Ronaldo Gogoni 10 anos atrás
Veja bem, não é uma leitura ao pé da letra, mas pesquisadores dos Países Baixos desenvolveram um interessante método utilizando ressonância magnética funcional e modelagem computacional para conseguir identificar caracteres através de modelos do cérebro de voluntários, enquanto estes a observam.
O estudo, ainda bem preliminar foi revelado por uma equipe da Radboud University Nijmegen. Para começar, o voluntário é induzido a observar uma letra. Enquanto isso, uma ressonância magnética funcional é realizada. De forma similar à ressonância tradicional, a funcional também gera imagens do cérebro, mas ela é capaz de analisar o fluxo sanguíneo do paciente e identificar as áreas com maior atividade cerebral.
As áreas mais ativas são as que consomem mais oxigênio e, por consequência, possuem mais ligações do gás à hemoglobina. A ressonância funcional é capaz de identificar essas diferenças e gerar uma imagem com as diferenças de atividade. A partir daí o cortex visual do voluntário foi seccionado (não literalmente, calma) em em uma matriz de 1.200 voxels, conhecidos como pixels em 3D. A reação dos voxels durante a observação de cada letra é anotada e o modelo computacional tenta interpretar, mas os resultados eram insatisfatórios: as letras eram praticamente indistintas umas das outras, como vemos abaixo:
Para solucionar esse problema, o modelo computacional foi alimentado com um banco de imagens de como cada letra deveria parecer. Com isso o computador meio que aprendeu a identificar as letras, e consegue traduzir os padrões dos voxels de forma mais nítida. Ainda que soe como trapaça, não é muito diferente do que o cérebro humano faz - ele não escaneia cada letra ou palavra, mas observa e atribui um valor simbólico ao objeto observado.
Ainda que a resolução seja muito baixa e identifique apenas letras individuais, os cientistas já estão trabalhando para utilizar uma matriz maior, analisando 15 mil voxels de uma vez. A esperança é saltar da capacidade de identificar letras para rostos. Mesmo estando nos estágios iniciais a premissa é interessante e pode ajudar em diversas áreas, ainda que vá demorar muito para chegar em algo remotamente próximo do que costumamos ver na ficção, então acalmem-se, não teremos nada como Minority Report por enquanto.
A versão preliminar do estudo foi publicado na revista NeuroImage.
Fonte: ET.