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Project Ara: MOR-RÉU!

É, não deu: segundo fontes internas o Google teria desistido do Project Ara; empresa pode licenciar tecnologia mas não lançará um smartphone próprio.

7 anos e meio atrás

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Pelo visto não veremos um smartphone modular disponível no mercado tão cedo (sim, estou sendo bonzinho): o Project Ara, o plano do Google para lançar um novo form factor para dispositivos baratos e customizáveis teria sido sumariamente exterminado pela companhia, segundo fontes internas.

Indícios de que as coisas não andavam bem para o Ara vinham se tornando evidentes há algum tempo. Desde que o smartphone desmontável falhou miseravelmente no drop test, visto que as pecinhas não paravam no lugar (resumindo: designers, conheçam a realidade) a divisão de hardware responsável pelo projeto permanecia curiosamente silenciosa. Em teoria o gadget modular havia voltado para a prancheta, após o plano piloto em Porto Rico ter sido cancelado devido a incapacidade da empresa em tornar o Ara um produto real.

Não vamos dizer que o projeto em si não era ambicioso, e o Google acreditava piamente que ele poderia dar certo. A ideia do Phoneblok não é exatamente nova, mas desde que ela foi aventada pela primeira vez havia uma preocupação séria a respeito de um fator: a comunicação entre os módulos. Há um motivo para que os smartphones contem com componentes integrados e um deles é a distância entre eles: quanto menor, mais rápido. Transformar cada componente de um smartphone em um módulo separado pode ser extremamente interessante do ponto de vista do consumidor, pois este poderia escolher uma câmera melhor, uma bateria mais potente, adicionar RAM, trocar o SoC e etc facilmente mas convenhamos, a performance final seria um lixo, bem próxima de um Android dos mais vagabundos.

E nem questiono o custo que cada um teria: o Google prometeu que o modelo básico composto de chassi, display de 5 polegadas HD e módulo Wi-Fi custaria apenas US$ 50, mas não duvido que os valores dos módulos seriam bem puxados para cima dependendo do que eles adicionariam. E um kit inicial sem SoC, espaço interno, modem (seja ele 3G ou 4G/LTE), bateria e RAM? E nem considerei câmera, Bluetooth, NFC, GPS… Agora faça as contas.

Assim sendo o Google se deu conta que o Ara não poderia se tornar um produto disruptivo, capaz de estabelecer um novo mercado e por causa disso continuar investindo nele seria perda de tempo: segundo informes a empresa removeu o smartphone modular de sua lista de prioridades, e se considerarmos que durante o Google I/O 2016 foi anunciada a possibilidade de parcerias com terceiros, o mais provável é que Mountain esteja visualizando a possibilidade de licenciar a tecnologia e auxiliar no desenvolvimento de produtos de outrem, mas um smartphone modular próprio não veria a lua do dia.

Em suma, o Ara está morto e enterrado. O foco do Google se voltaria para o Tango, que já deu frutos e a possível nova linha de smartphones Android próprios, fabricados 100% em casa sem a mão de terceiros. Segundo as fontes o responsável por matar o Ara seria Rick Osterloh, ex-CEO da Motorola e recente repatriado como o diretor da divisão de hardware atual, que fora totalmente remodelada.

O que veremos serão cada vez mais iniciativas como a linha Moto Z e o LG G5, que adicionam recursos e não que dependem de comunicação constante entre módulos para meramente funcionar. ISSO é a modularidade feita da maneira correta. Embora fosse uma ideia interessante, quem entende de Arquitetura e Organização de Computadores sabe que um projeto como o Ara teria uma performance terrível por mais que o Google se esforçasse, pois ou deixaria a velocidade de comunicação baixa ou investiria em conectores de altíssima performance, o que obviamente custa muito dinheiro e inviabilizaria a ideia do Ara ser um produto acessível.

Moral da história: não se pode ganhar sempre, e a Física não perdoa.

Fonte: Reuters.

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