Carlos Cardoso 5 anos atrás
Em 1945 o cientista e autor de ficção científica Arthur Clarke publicou um paper de título “Extra-Terrestrial Relays — Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?”. Nele havia a idéia de estações espaciais com astronautas cuidado de equipamentos de rádio, recebendo e transmitindo sinais para o mundo todo.
Clarke se baseou no conceito de que a uma determinada altitude a velocidade de um satélite equivale à velocidade de rotação da Terra, então ele permanece aparentemente “parado” em relação a um ponto em terra. Não é diferente de dois carros a 80 km/h, paralelos.
Com a evolução da eletrônica, não foi mais preciso construir estações imensas e tripuladas, satélites cumprem bem essa função, e a órbita geoestacionária, um anel a 35.786 km acima do Equador é chamada de Órbita de Clarke.
Quando um satélite em órbita geoestacionária chega no fim de sua vida útil ele é movido para uma órbita-cemitério mais alta, mas espaço não falta, estamos falando de uma órbita com mais de 265 mil km de circunferência, então a tendência é ela ser enchida de satélites.
É com isso que o astrofísico Hector Socas-Navarro está contando.
Em um paper publicado no The Astrophysical Journal, ele calcula que o telescópio espacial TESS — Transiting Exoplanet Survey Satellite será capaz de detectar Exocinturões de Clarke, o conjunto de satélites em órbita estacionária em volta de exoplanetas.
A TESS na verdade é uma sonda com quatro telescópios que vai vasculhar o céu inteiro e tem capacidade de detectar planetas do tamanho da Terra. Isso mesmo, agora a coisa ficou séria, e por dois anos no mínimo, o universo será vasculhado.
De sua órbita a 373 mil km no apogeu, a TESS terá condições não só de estudar 500 mil estrelas, como também poderá detectar a presença de satélites artificiais.
Segundo Hector Socas-Navarro civilizações no estágio da nossa não seriam detectadas, mas com a tecnologia atual da TESS já seria possível detectar cinturões de Clarke de raças equivalentes à nossa por volta do ano 2200, quando teremos uma quantidade significativa de satélites na órbita geoestacionária. Por um lado é até bom, trabalhar pra pobre é pedir esmola pra dois e de que adianta achar uma civilização com os mesmos problemas que a gente?
Muito melhor detectar um pessoal mais avançado, que vai nos ensinar a construir um Interócito.
Se tudo der certo a TESS será lançada dia 20 de março por um Falcon 9.