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Blackberry: ficou para 31 de agosto

Índia pressiona RIM para liberar trocas de mensagens via aparelhos BlackBerry de terroristas.

14 anos atrás

Blackberry

É comum vermos o ser humano a procura de se exceder. Nem sempre é possível ser o patrão da mais nova grande idéia ou então apadrinhar uma pesquisa que vai mudar a face do mundo. Mais comumente, vemos o José que eleva feitos imbeóticos para níveis interestelares. Tudo bem descer a lenha quando alguém vai uma grande burrada, mas reclamar quando alguém acerta o alvo é faz algo realmente... bacana?

É o que tem acontecido cada vez mais com a RIM, fabricante dos honestos BlackBerry. Quem conhece o aparelho sabe o quão bacana é o serviço dedicado de mensagens curtas device-a-device. Mais ainda, rola de graça em todos os dispositivos da linha. Mas o que era para ser apenas um diferencial bacanudo de exclusividade, tem se convertido naquele tipo de enxaqueca que vai e vem a cada hora...

O serviço de mensagens entre aparelhos da marca canadense é, assim como os seus outros serviços, muito seguro. Tão seguro que tem mantido a empresa bem distante de qualquer escândalo envolvendo privacidade e privilégios sobre a informação desde a sua fundação. Um feito e tanto para o label mais crédil e confiável da indústria mobile, há bastante tempo.

Agora veja você. O governo da Índia, um país com atualmente mais de 1 milhão de usuários de BlackBerry, deu um ultimato para a RIM agir em favor de um pedido bem pior do que derrubar a caixa de pandora no próprio pé: quebrar o sigilo de informações do tal serviço gratuito de mensagens curtas. Curtiu? Nem eu. Mas, como dizia um professor: "Não importa o quão fina seja a fatia, ela sempre terá dois lados".

O motivo? Você se lembra do terrível ataque terrorista de 2008 em Mumbai que matou 166 pessoas? Consideradas não menos importantes estão as sucessivas investigações de cidadãos, políticos e até mesmo funcionários do estado Indiano em manobras para desestabilizar a política daquele país. E a Índia não está sozinha, não senhor. O E.A.U. (Emirados Árabes Unidos), Arábia Saudita, Irã e mais uma penca estão a impor os mesmos pedidos, sob condições distintas. Mas o que a RIM tem a ver com tudo isso tio San, você pergunta incrédulo?

Nada, exceto o fato de que em virtualmente todos os casos que incluem espionagem industrial e política, insurgência, fanatismo e fundamentalismo político/religioso no país, os grupos organizaram e coordenaram suas ações através de dispositivos móveis com a marca BlackBerry atrás do aparelho. Agora, imagine o crime latino-americano sabendo disso? Ooooops! Isso mesmo: holy shit! (pun intended).

Numa entrevista recente para o The Wall Street Journal o próprio CEO da RIM, Michael Lizaridis, disse em curto e grosso tom:

"Não se trata do BlackBerry. O problema real é a internet (na Índia). O mundo hoje é encriptado e tudo é segurança. Se eles não conseguem lidar com isso, que puxem o plug da tomada".

Mas a truculescagem vem disfarçada de extrema cautela também, uma vez que nenhuma empresa líder em sua indústria seria demente o bastante para dar de bandeja uma fatia tão gorda como a base indiana de clientes para um competidor mais "flexível" nesse sentido.

De um lado, um serviço honesto, funcional e tudo aquilo que qualquer usuário (zézin ou empresa) sempre sonhou: segurança e confiabilidade consoantes ao preço pago. De outro, um país diante da indigesta dificuldade em dissolver problemas graves em sua política interna.

Uma santa peleja...

O próprio Lizaridis disse em uma outra nota que "... já lidamos com isso antes e vamos resolver o assunto, se houver espaço para discussão".

Ou então... nada feito? A data final é segunda-feira, amanhã, quando ambos, Índia e RIM, podem celebrar ou lamentar ao menos nisso, juntos. Um típico caso onde os dois estão com um pé na cova e outro na graxa... Se fosse o podrão do Windows Mobile ou o iOS que nem sinal tem se apertar muito, não seria problema nenhum para nenhum lado.

Mas e aí, você acha o quê?

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