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Antas A Serviço de Sua Majestade destroem HDs do Guardian

Provavelmente prevenindo o surgimento de um novo Edward Snowden, oficiais da agência do governo britânico de inteligência eletrônica (GCHQ) teriam forçado a destruição de equipamentos do jornal The Guardian.

11 anos atrás

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O imbróglio criado pelo nerd fofoqueiro Edward Snowden só piora. Para dar uma idéia geral, imagine uma mistura de The Newsroom e Homeland escrita pela Glória Perez. Só que a realidade é ainda pior e mais constrangedora.

Da mesma forma que as forças armadas tradicionais não sabem lidar com terrorismo, as agências de inteligência não conseguem gerenciar uma crise não-tradicional em um mundo globalizado. O resultado são casos patéticos como o cerco ao avião do Evo Morales, que só não deu mais caca no mundo diplomático porque a Bolívia não é um país de verdade.

Agora o parceiro* de Glenn Greenwald, jornalista do Guardian que escreveu a matéria denunciando o caso Snowden foi detido por 9 horas em Londres.

* NOTA: Parceiro só é usado em 3 casos: o sujeito é gay, policial de seriado ou combate o crime. Greenwald não é policial mas se qualifica nos outros 2 casos, ainda não pode pedir música no Fantástico.

David Miranda foi interrogado sobre atividades terroristas e outros bla-bla-blas de pura intimidação, e ainda saiu sem seus gadgets. O Itamaraty protestou veementemente, ao que Londres respondeu “you call is very important to us. Please stand by…

Não bastasse isso, o Guardian publicou ontem uma matéria onde conta como oficiais do GCHQ - Government Communications Headquarters, agência do governo britânico de inteligência eletrônica, forçaram a destruição de equipamentos do jornal.

O GCHQ teve seu auge na 2ª Guerra Mundial, gerenciando projetos como o ULTRA, que com a ajuda de Alan Turing decodificou a criptografia nazista, mas parece que os conhecimentos de informática deles pararam nos anos 40. Decididos a acabar com a série de reportagens sobre Genoa a NSA, exigiram que o Guardian entregasse ou destruísse os arquivos relacionados com o caso.

Alan Rusbridger, editor do jornal tentou explicar que no mundo de hoje não é assim que a banda toca. Glenn Greenwald morava no Brasil. A maioria dos textos sobre o caso estava sendo redigida de New York. Ele NEM se deu ao trabalho de mostrar aos “Experts em Segurança” do GCHQ que qualquer criança abre um Dropbox, um Skydrive ou distribui um torrent com os dados que quiser.

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Utilize uma ferramenta de esteganografia, mescle seus dados em um arquivo anunciando como Fotos da Demi Lovato Nua Pelada Sem Roupa (aqui, Google google, chip chip good boy) e centenas de milhares de cópias serão espalhadas pelo mundo.

Não teve choro nem vela. Os discos foram destruídos, junto com vários computadores, nos porões do Guardian, sob supervisão dos “Experts”, que saíram satisfeitos.

V de Vergonha

O assustador na história toda não é nem abuso de poder e coisas do gênero. Isso sempre foi conhecido. O pior é a incompetência e o despreparo de quem deveria ser, bem… especialista no assunto. Não estamos falando de policiais de rua, mas de agentes de um órgão de inteligência ESPECIALIZADO em espionagem eletrônica.

Eu entendo quando alguma loura de Hollywood cai no golpe do Chat Roulette, depois tenta “tirar as fotos da Internet”, mas qualquer um que ganhe pra trabalhar com as interwebs deveria saber que a menos que alguém seja muito, muito, muito burro (tipo a Nina do Tufão) não terá dados importantes em versão única, sem backup remoto.

O único consolo é que como o mundo não caiu em uma distopia estilo Mad Max, com grupos terroristas, hackers, supervilões e gangues criminosas lutando entre si pelos espólios da civilização, deduz-se que o inimigo consegue ser MAIS incompetente ainda.

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