Matheus Gonçalves 9 anos e meio atrás
Eu me lembro muito bem do ano de 1998, quando eu tinha 16 anos e começava a colecionar minhas primeiras e pequenas bibliotecas de MP3. Sim, colecionar. Conseguir cada música demandava horas entre pesquisas por sites obscuros e downloads que pareciam uma eternidade.
Foi quando um irmão me apresentou. Era viciante, alucinante, eu queria usar toda hora. Poderia ser cocaína, mas era o Winamp (pois eu sempre tive muitos bons amigos). Ok, nem sempre.
Mas, enfim eu poderia catalogar as músicas, ouvir em sequência, e ativar o shuffle. Sons que eu gostava tanto, jogos de adivinhação às cegas pra ver se sabíamos os nomes das bandas e das faixas, de que álbum elas tinham sido retiradas e tantas outras horas de atividades que todo geek de música já realizou. Não posso reclamar da minha adolescência.
O Winamp foi desenvolvido pela Nullsoft (pertencendo desde 1999 à AOL) e veio evoluindo muito à cada deploy, contando até com uma edição para Android. Acho que usei todas as versões do aplicativo. Das mais toscas, com skins pra lá de duvidosos, à mais recente, estável, bonita e completa o suficiente para que eu mantenha meus mais de 90 GB de arquivos sob seus domínios.
O software ganhou durante estes anos a reputação de ser completo, confiável, com recursos de customização de layouts e organização dos arquivos. Uma interface relativamente simples, suporte a equalizador e efeitos, playlists, plugins e vários fatores interessantes que, nos anos 90, bem antes do iTunes surgir, deram ao Winamp a preferência entre os usuários.
Me lembro também de um texto publicado pelo Ars Technica que comentava a decadência do Winamp, logo após a aquisição pela AOL, quando seu desenvolvedor Justin Frankel abandonou a empresa e o programa que ele tinha ajudado a codificar.
Além disso, o Google e a Apple, que são quem mandam no mercado hoje, apresentaram o Google Play Music e o iTunes com iCloud, ferramentas que permitem que você acesse sua biblioteca musical online, em qualquer dispositivo dentro de cada um dos ecossistemas.
E por vários motivos, incluindo esta visão de mercado, depois de mais de 15 anos o Winamp está encerrando as atividades, conforme anunciado pela própria empresa, com a seguinte mensagem:
“Winamp.com e serviços web associados deixarão de estar disponíveis depois do dia 20 de dezembro de 2013. Além disso, os media players não estarão mais disponíveis para download. Por favor faça o download da última versão até esta data. Veja as notas de lançamento para conhecer as melhorias feitas na última versão. Obrigado por apoiar a comunidade Winamp nos últimos 15 anos.”
A boa notícia é que você ainda vai poder continuar usando o programa, se quiser. E mesmo que ele não esteja disponível no site oficial, é bem fácil encontrar suas versões em outras páginas.
A pergunta que eu faço é: o que vocês usam para ouvir música no computador hoje em dia? iTunes? Windows Media Player (please, say no)? Foobar 2000? MediaMonkey? VLC? Real Player? Google Music?
Ou o Winamp mesmo?
Fonte: Winamp.