Carlos Cardoso 7 anos e meio atrás
A Guiana não é um país rico. Tem o 153º PIB do mundo, fica entre a Eritreia e o Burundi. São US$ 2,3 bilhões, sendo que a maior atividade econômica do país é tirar leite de formiga. São 735 mil habitantes, a maioria indígenas. O país leva uma vida relativamente calma, fazendo fronteira com Brasil, Venezuela e Suriname.
Sua Força de Defesa, que consome 1% do PIB compreende dois aviões de transporte e três helicópteros. Sua força terrestre tem 18 blindados de origem brasileira, Urutus e Cascavéis. A Marinha, melhor nem falar.
Isso é altamente inadequado para proteger o país de seu maior inimigo: garimpeiros e lenhadores ilegais, que invadem as terras indígenas impunemente. O governo pede que os índios informem da presença dos invasores, e eles o fazem, usando celulares com GPS e câmeras digitais.
Uma das tribos mais afetadas são os Wapichan, e muitas vezes é difícil ver do solo a extensão do desmatamento. Agora eles estão conseguindo essas informações graças a uma tecnologia cada vez mais popular: drones.
Utilizando tutoriais no YouTube e apoio de uma ONG os próprios nativos estão aprendendo a construir drones e operá-los. A capacidade de improviso está sendo testada, até palito de sorvete foi usado. Cordas de arcos serviram para trançar cabos de controle, e depois das primeiras versões agora os drones deles voam sozinhos, usando uma solução Open Source, com alcance de 50 km.
Uma câmera doada pela GoPro faz fotos em alta resolução a cada 2 s, e transmite vídeo em tempo real para uma estação de controle.
We Built a Drone from Digital Democracy
O resultado do trabalho dos caras, digitalizado e renderizado é impressionante. Melhor que muita coisa produzida por drones e operadores profissionais.
Sholinab Village flyover from Digital Democracy
Este é um exemplo excelente de como é muito mais produtivo entender e abraçar a tecnologia, do que bancar o ludita, desconfiar e rejeitar tudo que é novo. Se esses nativos fossem como os idiotas que chilicam quando escutam “drone” achando que são puras máquinas de matar, os únicos beneficiados seriam os invasores de suas terras.
Fonte: Quartz.