Ronaldo Gogoni 9 anos e meio atrás
Ontem durante um painel na PAX Prime 2013, o ex-produtor da Capcom Keiji Inafune pegou todo mundo de calças curtas ao anunciar seu próximo game. Tendo saído da Capcom em 2010 para fundar a Comcept, sua própria empresa (que já lançou Soul Sacrifice e está desenvolvendo Yaiba: Ninja Gaiden Z junto com a Team Ninja e Spark Unlimited), o criador de Mega Man revelou Mighty No. 9, um jogo de plataforma side-scrolling que é simplesmente o sucessor espiritual do robozinho ou, nas palavras dele, o que ele queria fazer com seu personagem e não conseguiu.
No vídeo de apresentação do projeto (que ainda está na fase de planejamento, é bom frisar), Inafune admite que ficou desgostoso com a indústria de games por não poder fazer os games que queria (uma indireta à série Mega Man X, que era pretendida ser encerrada no quinto título e foi estendida além da conta por ordem de cima; o desenvolvimento de Mega Man X6 foi iniciado sem que ele soubesse, o que bagunçou seus planos para a série Mega Man Zero). Além disso, o cancelamento de Mega Man Legends 3 e Mega Man Universe (em especial este último), games que teriam a participação da comunidade gamer o abalou, e ele sentia que deveria corresponder às expectativas dos fãs e além disso, por suas próprias ideias num novo título.
Influenciado pelas séries clássica e X, Mighty No. 9 é uma forma de trazer Universe ao grande público. No game você controla Beck, o nono de uma linha de robôs industriais poderosos, o único que não foi infectado por um vírus que deixou todos os outros loucos. Auxiliado por sua parceira Call, Beck poderá pular, atirar e absorver as habilidades dos inimigos, mas diferente de Mega Man ele transforma partes de seu corpo, como braços-imãs para grudar nas paredes ou molas para alcançar itens distantes, transformar boa parte do corpo num tanque para andar sobre espinhos e empurrar caixas e coisas do tipo.
O game é extremamente similar à Mega Man de propósito, o que poderia até significar uma falta de originalidade por parte de Inafune e sua equipe, mas a ideia aqui é pegar os conceitos originais e remodelá-los, trazendo a sensação do jogo original às plataformas de hoje, ou seja, tudo o que o bombardeiro azul da Capcom deveria ter sido e não foi por negligência.
Inafune conseguiu reunir uma equipe de peso para desenvolver o game, boa parte profissionais que trabalharam com ele através dos anos. É o caso da compositora Manami Matsumae, responsável pela trilha do primeiro e décimo títulos da série clássica além de Shovel Knight; Naoya Tomita, level designer do primeiro Mega Man; Takuya Aizu, CEO da Inti Creates, empresa responsável pelo desenvolvimento de toda a série Zero além de Mega Man 9 e 10; e o diretor Koji Imaeda, que ficou à frente dos três primeiros títulos.
Em menos de 24 horas a campanha já arrecadou quase metade dos 900 mil dólares para ser financiada. Mighty No. 9 está planejado para PC via Steam e outras lojas digitais e versões para Mac e Linux estão na agenda, mas caso consigam arrecadar US$ 2,5 milhões a Comcept poderá portá-lo também para PS3, Xbox 360 e Wii U.
Aos interessados, uma contribuição de US$ 20 garante uma cópia digital, com lançamento previsto para abril de 2015. Valores superiores valem mimos como a trilha sonora, uma caixa retrô do game, o manual/guia impresso e até mesmo um jantar com Inafune para quem pagar acima de US$ 10 mil, limitado a nove pessoas.
De minha parte acho a iniciativa interessante e caso Mighty No. 9 agrade, a Capcom será obrigada a engolir o fato de que sim, é possível um game do Mega Man ser bom sem ser 8-bit style.
Fonte: Kickstarter.