Ronaldo Gogoni 10 anos atrás
Bom, vamos do início: pesquisadores da Universidade Federal do Norte de Yakutsk encontraram durante uma expedição em agosto uma carcaça bem preservada de um mamute lanoso, espécie que viveu durante a Era do Gelo e foi extinta há pelo menos 10 mil anos, apesar de registros de populações isoladas terem resistido por mais 6 mil anos. Trata-se de uma fêmea que teria morrido com cerca de 60 anos e estava congelada no permafrost da ilha Maly Liakhovski, na costa norte da Sibéria. Os cientistas calculam que o espécime morreu entre 10 e 15 mil anos atrás.
Segundo Semyon Grigoriev, diretor do Centro de Mamutes da universidade e chefe da expedição, uma nova equipe estudou o animal no começo deste mês e constatou que o espécime estava em estado de conservação muito acima do normal, com parte de seus tecidos musculares ainda de coloração vermelha, como se estivessem frescos (?!?). O mais chocante foi ao perfurar o gelo no ventre do animal terem constatado que sangue muito escuro fluiu dele, o que é praticamente impossível considerando que o picolé de mamute estava a -10º Celsius na ocasião.
Segundo Grigoriev, as condições em que o mamute foi encontrado - ele afundou até a metade num lago, e a parte inferior estava muito mais preservada do que a superior, que teria sido parcialmente devorada por predadores - pode ter ajudado na conservação do sangue em estado líquido.
Agora os pesquisadores estão excitados com a possibilidade de a amostra permitir a clonagem desses animais há muito extintos. E aqui nós entramos com o disclaimer:
Não estou questionando se é verdade ou não a descoberta, isso a comunidade científica dirá. Mas alegaram que com esse sangue o processo de clonar um mamute seria possível. A pergunta é: para quê? Para saber se pode ser feito? Não sou totalmente contra o processo de clonagem de espécies existentes hoje para fins de estudo, mas trazer de volta um animal a um ambiente ao qual ele não é adaptado só vai acarretar em outra extinção. O André escreveu um artigo muito bom sobre esse assunto.
Enfim, mais respostas poderão ser obtidas quando uma equipe de pesquisadores de outros países chegar para estudar o animal no verão do hemisfério norte, entre julho e agosto. Estamos de olho.
Fonte: Ars Technica.