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Estamos prestes a receber nosso primeiro visitante interestelar

Um objeto muito estranho foi captado por um telescópio no Hawaii. É provavelmente um asteróide, mas sua órbita indica que ele veio de outro sistema solar, e vai passar pelo nosso, seguindo sua viagem cósmica.

6 anos atrás

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No clássico de Arthur Clarke Encontro com Rama, a Humanidade é surpreendida por um objeto de vários quilômetros de comprimento, em uma trajetória hiperbólica que a fará passar perto do Sol, acelerando e saindo do Sistema Solar. Logo descobre-se que o objeto é uma nave alienígena, indiferente a nossas tentativas de contato.

O mesmo tipo de trajetória da sonda Sideronauta, no também excelente livro de Clarke As Fontes do Paraíso. Aqui a sonda, com vários metros de comprimento é bem mais conversadeira, analisando as transmissões de TV da Terra, respondendo a quase todas as perguntas, mesmo as cabeludas. Um trechinho:

Aliás, com relação a esse ponto, Sideronauta não tinha competidores entre os especialistas em lógica da Terra. Isso se devia, em parte, ao erro do Departamento de Filosofia da Universidade de Chicago. Numa monumental prova de arrogância, havia clandestinamente transmitido, na íntegra, a Summa theologica, com resultados desastrosos…

“02 junho 2069; 19:34. Mensagem 1946, seqüência 2. Sideronauta para Terra:

Analisei os argumentos de São Tomás de Aquino, como foi solicitado em sua mensagem 145, seqüência 3, de 02 junho 2069, 18:42. A maior parte do conteúdo parece ser um ruído aleatório desprovido de sentido, e portanto vazio de informação, mas a lista que se segue relaciona 192 falácias expressas na lógica simbólica de sua matemática de referência 43, de 29 maio 2069, 02:51.

Falácia 1…” (Seguia-se uma lista de computador de setenta e cinco páginas.)

As indicações de horário revelam que foi preciso menos de uma hora para Sideronauta demolir São Tomás. Embora os filósofos passassem as décadas seguintes discutindo aquela análise, só encontraram nela dois erros; e mesmo aqueles poderiam ter sido causados por uma má interpretação da terminologia.”

A idéia de um visitante inteligente é por demais excitante, mas algo quase tão bom aconteceu: no dia 19 de outubro o telescópio Pan-STARRS, no Hawaii, descobriu um objeto muito estranho. Batizado provisoriamente de A/2017 U1, ele está se movendo muito rápido, caindo em direção ao Sol a mais de 36 km/s.

Quando chegar ao periélio, passará colado ao Sol e estará a pelo menos 87,8 km/s, ou 316 mil km/h. Isso é mais que suficiente para se livrar das garras do Sol, seguindo em direção ao espaço interestelar.

Ninguém faz idéia de onde o A/2017 U1 veio, ele provavelmente não veio do Cinturão de Kuiper, uma área de asteróides que começa mais ou menos na Órbita de Netuno e se estende até umas 40 Unidades Astronômicas (longe bagarai).

A inclinação do objeto é grande demais, 122 graus, maior do que tudo que já foi identificado no Sistema Solar. O mais provável é que ele seja originário da constelação de Lira, a pelo menos 25 anos-luz de distância. O que quer dizer que o objeto iniciou sua viagem 197.236 anos atrás.

Ele chegou a uma distância mínima da Terra de 24 milhões de km em 14/10/2017, e agora está deixando o Sistema Solar. Sabemos muito pouco. Ele tem 160 m de comprimento, e é bem vermelho. Está se dirigindo à constelação de Pégaso.

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As chances de algo assim acontecer são infinitamente pequenas, mas como o Universo é infinitamente vasto e bilhões de anos são bilhões de anos, uma hora um encontro desses tinha que acontecer. Uma pena que não aconteceu uns 200 anos mais tarde, quando teríamos tecnologia para abordar o objeto, desacelerá-lo até que entrasse em órbita solar, e então teríamos um verdadeiro asteróide de outro sistema solar, pronto para ser estudado.

Claro, não é impossível que em vez de um asteróide, o objeto seja realmente uma nave-colônia, levando milhares de colonos convertidos em informação digital, apenas para serem recriados por nanorobôs quando chegarem a seu destino, e o Sistema Solar foi apenas uma escala, usada para ganhar mais velocidade e uma mudança de direção.

No devido tempo saberemos.

Fonte: IAUH.

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