Ronaldo Gogoni 22/01/2024 às 12:00
Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy é a terceira coletânea da série de visual novels investigativas da Capcom, e a segunda centrada nos títulos principais da franquia.
O novo pacote traz os três games finais da saga de Phoenix Wright, enquanto introduz novos protagonistas, Apollo Justice e Athena Cykes, vários e excêntricos promotores, e diversos casos e puzzles para resolver.
Tanto para quem estava sentido falta de gritar "OBJECTION!" a plenos pulmões, ou para quem caiu no tribunal de para-quedas, Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy promete, e entrega, muitas horas de conteúdo e diversão, mesmo que o segundo grupo tenha que observar alguns caveats.
Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy reúne os games Apollo Justice: Ace Attorney (2007, Nintendo DS), Phoenix Wright: Ace Attorney – Dual Destinies (2013, Nintendo 3DS), e Phoenix Wright: Ace Attorney – Spirit of Justice (2017, Nintendo 3DS), além dos DLCs do segundo e terceiro títulos.
Estes seguem a ordem cronológica dos eventos dos três primeiros jogos, reunidos na coletânea Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy, no que pode ser considerado o único ponto fraco do pacote: você até pode começar por Apollo Justice, por ser um game com um novo protagonista e novos rivais, mas muitos eventos mencionados neste, e principalmente nos demais, remetem aos acontecimentos do primeiro Ace Attorney, Justice for All e Trials and Tribulations, no que muitos novatos perigam ficar boiando.
Claro, Apollo Justice, o mais novo e promissor advogado de defesa do sistema judicial, ainda se destaca à frente de Phoenix Wright aqui, sendo o único controlável em Apollo Justice; em Dual Destinies, os dois dividem a tribuna com a nova adição Athena Cykes, cada um com um estilo de jogo diferente; já em Spirit of Justice, Phoenix e Apollo são os protagonistas, enquanto Athena é controlável em apenas um caso.
Os games se dividem em duas jogabilidades, a investigação e o tribunal. A primeira permite ao jogador checar a cena do crime, coletar pistas, resolver puzzles e conversar com testemunhas, reunindo assim provas e indícios que ajudarão na parte do julgamento. Aqui, as mecânicas vistas nos primeiros game retornam aqui, com as Psyche-locks, presentes desde Justice for All, podendo ser percebidas, e quebradas, por Phoenix Wright, em testemunhas que estão escondendo alguma coisa.
Na parte das novidades, Apollo usa o Perceiving, que lhe permite notar pistas visuais, que indicam quando o depoente está mentindo, e Athena tem o Mood Matrix, onde ela detecta conflitos de emoção na voz das testemunhas. Por fim, Spirit of Justice possui uma mecânica própria, o Divination Séance, que mostra os últimos momentos da vítima, um argumento usado pela nação de Khura'in que tornou os advogados de defesa obsoletos. Porém, é possível encontrar contradições nas "visões".
O objetivo do jogador é inocentar seu cliente da acusação, e identificar o verdadeiro culpado, e para isso, é preciso reunir provas concretas e contra-atacar os argumentos sólidos dos promotores. Aqui, além da participação ocasional de Miles Edgeworth, o eterno rival de Phoenix Wright, temos novas faces como Klavier Gavin, Simon Blackquill e Nahyuta Sahdmadhi; outros personagens importantes, novos e antigos, incluem a médium Maya Fey, a cientista forense Ema Skye, a maga Trucy, e a princesa Rayfa Padma Khura'in, entre vários outros.
Os 8 games contidos nas três trilogias, Phoenix Wright, The Great Ace Attorney, que reúne os dois spin-off prequel, e Apollo Justice, foram remasterizados e adaptados para um sistema de jogabilidade que dispensava a segunda tela. Aqui, Apollo Justice: Ace Attorney é o mais antigo, o único lançado originalmente para o Nintendo DS (a trilogia original de Phoenix Wright saiu primeiro para o Game Boy Advance, mas foram todos remasterizados para o portátil de duas telas depois), no que seus sprites foram totalmente retrabalhados, ficando muito bonitos.
Dual Destinies e Spirit of Justice, por sua vez, foram beneficiados pelo hardware superior do 3DS, e traziam modelos e personagens em 3D. Estes são muito mais simples de serem polidos, e o resultado ficou ótimo, mas é notável o salto tecnológico de Apollo Justice para os demais.
Isso não compromete a jogabilidade, claro. A Capcom fez o dever de casa direitinho, ao adaptar a jogabilidade original que dependia das duas telas, fosse no DS ou no 3DS, para apenas uma, e não é problema nenhum investigar as cenas do crime, ou identificar contradições nos tribunais.
Na parte dos extras, a coletânea traz as obrigatórias Galeria de Música e de Arte, com esta incluindo o curta em anime que serve de prólogo para Spirit of Justice, um modo teatro onde é possível brincar com as animações dos personagens, um modo para visualizar os diversos trajes dos protagonistas, opções extras de áudio e legendas para diversos idiomas adicionais, e um Modo História em que a CPU joga por você e resolve os puzzles, para o espectador assistir e curtir a narrativa.
Para os fãs da série de visual novels, a coletânea Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy traz três jogos clássicos com tratamento de primeira, em uma remasterização de qualidade e com uma série de extras, para massagear o coração nostálgico dos jogadores. Já para os novatos, esta talvez não seja a mais indicada para começar a jogar, devido a inúmeros eventos e acontecimentos serem ligados à história dos títulos presentes em Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy.
Longe de mim dizer que o pacote é dispensável, entretanto; um advogado iniciante ainda vai se divertir mesmo sem entender algumas referências, graças a tramas interessantes, personagens memoráveis, e uma jogabilidade investigativa que fez de Ace Attorney uma referência do gênero.
No mais, resta contar que a Capcom lance uma nova coletânea com os demais spin-offs, os dois games estrelados por Miles Edgeworth, e o crossover com Professor Layton, embora este dependa da boa vontade da Level-5, controladora da série.
Pontos fortes:
Ponto fraco: