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Doom rodando em... uma IA?

Doom, dizem, roda em qualquer coisa, mas ninguém esperava que ele rodasse em... uma IA. Sem simular computador, sem emular nada. A IA apenas foi treinada para imaginar que estava jogando Doom

28/08/2024 às 18:34

Doom virou uma espécie de padrão informal para sistemas de computação. Se uma máquina for Turing-Completa, ela tem que rodar Doom. Ele roda em processadores virtuais escritos em Minecraft, uma impressora e até num iPod Nano.

DOOM, né? Não tem muito o que explicar (Crédito: Divulgação/id Software/Microsoft)

Estou desconsiderando exemplos como as bactérias e o teste de gravidez, pois só usam os meios inusitados como telas, o processamento é externo.

Mesmo assim, há processamento, o que torna o causo de hoje ainda mais impressionante.

O que Dani Valevski, Yaniv Leviathan, Moab Arar e Shlomi Fruchter, cientistas do Google e da Universidade de Tel Aviv fizeram foi ensinar uma IA a jogar Doom, mas pelo lado do engine.

As IAs geradoras de vídeo são uma grande caixa-preta. Ninguém sabe exatamente como elas funcionam internamente, as relações entre os “neurônios” são complexas demais para qualquer um entender.

Essa complexidade faz com que essas IAs aprendam sozinhas conceitos como "água flui do lugar mais alto para o mais baixo", e "objetos que quicam reduzem a velocidade na subida".

Alguns cientistas teorizam que essas IAs criam modelos físicos internos para representar o mundo; por isso, são tão consistentes e flexíveis. Elas entendem os objetos em uma cena, deduzem a interação entre eles, e a movimentação esperada.

O que é assustador é que nossos amigos aí de cima resolveram ensinar uma IA a usar essa capacidade em um jogo.

Eles treinaram um modelo com milhares de horas de gente jogando Doom, até o ponto em que a IA entendeu toda a mecânica do jogo; como o placar funciona, quando os inimigos morrem, quando atacam, diversas armas, etc.

Usando o modelo chamado GameNGen, eles criaram um pipeline de previsão capaz de gerar um fluxo consistente de imagens, idênticos a um gameplay de Doom.

No site do projeto há vários outros vídeos do gameplay que não existe.

Basicamente a IA joga Doom consigo mesma, a 20 fps, gerando frames consistentes, que humanos conseguem diferenciar de gameplay real somente um pouquinho melhor do que se escolhessem aleatoriamente.

O assustador é que esse gameplay não existe. Não é um vídeo armazenado, não é uma colagem de sequências. Também não é um conjunto de instruções e algoritmos determinando o funcionamento do jogo. Em resumo, não é um programa, não no sentido tradicional.

Óbvio que o experimento, que você pode ler em detalhes no paper neste link aqui (cuidado, PDF) é só uma prova de conceito, ninguém vai abandonar o Unreal Engine 5, ainda, mas é danado de impressionante que você possa mostrar um jogo a uma IA, a ponto de ela aprender como emular aquele jogo, incluindo inputs externos.

E se você não se impressionou ainda, lembre-se que isso vale para todo tipo de software.

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