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O Estadão e a Aventura Lomo em Fernando de Noronha

13 anos atrás

Ontem, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma reportagem especial em seu caderno de Viagens. A história, intitulada “Noronha: Soy Lomo por ti”, conta as andanças pela  ilha paradisíaca de Fernando de Noronha onde todas as imagens feitas pela repórter foram tiradas por duas câmeras Lomo. A Lomografia, como já dito por aqui várias vezes, é um movimento cultural visual levado a sério por quem o pratica e não é somente uma fotografia feita com câmeras toscas.

Como acontece em grandes meios de comunicação, onde a verba é inversamente proporcional ao aprimoramento dos funcionários (tudo nos leva a crer nessa verdade), a repórter responsável pela matéria não entendia absolutamente nada da estética fotográfica da Lomografia e executou sem dó um verdadeiro assassinato visual. Isso, claro, para quem entende de fotografia. Aliás, não sei como funciona na maioria das Faculdades de Jornalismo do Brasil, mas as poucas que conheço possuem uma formação em fotografia muito pobre, no máximo são dois semestres. Quem quer ser repórter fotográfico tem que se virar depois.

Mas, voltando ao assunto, embora tenha ficado quase mudo com as péssimas imagens que vi no jornal, não cheguei ao ponto de protestar publicamente, afinal de contas não esperava nada de mais de um grande meio de comunicação que não é voltado especificamente para fotógrafos, mas a reação no Facebook e Twitter não tardou. Alguns gritaram, espernearam e ameaçaram contra-atacar com o Lado Negro da Força, mas creio que uma das reações mais coerentes foi de meu amigo Paulo Brazyl que colocou o seguinte texto em seu Facebook:

...a matéria "Noronha, soy Lomo por ti", trocadilho horrível, poderia ter ficado apenas no trocadilho. Não ficou. Ocupou praticamente três páginas inteiras do Caderno VIAGEM com o que eu chamaria de "um desrespeito supremo à fotografia", estampando composições absurdas orientadas por uma técnica claramente desconhecida pela autora que nem mesmo foi capaz de se atentar ao próprio "nome" do modelo da câmera utilizada na produção das imagens: uma 'Diana Mini - ActionSampler", que sugere, a partir do próprio nome, a possibilidade de produção seqüencial de 4 quadros que evidenciem o movimento de uma coisa, um objeto, uma pessoa, etc.

...em algumas das composições estampadas na matéria, a impressão que dá, é que a autora nos leva a acreditar que entendeu a proposta de forma invertida: parte de um primeiro registro com a câmera imóvel e segue para os próximos três com a câmera em movimento.

... no total, são mais de dez composições que, imagéticamente, vão do nada à lugar nenhum. Uma agressão à técnica e à própria história da Lomografia.

...imagéticamente LAMENTÁVEL!!!

Sei que muitos aqui não possuem respeito à Lomografia. Muitos afirmam que é fotografia duvidosa feita por câmeras ruins, mas ninguém pode negar que a Lomografia já se consagrou como uma estética artística e um movimento que já se encontra consolidado e muito forte. Falar para alguém que sua expressão artística não passa de brinquedo e que você pode fotografar esquecendo qualquer tipo de técnica ou estética é pedir para levar uns cutucões.

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