Carlos Cardoso 5 anos atrás
Star Trek ficou fora do ar por muito tempo, tempo demais. Mesmo com o sucesso do reboot de JJ Abrams, a franquia só voltou para a TV em setembro de 2017, e o mundo precisa de Star Trek, mas qual Star Trek?
Os trekkers adoram dizer que Star Trek é sobre exploração, filosofia, mas na real todo mundo adorou a batalha da Federação contra os Klingons em Deep Space Nine ou a Voyager chutando bundas Borg com tecnologia do futuro.
Ação sempre fez parte de Star Trek, e os filmes sempre refletiram isso. Primeiro Contato e A Ira de Khan são excelentes filmes de ação que só possuem um conteúdo mais “filosófico” na mente dos trekkers, que preenchem as lacunas. Por isso o estranhamento que vários sentiram com o Star Trek de 2009, que é um típico Star Trek de ação mas sem a bagagem emocional que estavam acostumados.
Discovery veio para trazer essa bagagem, mas é uma série muito diferente da Trek clássica. Muito mesmo, parecia uma série passada no Universo do Espelho, até os episódios no Universo do Espelho salvarem a temporada. É Star Trek? Sim, mas nas palavras de Spock, “de um tipo que nunca vimos antes”.
Isso causou diversas brigas internas, com Bryan Fuller saindo antes da série estrear, e Aaron Harberts e Gretchen Berg levando um pé na bunda no final da temporada. Para salvar o dia entra Alex Kurtzman, co-criador de Discovery, roteirista do filme de 2009 entre outros e trekker de carteirinha.
Discovery teve momentos sublimes e momentos vergonhosos. Pior do que botar o médico gay só para ganhar pontos de lacração, só matar o personagem de forma idiota. A personagem principal passou quase toda a temporada tentando ser odiada pelos colegas de trabalho e pelo público, trabalho que fez magistralmente. Quando um personagem faz questão de demonstrar que gostaria de estar em qualquer outro lugar, o público acaba compartilhando da idéia.
Mesmo assim no final de Discovery a série deu uma boa revigorada, e pra quem quer Trek clássica The Orville cumpre o papel magistralmente. Kurtzman irá diminuir a lacração, resgatar o tom épico e ao mesmo tempo intimista e dar uma subida na bola de Discovery. Agora, uma notícia melhor ainda:
Ele assinou um contrato com a CBS ampliando em cinco anos sua participação em tudo que se refere a Star Trek. Isso significa que ele poderá criar novas séries, mini-séries, animações, todo tipo de conteúdo relacionado à franquia desde que não seja cinema, onde a Paramount detém os direitos (a briga é complicada).
Jornada nas Estrelas se beneficia de diversos pontos de vista, IDIC — Infinita Diversidade em Infinitas Combinações é um dos lemas básicos da filosofia de Roddenberry. Quanto mais séries, melhor. Que criem uma série para quem odiou Discovery, que surjam aventuras em podcasts e mais e mais livros sejam publicados. O que não dá é a gente ficar de novo 12 anos sem Star Trek.