Carlos Cardoso 12 anos atrás
Parece que tem Microsoft demais no título? É assim mesmo, você entenderá.
O Windows intune é um produto com potencial. A idéia é atingir um mercado de pequenas e médias empresas que precisem de uma ferramenta de gerenciamento de desktops mas que não tenham grana ou know-how para comprar/desenvolver/customizar ferramentas próprias.
O Intune (me policiando HORRORES pra não digitar iTunes) simplifica todo o processo de gerenciamento de máquinas, oferecendo uma ferramenta na nuvem.
Assim, em teoria você pode acessar de qualquer lugar uma interface web e ter ideia do status de seu parque de máquinas. O Intune permite que você gerencie política de segurança, usuários, faça acesso remoto e preste suporte a máquinas, inventário de hardware e software, controle de licença e atualização dos PCs, sem ter que sair de sua deliciosa sala no porão e subir até os andares dos usuários.
Os usuários podem solicitar assistência remota, direto de seus desktops, o que reduz o uso do sistema telefônico, maior inimigo do profissional de TI que quer produzir algo de útil sem ser interrompido. Também há alertas configuráveis, você pode saber quando uma máquina está ficando sem disco, e assim tomar proativamente a atitude correta para lidar com o caso: apagar tudo do MEUS DOCUMENTOS do cidadão.
A beleza do negócio é que tirando um clientezinho de 7 MB instalado nos desktops, todo o gerenciamento é remoto, não há servidor comendo CPU em sua rede, não há o ponto de falha onde se o servidor que gerencia a rede cair, você perde todo o controle sobre o status das máquinas. Sendo aplicação de cloud computing, o Intune não depende de um servidor local.
Mais ainda: Não há nenhuma necessidade de todas as máquinas estarem na mesma rede física. Você pode agregar máquinas espalhadas pelo mundo dentro de um mesmo grupo de suporte. Imagine um grupo de desenvolvimento de alguma aplicação prioritária e sigilosa. Você não quer que o Zé da Silva, do escritório de Caicó mexa nessas máquinas. Então cria uma conta Intune, atribui ao seu melhor técnico, Mohinder Suresh, de Bangalore a tarefa de gerenciar suporte do grupo, espalhado pelo mundo.
Tem isso, né?
Como a Microsoft não é uma ONG, tem que gerar uns caraminguás pro Minoxidil do Balmer, então o Intune não sai de graça. Ele custa o razoável preço de US$ 11,00 por desktop.
O modelo de assinatura é algo que faz muito sentido no mundo corporativo, alvo exclusivo do Intune. É bem mais econômico que adquirir um software monolítico com X a X-mil licenças e usar 3X, ou mesmo descobrir que não funciona, e depois entubar o prejuízo.
O Intune funciona inclusive com desktops virtuais, você pode gerenciar um parque virtualizado com a mesma facilidade que gerenciaria um parque real. Ou um parque de diversões abandonado, se não fossem aqueles garotos intrometidos e aquele cachorro idiota.
A escalabilidade é excelente, uma conta Intune pode gerenciar até 20 mil máquinas, e tudo que você precisa é um desktop.
[Atenção: pessoal que adora acusar o MeioBit de ser vendido pra Microsoft, bla bla bla favor pular a próxima seção]
O termo "em teoria" foi usado várias vezes pois o Intune tem potencial de se tornar uma excelente ferramenta, mas ainda não é.
O Intune tem essas (e outras) limitações citadas, mas tem um ponto meio escondido que pode ser MUITO melhor que o produto em si.
Ele é compatível com todos os sistemas operacionais corporativos da Microsoft, a começar pelo XP Professional. Só que a Microsoft teve a mesma percepção da Apple: Muito mais fácil garantir suporte e estabilidade em uma base instalada homogênea. Então no pacote do Intune vem o pulo do gato: cada assinatura do Intune, de onze doletas mensais, dá direito a uma licença de uso do Windows 7 Enterprise.
Yeah, você assina a ferramenta pra gerenciar seus computadores e no pacote faz um upgrade pra versão mais casca-grossa e cheia de recursos do Windows 7. E mais: a licença vale para upgrades futuros. Enquanto você assinar o Intune, terá direito ao sistema operacional Microsoft mais top.
A ferramenta não me impressionou. A parte de interface dá pra relevar, mas a falta de interoperabilidade é algo imperdoável, a própria Microsoft reconhece que nem todo mundo usa tudo Microsoft, não faz sentido andar pra trás assim. A migração para a nuvem é uma ideia excelente, assassinada pela exigência de Silverlight. O suporte ficará sempre pela metade, a menos que a empresa só use Office. Claro, pode ser que boa parte do mercado se encaixe, mas ainda soa como limitação.
Já a parte das licenças é MUITO interessante, é uma forma de ter um sistema operacional legalizado por um preço ínfimo, sem o ônus de um futuro upgrade. Todo administrador de TI sonha em unificar os SOs de seus usuários, mas sempre esbarra na verba. É bem mais fácil entubar uma despesa fixa do que uma facada, ainda mais disfarçada de "gerenciamento de desktops na nuvem".