa delas.

Mesmo sempre tendo ouvido muitos elogios a ela, meu primeiro contato com a franquia só aconteceu no PlayStation 2, quando joguei algumas poucas horas do Shin Megami Tensei III: Nocturne. Por algum motivo que não recordo acabei deixando aquele jogo de lado e só recentemente resolvi dar uma chance ao Persona 3 Reload, que não conseguiu me conquistar.

Logo, por se tratar de séries tão ligadas, eu tinha um certo receio de me decepcionar com o Shin Megami Tensei V. Mesmo assim, há alguns meses resolvi aproveitar uma promoção e comprei o jogo para o Nintendo Switch, mas sem tempo para experimentá-lo, ele ficou aguardando na estante. Pouco depois chegou a notícia que a Atlus relançaria esse capítulo e com a desenvolvedora me dando a oportunidade de conhecer esta versão, aceitei o desafio.

Shin Megami Tensei V: Vengeance

Crédito: Divulgação/Atlus

Servindo como uma versão melhorada do original, Shin Megami Tensei V: Vengeance traz gráficos mais bonitos e diversas novidades de qualidade de vida em relação àquela exclusiva para o híbrido da Nintendo e para os brasileiros, a principal dela é uma muito bem-vinda localização para o português.

Por se tratar de um jogo com tantos textos e onde a mecânica de captura de monstros se dá basicamente através de conversas, onde precisamos escolher as repostas corretas, saber exatamente o que estamos dizendo é muito importante. Além disso, nele teremos uma infinidade de itens, diálogos e até mesmo descrições dos monstrinhos, e como pela primeira vez a franquia aparece no nosso idioma, isso é algo que merece ser celebrado.

Vengeance também traz dois caminhos para seguirmos na história, o Cânone da Criação e o inédito Cânone da Vingança. Com a duração de cada um girando na casa de 80 horas, o segundo ainda traz monstros inéditos, mas ambos contarão com áreas que não estavam presentes na versão anterior. Logo, conteúdo é o que não faltará para quem encarar o jogo, ainda mais com a grande quantidade de missões paralelas que encontraremos pelo caminho.

Crédito: Divulgação/Atlus

Eu ainda tenho muito a conhecer da campanha do Shin Megami Tensei V: Vengeance, mas o que vi até agora foi suficiente para me conquistar. O primeiro bom sinal me foi dado logo após sair da escola, quando escolhemos por qual cânone seguir. Embora neste jogo também tenhamos um aluno como protagonista, não há tanto foco em sua vida social, com o enredo parecendo menos o de um anime e nos entregando uma atmosfera mais sombria que a do Persona 3 Reload.

Ao chegar em Da'at — versão pós-apocalíptica de Tóquio — seremos colocados para explorar o deserto que a cidade se tornou e lá conheceremos duas das principais qualidades do jogo: a coleta de monstros e as batalhas.

Quase sempre baseados em mitos e folclores de várias regiões, os monstrinhos possuem um visual um tanto caricato e que até destoam um pouco do tom mais sério do enredo. Porém, isso não faz deles menos interessantes e como cada criatura conta com exigências aleatórias para serem capturadas, a caçada nunca se torna entediante.

Então, a partir de um certo ponto conheceremos uma personagem que tornará o ato de colecionar os monstros ainda mais interessantes. Nela será possível tanto fundir dois monstros para criarmos um novo, quanto transferir as habilidades de um para o outro. Isso permite termos criaturas únicas, que inicialmente contavam, por exemplo, só com magia de fogo e com o tempo poderá disparar raios, gelo e qualquer outro golpe que quisermos.

Crédito: Divulgação/Atlus

Pois isso nos leva ao segundo aspecto que mais gostei no Shin Megami Tensei V: Vengeance, que são suas batalhas. Permitindo que tenhamos três monstros na nossa equipe, além do protagonista, os confrontos girarão em torno das fraquezas e resistências dos inimigos e dos personagens que controlamos.

Assim, um monstro pode ser resistente ao fogo, mas fraco contra gelo. Ser bastante machucado por ataques baseados em eletricidade, mas quase não sofrer dano quando atingido pela escuridão. E como sabemos como cada um reagirá contra os ataques? Simplesmente os enfrentando. Ao encontrar um monstro desconhecido, o ideal é usar cada elemento, para desta forma saber quais os ataques mais eficazes.

Um detalhe importante neste anabolizado sistema de pedra, papel e tesoura é que cada vez que um inimigo for acertado com um elemento em que ele for vulnerável, o personagem que o atacou ganhará um novo turno após o fim da rodada. Logo, desde que tenhamos monstros capazes de usar tais magias, um confronto pode ser resolvido sem que o inimigo reaja.

Eu só fui ter a exata noção disso quando me deparei com o primeiro grande chefe do Shin Megami Tensei V: Vengeance, várias horas após iniciar a campanha. Antes de encontrá-lo, um personagem que conheci me avisou do perigo iminente e que o ideal seria aumentar o meu nível para ter alguma chance. Mesmo assim resolvi encará-lo e obviamente fui derrotado.

Crédito: Divulgação/Atlus

Contudo, aquele confronto me deixou com a sensação de que poderia ser vencido e após realizar algumas mudanças na minha equipe, fazendo com que cada monstro tivesse o elemento que o enorme monstro era vulnerável, tentei novamente e daquela vez o resultado foi outro.

Ali ficou claro como as batalhas em Shin Megami Tensei V: Vengeance contam com um belo elemento estratégico, com o grande diferencial não sendo tanto o nosso nível, mas os seres que nos acompanham e as habilidades que eles carregam consigo. Porém, não pense que não será preciso realizar algum grinding de tempos em tempos, afinal, estamos falando de um típico JRPG aqui.

Apesar desse elemento, que sempre me pareceu uma maneira preguiçosa de inflar a duração de um jogo, por enquanto o jogo tem evoluído num ótimo ritmo, com o desejo de encontrar mais monstros para a minha equipe e o mistério no enredo me fazendo querer continuar jogando.

Por se tratar de um título com tão longa duração, é possível que essa sensação de descoberta acabe após algumas dezenas de horas, mas por enquanto não estou preocupado com isso. Até o momento, quero aproveitar a viagem, ver o meu Nahobino (mistura de humano com demônio) se tornar cada vez mais poderoso e tentar capturar cada criatura que encontrar pelo caminho — são mais de 270!      

Em sua essência, talvez nem exista muita diferença entre as séries Megami Tensei e Persona, mas o fato é que enquanto encarar uma foi quase um martírio, a outra tem me feito continuar pensando na aventura mesmo quando estou longe do videogame.

Shin Megami Tensei V: Vengeance

Crédito: Divulgação/Atlus

Assim como acontece com qualquer outra forma de arte, aproveitar ou não um jogo depende muito da bagagem cultural que carregamos conosco, do atual estado de espírito em que estamos e claro, do gosto pessoal. Isso não significa que um título que não gostamos seja necessariamente ruim, nem que outro que adoramos seja a melhor experiência interativa já criada.

Mesmo que a comparação seja válida, ao afirmar que me diverti mais com o Shin Megami Tensei V: Vengeance que com o Persona 3 Reload, de forma alguma estou menosprezando o segundo, muito menos atacando seus admiradores. Talvez aquela não fosse a melhor porta de entrada para a série, talvez as evoluções implementadas no primeiro tenham feito com que ele fosse mais palatável...

De qualquer forma, o bom é que hoje temos acesso relativamente fácil e algo que num passado mais remoto provavelmente ficaria restrito ao Japão, inclusive com ambos estando localizados para o nosso idioma.

SMTV:V ainda conseguiu me fazer perceber que, embora há alguns anos eu tenha virado as costas para os RPGs com batalhas por turnos, títulos como ele estão me fazendo mudar de opinião. Quando bem implementado, esse sistema pode ser tão ou até mais divertido que os confrontos voltados para a ação, com alguns encontros exigindo estratégia, paciência e uma pitada de sorte. E a criação da Atlus entrega tudo isso.

Após me decepcionar com a tentativa de ser conquistado pela Persona, a série que lhe serviu como origem conseguiu isso e acho que já posso dizer que encontrei um novo amor. Mesmo sabendo que o Shin Megami Tensei V: Vengeance ainda me manterá entretido por muitas horas, estou convencido de que o próximo passo será dar uma nova chance ao terceiro capítulo, mas dessa vez através do Shin Megami Tensei III Nocturne HD Remaster.

PS: entre as melhorias presentes em Vengeance, está a possibilidade de salvar o progresso em quase qualquer lugar; uma área em que podemos conversar com os monstros que capturamos, o que poderá nos render itens e melhorias no status; uma câmera aérea que nos permitirá ter uma melhor visão do cenário; e atalhos que, após descobertos, nos permitirá realizar viagens rápidas pelo mapa.

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