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Remake de Twilight Zone será exibido também em preto-e-branco. Péssima ideia

CBS vai exibir a nova Twilight Zone no estilo da série original, só que tirar a cor tem o mesmo efeito (ruim) de colorizar um filme antigo

5 anos atrás

A clássica série Twilight Zone, mais conhecida no Brasil como Além da Imaginação, ganhou um remake com toda a pompa e circunstância, produzido e apresentado por Jordan Peele (Corra!, Nós), mas ao menos um fator estava incomodando os mais puristas: a presença de cor, ausente na versão original de Rod Sterling.

Agora a CBS resolveu "corrigir" isso, e vai exibir versões dos novos episódios também em preto-e-branco, só que tal decisão traz novos problemas.

CBS / Jordan Peele / The Twilight Zone

Segundo o também produtor Simon Kinberg, a equipe de produção considerou entrar no modo Alta Fidelidade, e lançar o remake de Twilight Zone em preto-e-branco desde o início, mas acabaram por fechar com as cores não só para tornar a série mais apelativa às novas gerações (mais sobre isso a seguir), mas também para não deixar a nova atração com uma cara de cópia da original.

Isso não impediu, entretanto, que reclamações viessem tanto dos fãs mais antigos, quanto dos novos, e muita gente andou configurando suas TVs para ver os dois primeiros episódios da série sem cor. Agora a CBS resolveu mudar isso.

A partir do dia 30 de maio, os episódios iniciais de Twilight Zone estarão disponíveis no CBS All Access também na versão preto-e-branco, junto com os coloridos. No Twitter, Peele comentou a decisão:

Infelizmente não é possível linkar o trailer em P&B aqui, porque a CBS o bloqueou por região, para variar.

Embora alguns fãs comemorem tal decisão, retirar a cor de um programa concebido em cores não é a melhor das soluções, por um simples motivo: um show colorizado foi pensado e produzido para ter cores, e a direção de fotografia é totalmente diferente de uma produção em P&B. Isso influi na escolha do figurino, nas texturas, e principalmente, na direção de jogo de luz e sombra.

Isso pode ser percebido inclusive na foto de Peele que abre o texto, que foi tirada em P&B, e não é um frame da série descolorizado. A diferença na iluminação é evidente.

Isso nos leva de volta à velha discussão do outro lado do espectro: o da abominável prática de colorização de filmes antigos. Por mais que existam algoritmos poderosos, capazes de adivinhar cores em fotos e cenas capturadas entre a segunda metade de século XIX e a primeira do século XX, o trabalho de iluminação era todo diferente, pensado para destacar os elementos para o resultado em uma mídia sem cores.

O resultado final, como o de Casablanca abaixo chega a ser bizarro quando comparado à cena original, sem o mesmo tratamento. Detalhes simples foram para a cucuia, e o acréscimo de cor não adicionada nada à produção em si.

Para os brasileiros, o mais conhecido caso de colorização foi o da série clássica do Zorro da Disney, exibida aqui no fim dos anos 1990 (ela foi tratada digitalmente em 1992, o que é impressionante, mas né, Disney), e estrelada por Guy Williams, o John Robinson da versão original de Perdidos no Espaço.

No caso do remake de Twilight Zone, dá para notar que detalhes e informações da direção de fotografia, pensada para cores sumiram na versão em P&B, que a meu ver está demasiadamente escura, o que não surpreende nem um pouco. Tal como em Casablanca, a ausência de cor não traz nenhum benefício, pelo contrário, acaba prejudicando o resultado final.

Na minha opinião, teria sido muito melhor que a CBS tivesse lançado o remake em preto-e-branco desde o início, já que muito provavelmente ninguém em sã consciência trabalharia com duas direções de fotografia simultâneas, para lançar duas versões com e sem cores com um trabalho decente.

No entanto, já que a fizeram com cor, que aceitem logo e não fiquem indo de lá para cá, acabando por lançar uma alternativa com menos qualidade apenas para agradar quem prefere a série original, que também foi pensada como uma obra sem cores.

Com informações: The Verge.

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