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Monster Hunter Stories (1 e 2) — Velhos novos ares

Capcom aproveita chegada do Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin ao PS4 e lança remasterização do primeiro jogo para o console da Sony, PC e Switch

06/08/2024 às 10:37

Eu não sou o que pode ser chamado de fã de Monster Hunter. Na verdade, sempre carreguei comigo um certo sentimento de culpa por ver tanta gente adorando a franquia, mas ela nunca ter me conquistado. Mesmo assim, quando soube que a série Monster Hunter Stories estava chegando a novas plataformas, fiquei curioso para conhecê-la.

Monster Hunter Stories

Crédito: Divulgação/Capcom

Servindo como um spin-off para a marca principal, Monster Hunter Stories surgiu no Nintendo 3DS, lá em 2016 e tinha como principal característica funcionar de uma maneira bem diferente daqueles jogos que atraíram uma legião. No portátil, saía o RPG de ação e entrava um com batalhas por turnos. Mas será que algo assim poderia funcionar?

Bom, quase oito anos depois a Capcom decidiu tornar o Monster Hunter Stories um título mais acessível e isso acontece por meio de uma adaptação/remasterização para PlayStation 4, Nintendo Switch e PC, o que significa, exceto por uma nova camada de tinta nos gráficos, termos uma experiência praticamente idêntica a original.

Se passando no mesmo universo da série principal, nesta não seremos um Caçador de monstros, mas sim um Montador, alguém cujo objetivo será encontrar ovos e cuidar dos Monsties (como são chamados no jogo) que nascerem deles. Isso nos permitirá usá-los em batalhas, num sistema parecido com o que temos na série Pokémon. Além disso, alguns nos garantirão acesso a lugares antes inacessíveis.

Crédito: Divulgação/Capcom

Como um jovem treinador, digo, Montador, uma ameaça conhecida como Miasma Sombrio nos fará deixar a vila em que nascemos para desbravar o mundo e com uma história simples e pouco inspirada, a principal qualidade de Monster Hunter Stories acaba sendo mesmo o seu sistema de batalha.

Ele será dividido em três tipos de ataques — velocidade, força e técnica — e assim como numa partida de pedra, papel e tesoura, um terá vantagem sobre o outro. Desta forma, se dois adversários realizarem ataques simultâneos durante um turno, aquele que tiver escolhido o golpe correto conseguirá atingir o outro.

Por se tratar de uma mecânica simples e com a qual muitos estão habituados, os combates são bastante acessíveis, mas sem deixar de exigir alguma estratégia. Como cada vitória nesse jokenpô renderá pontos de afinidade com os monstros que controlamos, aos poucos teremos o suficiente para disparar ataques especiais, assim como ganhar a oportunidade de montar nos monstros durante as batalhas.

Já os Monsties agirão por conta própria, também realizando os três tipos de ataques e como eles pertencerão a uma das três tendências, saber qual utilizar contra inimigos mais poderosos será muito importante.

Crédito: Divulgação/Capcom

No entanto, mesmo com os confrontos exigindo nossa atenção devido os padrões de ataques dos monstros que encontramos pelo caminho, eventualmente chegaremos a um ponto em que as batalhas se tornarão repetitivas. Felizmente elas só acontecerão se encostarmos nos inimigos, que podem ser vistos andando pelos cenários, mas como teremos que evoluir tanto o nosso personagem quanto os monstros que estão na nossa equipe, o famoso grinding se fará presente.

Outro ponto que me incomodou no Monster Hunter Stories são as missões paralelas. Podendo ser encontradas nos quadros de avisos localizados nas cidades ou com personagens que precisam de ajuda, elas se resumirão a matarmos um determinado número de monstros ou coletar recursos.

Esse é um recurso muito utilizado em RPGs para aumentar artificialmente a sua duração e mesmo podendo aceitar várias dessas missões ao mesmo tempo, o que nos permite concluir algumas em apenas uma expedição fora das cidades, isso não diminui a sensação de repetição.

E por falar no mundo do jogo, ele também merece críticas por ser vazio e pouco inspirado. Nesse ponto eu credito a culpa à plataforma em que o original foi lançado, mas se em um portátil algo tão simples podia ser justificável, não há como dizer o mesmo em um console ou computador.

Monster Hunter Stories

Crédito: Divulgação/Capcom

Monster Hunter Stories até tenta contornar essa repetição ao oferecer partidas online contra outros jogadores, mas elas perdem a graça rapidamente. O título também traz um museu, onde poderemos conhecer artes conceituais ou ouvir as músicas do jogo. Já outra boa adição, essa mais interessante, é o conteúdo disponibilizado no portátil como DLCs e que aqui nos dará acesso a Monsties poderosos, equipamentos e um final expandido.

Contudo, mesmo com esses problemas e entendendo que o Monster Hunter Stories é uma experiência voltada para um público mais jovem ou que não tem experiência com o gênero, gostei do trabalho realizado pela Capcom.

Com ele ainda temos acesso a uma vasta personalização, com muitas armas e equipamentos para montar o nosso herói e principalmente, uma enorme quantidade de monstrinhos para colecionar. Além deles contarem com belos designs, possuem golpes e habilidades distintas e para as pessoas que só se contentam após encontrar todos os aliados, é possível passar várias horas vasculhando os ninhos a procura de ovos.

Também merece elogio o fato de o título chegar localizado para o nosso idioma. Isso faz com que ele seja muito mais acessível e para aqueles que preferirem, é possível encarar a aventura com dublagem em japonês. Por fim, só de o jogo ter deixado as barreiras do 3DS (e dos dispositivos mobile, onde apareceu posteriormente) já seria motivo para comemorarmos.

Se com o primeiro jogo a Capcom mirou na enorme base instalada do 3DS, com o Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin ela preferiu conquistar o público do PC e do Nintendo Switch. Isso aconteceu em 2021 e somente agora o jogo surge no PlayStation 4.

Mantendo o estilo do anterior, aqui também teremos batalhas por turnos baseadas na mecânica do tradicional pedra, papel e tesoura, além de precisarmos “recrutar” monstros para lutarem ao nosso lado. Porém, com este capítulo a Capcom conseguiu se livrar das limitações impostas por um hardware mais simples e o resultado foi um título mais agradável em vários aspectos.

O principal deles é a parte visual. Embora Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin não esteja no nível de um jogo lançado atualmente, ele possui um mundo e personagens muitos mais detalhados que na primeira aventura, embora ainda mantenha uma direção artística que remete a um desenho animado.

No entanto, mesmo jogando em um PlayStation 5, é preciso ter em mente que esse é um jogo para a geração anterior, cuja versão foi baseada naquela lançada há três anos para PC. Isso quer dizer que texturas simples poderão ser vistas aqui e ali, ou que o sistema de iluminação não é tão bonito quanto poderia.

Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin

Crédito: Divulgação/Capcom

A continuação também derrapa quando se trata da história, embora ela seja mais interessante que no primeiro jogo. Dessa vez o mundo tenta se recuperar do estrago deixado pelo Miasma Sombrio, o que levou os Caçadores e Montadores a se dividirem. Enquanto o primeiro grupo não gosta dos monstros, o segundo continuam lutando para fazer com que as pessoas percebam que eles podem conviver com os humanos.

Contudo, não espere algo muito além do já batido tema em que amigos se unirão para salvar o mundo, com a árdua tarefa ficando nas mãos de um grupo de adolescentes inexperientes e que se tornam mais fortes com o tempo. Felizmente os personagens são legais e fáceis de nos apegarmos.

Também localizado para o nosso idioma, acompanhar a aventura de Red e seus amigos se mostra algo bem mais prazeroso que no primeiro jogo, muito também devido às reviravoltas no enredo e uma narrativa que evolui de maneira mais rápida.

Já na parte dos confrontos, uma boa escolha por parte da equipe responsável pelo Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin foi explorar melhor o conceito de monstros com partes “quebráveis”. Isso torna as batalhas mais interessantes, principalmente quando nos deparamos com um chefe.

Crédito: Divulgação/Capcom

Assim como os Monsties, esse é um jogo que evoluiu, aperfeiçoando as qualidades daquele que fundou as bases para esse braço da franquia e corrigindo alguns dos seus problemas. Ainda se trata de um RPG com uma estrutura simples, que talvez não conquiste os fãs hardcore da série principal, nem aqueles que procuram algo mais complexo do gênero.

Porém, se você quer um título com uma abordagem suave, gosta de montar equipes com aliados que precisam ser coletados e que ofereça um sistema de batalha por turnos que não se resuma a apenas escolher atacar, defender ou usar itens, esse poderá lhe entreter por algumas dezenas de horas.

Após dar uma chance a esses spin-offs, a minha impressão é que a Capcom acertou ao apostar em uma variação estruturalmente tão diferente da original. Esses Monster Hunter Stories certamente não mudarão a indústria, muito menos farão tão sucesso quanto a série principal, mas ao aproveitar aquele universo e entregar experiências mais acessíveis, poderá ajudar a formar novos fãs.

Uma bela ideia por parte dos profissionais envolvidos na sua criação e que graças a esses relançamentos, se tornarão muito mais fáceis de serem aproveitados. E quem sabe o interesse de um novo público não faça com que um terceiro capítulo seja produzido, dessa vez com toda a qualidade que a tecnologia atual permitir?

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