Shinji Mikami e os improváveis remakes de Dino Crisis e Sweet Home

Recentemente Shinji Mikami esteve na Gamescom e enquanto visitava a feira, parou para conversar com o pessoal do site Eurogamer. Na entrevista, dois pontos chamaram a atenção dos saudosistas: o motivo que levou a série Dino Crisis a ter sido abandonada e o seu desejo de refazer um jogo do Famicom que se tornou muito importante para a sua carreira, mas não tão conhecido do público ocidental, o Sweet Home.

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Crédito: Reprodução/Macs Black/MobyGames

Começando pela série protagonizada pela agente Regina, da Secret Operation Raid Team e que deveria investigar uma instalação repleta de dinossauros, Mikami revelou sua surpresa por ouvir os pedidos para o retorno do Dino Crisis, simplesmente porque a Capcom estaria suprindo essa necessidade com a franquia Monster Hunter.

“Então, mesmo se eu decidisse fazer um remake ou uma nova versão do Dino Crisis, realmente não sinto que haja muito espaço para esse tipo de jogo no momento, simplesmente porque o Monster Hunter se tornou um jogo tão grande,” afirmou.

Por mais que eu tente encontrar uma semelhança entre as franquias que vá além de enfrentarmos monstros/dinossauros enormes, sinceramente não consigo concordar com o diretor. Talvez isso se deva a minha falta de afinidade com os Monster Hunter, mas acredito se tratar de estilos muito diferentes.

Como diziam na época, os Dino Crisis funcionavam muito mais como um “Resident Evil com dinossauros” e mesmo entendendo que a série de zumbis evoluiu para algo mais próximo dos jogos de ação, o que gostaria (e imagino que muitos que adoravam a série também) era ver um novo jogo com elementos de sobrevivência, e não de caçadas.

Crédito: Reprodução/Macs Black/MobyGames

Curiosamente, ao ser questionado se o Exoprimal poderia ser uma espécie de sucessor espiritual da série que criou, Shinji Mikami discordou. “O conceito é bem diferente do de Dino Crisis,” declarou. “Acho que os fãs criaram expectativas, mas aqui estamos.”

Neste jogo temos que cumprir objetivos variados enquanto enfrentamos hordas de dinossauros e seja por ter frustrado quem esperava o retorno de Regina e cia., seja porque a qualidade geral não acompanhou muito do que a empresa tem lançado ultimamente, o título não teve boas vendas e aquilo que estava previsto para ser mantido por muito tempo teve o lançamento de conteúdos interrompido em apenas um ano após seu lançamento.

Quanto ao Dino Crisis, a última vez que vimos um novo capítulo foi em 2003, quando o primeiro Xbox recebeu o apenas mediano Dino Crisis 3. O jogo permanece exclusivo daquele console até hoje e ao contrário do que a Capcom tem feito com muitas das suas antigas franquias, essa é uma que se perdeu no passado, sem o investimento em remakes, remasterizações ou mesmo coletâneas.

A famosa porta, muito antes do Resident Evil (Crédito: Reprodução/Unicorn Lynx/MobyGames)

Chegamos então ao Sweet Home. Lançado em 1989 para o Nintendinho japonês, ele era um RPG baseado no filme de mesmo nome dirigido por Kiyoshi Kurosawa e que colocava uma equipe de filmagens para explorar uma mansão assombrada. Apesar das limitações daquele console, o jogo entregava um belo nível de complexidade, nos colocando no controle de cinco personagens com habilidades distintas — e muito importantes para prosseguirmos, ou oferecendo vários finais.

Segundo Mikami, foi aquele o título que lhe serviu como inspiração para a tão adorada série Resident Evil, inclusive com o projeto tendo iniciado como um remake da criação de Tokuro Fujiwara, que por sinal, trabalhou como produtor do primeiro capítulo do jogo de zumbis.

“Eu realmente amei o Sweet Home,” declarou Shinji Mikami em 2022. “Um dos primeiros criadores com quem trabalhei na Capcom foi o diretor do Sweet Home [...] Me lembro de Tokuro Fujiwara me chamando para uma reunião alguns anos depois. Ele me falou sobre como o sistema do Sweet Home era bom, mas que o jogo não tinha um bom desempenho.”

Segundo o game designer, a ideia era tentar de novo, usando aquele sistema em um jogo de terror. Porém, como a Capcom havia perdido os direitos sobre a marca, a dupla precisou se dedicar para situar a história em outro universo.

No Famicom, o terror era assim (Crédito: Reprodução/Unicorn Lynx/MobyGames)

Contudo, agora sabemos que o desejo de Mikami em recriar o Sweet Home nunca sumiu. Ao ser questionado pelo também game designer Goichi Suda sobre qual jogo gostaria de refazer, o pai do Resident Evil disse:

“Nada! [Suda ri] uma vez que faço um jogo, realmente não quero fazê-lo novamente. Então não há nada que eu gostaria de refazer a partir dos jogos que eu mesmo fiz, mas há um jogo chamado Sweet Home que, na verdade, foi feito por outra pessoa. Como não foi algo que eu mesmo fiz, estaria interessado em fazer um remake dele. Mas no que diz respeito a coisas que eu mesmo fiz, não quero me incomodar os revisitando.”

Como adquirir os direitos sobre aquela marca deve ser algo bastante complicado, a possibilidade de Mikami realizar seu sonho parece pouco provável. Ainda assim, como não imaginar como tal jogo poderia ser ao aproveitar a experiência de alguém tão talentoso e toda tecnologia a que temos acesso atualmente? Vamos lá Capcom, dê ao game designer (e a todos nós) esse prazer!