Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
Parece que se tornou moda softwares fechados responsáveis por criar obras de arte da animação de tornarem ferramentas de código aberto. Depois do RenderMan da Pixar é a vez do Toonz, programa utilizado pelo Studio Ghibli em clássicos como o vencedor do Oscar A Viagem de Chihiro e pela Rough Draft, o estúdio responsável por Futurama abrir as postas para todos.
O Toonz é um dos mais poderosos softwares que existem quando o assunto é animação tradicional em 2D, sem a necessidade de utilizar as clássicas folhas de papel das quais os mestres não abre mão. Quando se fala em aliar qualidade à velocidade de produção ele é uma mão na roda, salvo raríssimas exceções hoje todo mundo utiliza um software ou outro. Tudo bem que Hayao Miyazaki, cuja tecnofobia é notória prefere animar à mão, mas o grosso do Ghibli nos últimos 30 anos passou pelo Toonz e outros softwares.
Sabe qual foi o último longa-metragem totalmente animado utilizando técnicas tradicionais? Este aqui:
Akira (アキラ) Japanese Theatrical Trailer 1
Akira é o que é porque Katsuhiro Otomo se recusou a depender de software para o trabalho pesado. O filme usou uma quantidade de células absurdas para a época, tanto para o padrão da animação japonesa quanto para o cinema em geral principalmente porque o autor enfiou na cabeça que queria lip sync.
O computador só entrou para adicionar elementos adicionais como vidro se quebrando e paralaxe, entre outros efeitos. Resultado, cerca de 160 mil células de animação foram produzidas. À mão. Em 1988. Não dá para fazer tal coisa hoje em dia.
É aí que o Toonz entra. O Studio Ghibli de Miyazaki, um dos mais conceituados do mundo no que tange à animação e que só encontra paralelo na Disney criou obras incríveis com a ferramenta, desde o já mencionado A Viagem de Chihiro como o clássico Princesa Mononoke (um dos primeiros do estúdio a depender de software), O Castelo Animado e mais recentemente O Conto da Princesa Kaguya, que chegou aos cinemas brasileiros recentemente. Já do lado ocidental a principal produção conhecida que utiliza o software é Futurama. O longa Anastasia também o empregou.
O estúdio italiano Digital Video, dono do Toonz agora julga que o programa merece ser utilizado pelo maior número de pessoas possíveis.
Não mais, Fry. Um acordo entre a Digital Video e a editora japonesa Dwango permitirá que a versão utilizada pelo Ghibli seja convertida em um software de código aberto, passando a se chamar OpenToonz. A novidade entrará em vigor no próximo sábado e o acordo prevê que a Digital Video forneça também todo o suporte necessário para que entusiastas extraiam o máximo do programa.
Convém esclarecer entretanto que o Toonz, assim como o RenderMan precisa fazer dinheiro, portanto uma versão paga mais poderosa chamada ToonzPremium também será disponibilizada.
Essa é uma novidade muito boa para quem depende de boas ferramentas na hora de animar e também para quem quer começar a brincar com isso, sempre bom ter softwares que permitam mais inclusão e suporte oficial, o que é bom para estimular o pessoal.
Fonte: Digital Video.
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