Carlos Cardoso 13 anos e meio atrás
Enterprise é um nome querido na Marinha Americana, batizou grandes navios com grandes histórias de coragem e honra sob fogo. Após a Segunda Guerra foi escolhido para batizar o 1º Porta-Aviões nuclear, que mesmo depois de 51 anos ainda é uma máquina de guerra impressionante.
Jornada nas Estrelas se apropriou do nome para batizar a nave estelar que seria cenário de suas histórias. O sucesso da série tornou o nome Enterprise conhecido e adorado mundialmente. A influência foi tão grande que quando o programa do Ônibus Espacial chegou a seu primeiro protótipo de testes e o nome escolhido seria Constitution mais de 200 mil fãs se mobilizaram em uma campanha nacional de cartas e telefonemas.
O resultado foi a mudança do nome, e em um grande “chupa star wars” os trekkers poderiam se orgulhar dizendo que EXISTIU uma nave chamada Enterprise:
Em resposta, claro, tinham que ouvir que ela não voava, caía com estilo das costas de um 747. Realmente o Space Shuttle OV-101 Enterprise nunca foi ao espaço.
Quando Paul Allen e Burt Rutan ganharam o Prêmio X – Ansari – que tem esse nome por ter sido patrocinado por Anousheh Ansari, uma refugiada iraniana que se tornou bilionária nos EUA e é a prima mulher turista espacial – Richard Branson, o Tony Stark inglês divulgou que iria investir em turismo espacial, com uma frota de naves baseadas no design da SpaceShip One.
Seguindo o modelo de uma nave acoplada a um veículo lançador, a VMS Eve, a SpaceShip Two levará passageiros para vôos suborbitais onde experimentarão ambiente de imponderabilidade e uma vista magnífica. Também estão de olho nos lugares um monte de cientistas, pois o custo de US$200 mil por passageiro é MUITO barato comparado com o lançamento de satélites ou envio de experimentos para a Estação Espacial Internacional.
A exploração comercial do espaço é o mais cruel exemplo do Paradoxo Tostines. Ninguém faz por ser muito cara e é muito cara por ninguém fazer. É preciso que visionários enfiem a mão no bolso e invistam, mesmo sabendo que não terão retorno (financeiro). O ciclo está sendo quebrado graças a gente como Paul Allen e a Ansari, ambos fãs declarados de ficção científica com os recursos para tornar realidade o sonho que cansaram de esperar que acontecesse sozinho.
E não, não é “dinheiro jogado fora”. Não se gasta dinheiro no Espaço, o dinheiro é investido na Terra. Cada Dólar investido em tecnologia espacial gera US$10 em retorno, seja nas aplicações cotidianas (em 1969 a Apollo usava células de combustível, como as que ainda estão chegando aos carros elétricos) seja no trabalho direto das pessoas que desenvolvem as tecnologias.
A capacidade de olhar para cima e se maravilhar, ao invés de apenas temer os relâmpagos, Thor e seus equivalentes é o que nos diferencia das outras espécies. O desejo de exploração não está morto em um mundo onde todos os lugares são acessíveis, ao menos na mente de todos que se cresceram aprendendo que o Espaço é a Fronteira Final.
Por isso que todo trekker hoje tem motivo para se orgulhar, ao saber que a SpaceShip Two acaba de fazer seu primeiro vôo de testes, acoplada à VMS Eve.
Orgulho não só pela conquista em si, mas por saber que YES WE CAN, os “nerds” e suas séries esquisitas de gente de orelhas pontudas estão levando o Homem para as estrelas. E nem falo dos cientistas envolvidos, incluo nisso Richard Branson, pois somente um Nerd Legítimo escolheria batizar a SpaceShip Two, primeira nave de sua classe com o nome de VSS Enterprise.
Isso mesmo, trekkers. A Enterprise está voando de novo. E citando Jean Luc Picard, “eu duvido que esta seja a última nave a carregar o nome Enterprise”
Nota: pouco antes de subir este post vi no Twitter o Beto Largman, d´O Globo postar um link para a mesma notícia. Subi o texto, fui ver o artigo do Beto, e até nossos títulos estão parecidos, começando com "E". Não se preocupem, ninguém kibou ninguém, grandes mentes pensam parecido.