Dori Prata 7 anos atrás
Na semana passada o mundo viu mais um ataque covarde numa grande cidade, dessa vez na Alemanha e enquanto acompanhava a cobertura do incidente pela televisão brasileira, infelizmente não fiquei surpreso ao ver a repórter afirmando que o assassino era um ferrenho jogador de videogame. O que eu não sabia era que autoridades alemãs estavam fazendo questão de relacionar Ali David S. a jogos eletrônicos, embora o sujeito fosse um extremista de direita, alguém que se orgulhava por ter nascido no mesmo dia que Adolf Hitler.
O responsável pelo departamento de segurança do estado bávaro por exemplo disse que o rapaz adorava o Counter-Strike: Golbal Offensive, título a que Robert Heimberger se referiu como um game que quase todos os assassinos em massa jogam. Já o ministro do interior do país afirmou que “não podemos ignorar […] que a glorificação da violência em jogos online causam um efeito danoso no desenvolvimento de pessoas jovens.”
Com vários canais internacionais divulgando tais declarações e relacionando diretamente os ataques ao jogo da Valve, a rede de televisão ProSieben MAXX preferiu cancelar a transmissão das finais da ELeague, uma decisão que desagradou todos que encaram o FPS — ou qualquer outro título — apenas como diversão.
“Hoje, a ELeague foi cancelada e o canal de TV não transmitirá o último episódio,” declarou Matthais Remmert, CEO da agência de marketing que cuida da competição. “Acho que é triste um evento tirar a chance de mostrar a todos que não não são fãs de eSports o quão fantástico esse esporte pode ser.”
Particularmente não gostei muito das palavras utilizadas pelo executivo, pois fiquei com a impressão de que elas banalizam as mortes de nove pessoas, mas concordo com o sentido de que é uma tremenda ignorância tentar achar que o culpado por esse ato estúpido é um mero jogo.
Por outro lado, diante de tamanha pressão não posso dizer que condeno a emissora por ter optado por não levantar essa bandeira, ainda mais num país como a Alemanha, onde os jogos eletrônicos costumam ser tão perseguidos e continuamente censurados.
Ainda assim, a ideia de cancelar a transmissão me fez lembrar um caso recente da ONU, que pediu que as pessoas respeitem a Trégua Olímpica e abaixem as armas nos próximos dias. Será que essa gente realmente acha que tais “medidas” darão algum resultado?
Fonte: ESPN.