Carlos Cardoso 10 anos atrás
Na noite do dia 28 Uma Soyuz decolou do Cazaquistão levando 3 tripulantes para a Estação Espacial Internacional, mas dessa vez foram especialmente sortudos. Normalmente uma viagem dessas significa menos de 10 minutos até entrar em órbita, e dois dias de manobras, só no sapatinho, para equacionar velocidade, direção, proximidade com a Estação.
Dois dias. Assim:
Aí você pergunta: dois dias assim? Como eles fazem? Eu respondo: lembra quando perguntaram a mesma coisa pro Homem de Ferro? Pois é. Faz na armadura.
Por isso a nova técnica é interessante. Em vez de 48 horas de terror a bordo, eles regulam o lançamento para uma hora em que a Estação Espacial esteja passando por cima do Cosmódromo de Baykonur.
A nave Soyuz ganhou upgrades de navegação e propulsão, permitindo manobras mais precisas, o que também ajuda a diminuir o tempo para equilibrarem a velocidade com a da Estação. O que não é nada simples. A ISS orbita a 27.743,8 km/h. Um erro de 1% significa que você vai se escacetar na estação a 277 km/h. Mesmo assim resolveram tudo em 4 órbitas.
Isso é muito transformar o Espaço no nosso quintal. O sujeito acorda, sobe num foguete e antes do lanche da tarde está numa estação espacial orbitando o planeta. Há que se admirar o design da Soyuz, uma nave pé-de-boi projetada nos anos 60 com um histórico de segurança invejável. É um Fusca Espacial, no melhor sentido do termo.
Aqui os minutos finais do acoplamento do dia 28. Notem que os russos não se preocuparam com upgrade de câmeras e interfaces. Pra quê? Tá funcionando, não mexe.
NASA Johnson — Fast-Tracked Soyuz Docks to Station