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Famicom, NES, Nintendinho: 30 anos de vida, 20 anos de Brasil (oficialmente)

Uma pequena viagem pelos 30 anos de história do Nintendinho, lembrando inclusive o curioso caso dos consoles clonados que tivemos no Brasil

11 anos atrás

gogoni-famicom

Há exatos 30 anos, em 15 de julho de 1983, chegava às lojas japonesas a tentativa da Nintendo de entrar no mercado de videogames com um console próprio, mesmo com o ocidente enfrentando um duro revés no mercado (o que viria a ser conhecido como o Crash dos Videogames de 1983): seu computador familiar, o Family Computer, que seria conhecido na América como Nintendo Entertainment System, ou simplesmente NES (ou simplesmente Nintendo, até a chegada do Super NES).

Ele não só se tornou um dos consoles mais bem-sucedidos da história como efetivamente salvou a indústria dos games. Não fosse pelo Nintendinho, dificilmente teríamos novos consoles hoje, ou numa visão menos tenebrosa, o mercado levaria muito mais tempo para se recuperar.

A Nintendo na época não era uma player estranha no mercado de games - ela já havia lançado um console pertencente à primeira geração dos videogames, o Color TV Game, além do clássico dos arcades com Donkey Kong; curiosamente um dia antes ela lançou Mario Bros., game onde Luigi apareceu pela primeira vez. Fora isso a Nintendo já havia inventado a jogatina portátil com o Game & Watch, precursores dos famigerados minigames que foram invenção do engenheiro Gunpei Yokoi, cuja trajetória por si só é um caso à parte.

A Nintendo entretanto queria mais. O mercado de consoles no Japão simplesmente não existia. Para se ter uma ideia o Famicom foi lançado no mesmo dia que o SG-1000, o primeiro console da Sega (anterior ao Master System, que foi lançado no Japão com o nome de Sega Mark III). O Atari 2600 só apareceu por lá em outubro com a terminação 2800.

O começo foi tortuoso: a primeira versão do Famicom possuía uma falha de projeto que causa falha no sistema. Após um recall o Famicom deslanchou em vendas, se tornando o número um do mercado japonês no fim de 1984. Isso se deu graças ao controle de qualidade ferrenho da Nintendo, onde apenas games de qualidade entravam na plataforma, além de vendê-lo como um "computador familiar", daí o nome. Eis uma compilação dos primeiros comerciais do Famicom (note que a versão original da pistola Zapper era realmente um revólver):

Dado o sucesso era hora de tentar o mercado americano, mas como fazer isso já que a indústria de videogames havia simplesmente implodido por lá?

A solução foi mudar completamente o design do videogame e vendê-lo como algo próximo a um videocassete (daí a insólita decisão do encaixe interno do cartucho e o "Sistema de Entretenimento" no nome). Além do mais o NES tinha acessórios como o R.O.B., o simpático robozinho que vendia a ideia de um aparelho educacional e não simplesmente um video-game, palavra essa que ainda era tabu. Conclusão: lançado nos Estados Unidos em 1985 e já com Super Mario Bros. incluído, o NES virou uma coqueluche. Por anos Nintendo foi sinônimo de videogame e Mario se tornou mais famoso que o Mickey.

Durante muito tempo diversas empresas priorizaram a Nintendo em seus lançamentos, que exigia exclusividade. Foi assim que por muito tempo a Capcom a eoutras não lançavam jogos para a Sega, e por outro lado o controle de qualidade impedia empresas menores de lançarem seus games para o console, graças ao chip 10NES que autentificava o cartucho no momento que o console era ligado. Isso rendeu histórias curiosas como por exemplo o caso dos fundadores da Rare, os irmãos Chris e Tim Stamper, que fizeram engenharia reversa no NES e convenceram a Nintendo a firmar uma parceria.

Mas e o Brasil? Ah, essa terra onde se plantando tudo dá também recebeu o Nintendinho, mas em duas ondas. Graças à Política Nacional de Informática que entrou em vigor em 1984 e durou até 1992, nós sofremos uma reserva de mercado que impedia a importação de artigos tecnológicos, de modo a fomentar a produção nacional. Desnecessário dizer que isso se estendeu aos videogames, que só com contratos muito específicos algumas marcas (no caso só a Magnavox, representante da Atari) poderiam trazer seus produtos para cá. Mas isso não impedia empresas como Gradiente, Milmar, CCE, Dismac e Dynacom importarem as peças, montarem e venderem como produtos nacionais. Foi assim que surgiram os vários clones do Atari (como o Dactar, cuja versão que vinha numa maleta 007 é raríssima) e posteriormente, os chamados "Nintenclones" como o Dynavision, que foi vendido até 2011 quando a empresa foi finalmente encerrada.

Dynavision Black, o último Nintenclone vendido no Brasil

As empresas produziram até comerciais, como esse do Phantom System de 1989:

O NES reinou nos Estados Unidos e Japão por muito tempo, até a Sega lançar o Mega Drive, mas ainda assim permaneceu relevante até ser descontinuado, em 1993. Curiosamente esse foi o mesmo ano que a Playtronic (joint entre a Estrela e a Gradiente) lançou tanto o Super NES quanto o NES por aqui oficialmente, que não vendeu muito por dois motivos: o preço dele era muito próximo ao do SNES, e o mercado de clones era muito mais atraente, já que haviam modelos que aceitavam tanto cartuchos americanos quanto japoneses, além de serem mais baratos. Se a ideia era investir num console mais caro, que fosse no Super NES de uma vez.

Pelo menos o Action Set já vinha com Super Mario Bros. 3

Entretanto o vacilo com o preço do console não se aplicou aos jogos: a Playtronic trouxe uma grande quantidade de jogos oficialmente. É inegável o legado que o Nintendinho deixou: não fosse por ele muito provavelmente você não estaria lendo essas mal escritas linhas, já que o cenário dos videogames seria completamente diferente, se é que ele existiria. Portanto Feliz Aniversário, Famicom: a festa é sua mas o presente foi nosso! 🙂

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