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OkCupid informa usuários do Firefox que o CEO deles é anti-gay

Como dizia Robert Zimmerman, os tempos estão mudando. Hoje os executivos das empresas são parte do cenário, e suas atitudes influenciam os consumidores. Foi o caso do CEO da Mozilla, que doou dinheiro para campanhas contra casamento gay, e agora está sendo chamado na chincha pelo OKCupid. Leia e entenda.

10 anos atrás

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Antigamente havia um distanciamento entre as empresas, as opiniões políticas de seus diretores e as idéias dos consumidores. Henry Ford não era chamado de racista se a KKK (yes, eles têm site. E você reclamando da Sheherazade) usasse seus carros em uma daquelas ações criminosas que eles tanto gostavam de fazer. Da mesma forma as contribuições políticas dos empresários não vinham a público. Hoje isso mudou. A vigilância é muito mais cerrada, os empresários, os produtos e os clientes são muito mais cobrados.

É o caso Brendan Eich, CEO da Mozilla Corp. Ele não é um Zé Ruela qualquer, é o criador do JavaScript, credencial técnica não falta. Só que no lado pessoal ele é um sujeito conservador, careta, tiozão, daqueles que fala barbaridades em almoços de Natal.

Em 2008 ele doou dinheiro para financiar a Proposition 8, uma emenda na Constituição da Califórnia que proibia o casamento igualitário. Basicamente os defensores da Prop 8 acham que se negros não podem se casar pois o casamento é uma instituição sagrada entre um brancos, e se for liberado, logo brancos vão virar negros por curiosidade, e isso destruirá a família.

Soa absurdo? Troque brancos e negros por heteros e gays, biologicamente é a mesma coisa.

Brendan Eich em essência quer negar a parte da sociedade um direito que não o afeta EM NADA, não muda sua vida em NADA. É puro egoísmo, homofobia de raiz.

Os funcionários da Mozilla não ficaram satisfeitos, vários pediram a saída de Eich. A empresa foi obrigada a declarar publicamente seu apoio às causas LGBT, dizer que não discrimina ninguém, que apóia os funcionários que são do babado, etc. Legal, mas o chefão continua sendo contra.

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Afinal essas crianças ficariam muito mais felizes em um orfanato. Não existe família sem um homem e uma mulher, certo? (se você for órfão fique quieto)

O OkCupid, um dos maiores sites de relacionamentos da internet não gostou nada disso. Faz sentido, para eles quanto mais visitantes, melhor. Não sendo imoral ilegal e não assustando os animais domésticos, pra eles tá liberado. Em essência ser contra casamento igualitário é ser contra o próprio site, e eles não se sentem confortáveis sendo acessados por um navegador comandado por um sujeito que quer a infelicidade dos usuários do OkCupid.

Por isso eles estão mostrando uma tela especial para quem acessa o site via Firefox. É um texto ao mesmo tempo sério, emocional, direto. A ponto de me fazer omitir minhas opiniões sobre sites de encontros em geral. Fica pra outra. Alguns trechos:

Nós devotamos os últimos dez anos juntando pessoas — todas as pessoas. Se indivíduos como o Sr Eich tiverem sucesso, mais ou menos 8% de todos os relacionamentos que trabalhamos tanto para criar serão considerados ilegais.”

O OkCupid é para criar amor. Aqueles que buscam negar o amor e ao invés disso promover miséria, vergonha e frustração são nossos inimigos, e a eles desejamos nada além do fracasso.”

Ao final o site oferece links para baixar o Chrome, o Internet Explorer ou o Opera, mas se o usuário quiser, pode prosseguir com o Firefox mesmo, é dada essa opção, que é muito mais do que Brendan Eich oferece a uma parcela significativa da população.

Vivemos uma época em que corporações são pessoas, meu amigo, e pessoas têm opiniões. Pessoas são mais cobradas e é muito mais desconfortável conviver com um amigo nazista do que com uma empresa que vendia refrigerante pra nazistas.

Palmas pro OkCupid, em um mundo onde a Oreos posta uma foto de uma bolacha arco-íris, homenageando diversidade e metade da internet entra em rage-mode xingando pedindo boicote e ameaçando de morte, se posicionar exige coragem.

Atualização: A Mozilla anunciou em seu blog que Brendan Eich deixou o posto de CEO da empresa, declarando que "tomou esta decisão pela Mozilla e pela nossa comunidade".

Fonte: TC.

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