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3D Realms: o curioso caso da empresa que nunca existiu

Fundador da Apogee fala sobre a 3D Realms, marca que existiu para vender jogos 3D e que ao contrário do que muitos pensam, nunca chegou a ser uma empresa

1 ano atrás

Se você foi um jogador de PC na década de 90, provavelmente está familiarizado com o nome 3D Realms. Tendo sido os responsáveis por clássicos como Terminal Velocity, Duke Nukem 3D e Shadow Warrior, eles marcaram época, mas há um detalhe que as pessoas ainda teimam em aceitar: como empresa, ela nunca existiu!

3D Realms

Crédito: Divulgação/3D Realms

Sim, por mais louca que esta afirmação possa parecer, ela é verdadeira e quem voltou a tocar no assunto foi Scott Miller, cocriador da franquia Duke Nukem e fundador da Apogee Software. Tudo começou há alguns dias, quando o executivo utilizou sua conta no Twitter para afirmar que um antigo companheiro nunca havia trabalhado na 3D Realms. Segundo Miller, isso seria o mesmo que dizer que o sujeito “trabalhou no Big Mac em vez do McDonald's.”

O comentário acabou chamando a atenção de um seguidor, que revelou imaginar que, enquanto a 3D Realms funcionava como uma desenvolvedora, a Apogee fazia o trabalho de publicação. Miller então tratou de reforçar que, no fundo, aquela era apenas uma marca. Mas afinal, por que ainda existe tanta confusão em relação a isso?

Bom, um dos motivos é um pouco mais recente, datando de 2014. Foi naquele ano em que uma empresa dinamarquesa adquiriu os direitos sobre a marca 3D Realms. Com o nome passando a atuar no mercado de maneira independente, pouco depois ele foi repassado para o Embracer Group e embora os novos donos vivam tentando associar a marca ao passado, Scott Miller garante que isso não poderia estar mais longe da verdade.

“Agora a 3D Realms é propriedade de pessoas totalmente novas na Europa, que não possuem qualquer conexão com o nosso passado, embora elas queiram que vocês pensem que sim,” afirmou Miller, de forma categórica. “Então elas fazem postagens [como essa] sobre jogos da Apogee com os quais não tiveram nada a ver.”

Apogee, a verdadeira responsável pelos jogos (Crédito: Reprodução/Nyxem/Audiovisual Identity Database)

E para tentarmos entender o porquê desse imbróglio, uma publicação feita em 2022 pelo fundador da Apogee explica muito bem como essa bagunça começou. No texto publicado no site da agora Apogee Entertainment, ele relembrou um pouco do passado.

“A Apogee lançou dezenas de jogos como shareware e no varejo, incluindo Duke Nukem, Raptor, Rise of the Triad e Wolfenstein 3D. Mas estava claro que a indústria de games estava mudando em direção aos jogos 3D, então quis criar um selo que refletisse isso e surgi com a 3D Realms. [...]

E a partir daquele ponto começamos a usar 3D Realms para os nossos grandes lançamentos em 3D, como Duke Nukem 3D, Terminal Velocity, Shadow Warrior, Blood (que foi vendido para a Monolith durante a produção, Descent (nós vendemos os direitos para a Interplay durante a produção), Max Payne e Prey.

Mas, na verdade, o tempo todo a companha era legalmente a Apogee Software e a 3D Realms era uma marca registrada de marketing que usamos (a 3D Realms nunca foi legalmente uma companhia formada).”

Quanto ao nome, Miller chegou a dizer que nunca gostou muito dele, mas que o motivo para o ter adotado é algo que hoje em dia pode parecer um tanto surreal: os números de telefone gratuitos utilizados na época. “Os números 800 eram muito importantes para as pessoas comprarem nossos jogos diretamente de nós, então eu queria um nome que também funcionasse como um número 800 e de todos os nomes que eu queria usar, apenas o 800-3DREALMS estava disponível,” explicou o executivo.

Duke Nukem 3D. Simplesmente um clássico! (Crédito: Reprodução/Unicorn Lynx/MobyGames)

Ou seja, se antes a marca não passava de uma ideia para tentar vender mais jogos ao utilizar uma palavra que estava na moda (3D), podemos dizer que hoje ela não chega a ser nem isso. Muitas vezes um grande conglomerado adquire um estúdio devido às propriedades intelectuais que ele possui, às vezes faz isso para aproveitar o talento de seus criadores. Mas no caso da 3D Realms, o que o Embracer Group adquiriu foi apenas um nome e um logotipo, algo que durante vários anos serviu como fachada para a Apogee.

Como bem-dito por Scott Miller, “absolutamente ninguém trabalhou na 3D Realms durante os anos 90 ou 2000. Era a Apogee durante aquela época.” Já atualmente, o estúdio que está situado na cidade dinamarquesa de Aalborg responde à Saber Interactive e está trabalhando na criação de vários títulos em colaboração com a Slipgate Ironworks. Entre eles temos o Wrath: Aeon of Ruin, Kingpin: Reloaded, SiN: Reloaded, Tempest Rising e Phantom Fury.

Fonte: Time Extension

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