Ronaldo Gogoni 9 anos atrás
Imagine a situação: você está perdido no meio do mar, dentro de um bote à deriva e por sorte, nem nenhum tigre dentro. Você tem seu celular e a primeira coisa que lhe passa a cabeça é tentar entrar em contato com alguém. Se nas cidades o 3G já não funciona direito, imagine em mar aberto. Entretanto, talvez no futuro você poderia resolver essa situação se conectando via Wi-Fi. É o que pretende uma nova pesquisa conduzida por uma equipe da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos: estabelecer uma rede wireless submersa, que pode ser utilizada de várias formas.
As redes sem fio de hoje utilizam ondas de rádio para transmitir os dados, mas o problema é que esse formato não se propaga bem debaixo d'água, e aspectos como alcance e estabilidade do sinal são comprometidos. Para contornar isso usam-se ondas sonoras, que são captadas por uma boa que envia o sinal para um satélite, e este se encarrega de retransmitir para um computador os dados coletados. Hoje em dia diversos órgãos meteorológicos e de pesquisa oceânica utilizam esse método fragmentado, mas o problema é que cada instituto utiliza seu próprio padrão, algo bem semelhante aos diversos formatos de banda que utilizamos aqui na superfície.
A ideia da equipe de Buffalo que conta com os doutorandos Hovannes Kulhandjian e Zahed Hossain é acabar com isso, lançando um sistema de sensores submarinos que serviriam como uma ponte entre os centros de pesquisa: ao fornecer uma rede única qualquer interessado, seja uma empresa ou um órgão independente, um pesquisador ou um estudante poderá se conectar e compartilhar os dados facilmente. Seria possível por exemplo cientistas que monitoram a atividade sísmica submarina enviar avisos de tsunami de forma mais rápida do que hoje em dia, ou até mesmo auxiliar o trabalho de equipes que mapeiam o fundo do mar ou que monitoram o nível de poluição nos oceanos.
Os primeiros testes foram realizados no lago Erie, próximo do campus da universidade; duas sondas conseguiram enviar dados para um notebook, e mesmo que o principal objetivo seja para pesquisa, nada impede de no futuro os oceanos contarem com uma rede aberta disponível para qualquer um que realmente precise utilizá-la.
O estudo está no início e por enquanto pontos importantes como quem controlaria essa rede ainda não foram discutidos, mas a ideia inicial é que ela seja open-source, até para incentivar a adoção pelo maior número de institutos possível.
Fonte: ET.