Lilly Ann 9 anos atrás
Hoje foi ao ar a segunda parte do #SciCast sobre Marte, onde batemos um papo com Nick e Cardoso sobre o planeta vermelho.
Para quem está curioso sobre quem não deve ser mencionado e com quantos estágios se faz um módulo de resgate em Kerbal Space Program, não percam o final dessa conversa maluca e informativa sobre o planeta que pode ser nossa segunda casa num futuro não muito distante. Você sabia que nosso vizinho nem sempre foi o planeta árido e sem vida que é hoje?
A Curiosity, que no último ano tem desbravado silenciosa e solitariamente nosso vizinho ferroso, tem nos enviado informações importantíssimas acerca da infância marciana.
De acordo com os dados que ela tem nos enviado e que confirmam suspeitas antigas de que o planeta possuía há 4,5 bilhões de anos uma atmosfera muito mais densa que a Terra (com uma pressão atmosférica de 100 mil milibars, mil vezes mais do que a da Terra hoje). Entretanto algo terrível aconteceu ao jovem planeta de 500 mil anos de idade: algum evento catastrófico ainda não determinado cancelou seu campo magnético, deixando-o exposto aos ventos solares muito mais intensos da época, o que levou à erosão de sua atmosfera com o passar do tempo.
Não sabemos o que pode ter levado à perda massiva de atmosfera do planeta, entretanto sabe-se que a mudança foi brusca: é possível que o magma do interior do planeta tenha se solidificado; outra hipótese é que um grande impacto tenha alterado o fluxo e comprometido o campo magnético de Marte. O fato é que em meros 250 mil anos (troco de pinga na escala cósmica) a pressão despencou para 1.000 milibars graças à erosão atmosférica: sem um campo magnético os ventos solares se encarregaram de varrer o ar do planeta para longe, fazendo com que a pressão caísse a níveis semelhantes aos apresentados na Terra hoje.
Esta imagem mostra uma porção da capa permanente de dióxido de carbono congelado, fotografado pela HiRISE. Esta placa de gelo possui poucos metros de espessura e é penetrada por poços planos mostrados aqui. Os poços quase circulares no centro desta cena têm cerca e 60 metros de diâmetro.
É mais do que provável que durante esse momento o planeta tenha apresentado a possibilidade de possuir água corrente em sua superfície, como descobertas recentes já apontaram. Entretanto, com o campo magnético comprometido a erosão da atmosfera era um processo gradual, e mesmo que outrora o planeta vermelho pudesse ter sido um gêmeo nosso ele infelizmente estava condenado a se perder mais atmosfera, levando ao processo que o transformou no que é hoje.
A missão da Curiosity é descobrir se Marte já foi capaz de abrigar vida, entretanto ainda não temos certeza se a erosão da atmosfera foi um acontecimento bom ou ruim para isso, caso encontremos indícios. Ela encontrou cerca de 3% de água no solo marciano, além do gelo que já sabíamos existir nos pólos. Pode ser que o processo de erosão atmosférica tenha favorecido um cenário em que existisse água em estado líquido em sua superfície, porém a ausência do campo magnético não permitiu que o cenário se sustentasse como na Terra. Resta descobrir por quanto tempo esse cenário existiu e se alguma forma de vida prosperou dentro deste curto espaço de tempo.
Recentemente a NASA divulgou uma animação muito bem elaborada, desenvolvida pelo time de cientistas responsáveis pela sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution), que foi lançada em 18 de novembro para estudar a atmosfera superior de Marte, para que possamos entender como foi o processo de perda da massa atmosférica do planeta. Aumente o volume e se acomode para acompanhar a mudança gradual de um planeta parecido com o nosso para o enorme deserto de hoje:
Você também já conferiu a primeira parte do #SciCast sobre Marte?