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Motorola Moto G8 Power: muita energia, pouca performance — Review

O Moto G8 Power traz uma suculenta bateria que oferece excelente autonomia, mas performance inconstante aparece mais uma vez

4 anos atrás

O Moto G8 Power é a mais nova versão do celular intermediário da Motorola focado em autonomia,  com uma bateria de 5.000 mAh que dura até dois dias longe da tomada. Ele também traz pela primeira vez uma tela Full HD+ e mais câmeras, incluindo uma telefoto de 2x, mas a performance, assim como a de seus "irmãos", dá umas belas escorregadas.

Motorola / Moto G8 Power

A evolução do modelo justifica os R$ 1.599 pedidos pela Motorola? Eu testei o Moto G8 Power por duas semanas e conto o que achei nos próximos parágrafos.

Design

O Moto G8 Power segue o mesmo design de seus irmãos: construção sólida com um corpo em plástico glossy, sem curvas nem barrigas. O "calombo" das câmeras é coisa do passado, e as mesmas agora são dispostas na lateral superior esquerda da traseira, em um design de pílula com exceção do sensor Ultrawide.

O logo da Motorola é o leitor de impressões digitais, que fica em uma boa posição, e o modelo Azul Atlântico é bem bonito, fugindo do "mais do mesmo" do Preto Titanium, a outra opção para quem quer manter-se no clássico.

Motorola / Moto G8 Power

Por ser de plástico, a traseira está sujeita a riscos mas pensando nisso, a Motorola envia uma capinha de silicone com o kit, que é muito bem-vinda )e necessária). A bandeja de cartões continua híbrida, podendo acomodar dois SIMs de números diferentes, ou apenas um e o cartão de memória microSD.

Logo, o consumidor ainda terá que optar entre usar dois números, ou apenas um e expandir a memória interna.

Tela e som

A Motorola moveu o Moto G8 Power na escala de aparelhos da linha. Antigamente o penúltimo na ordem do mais potente ao mais fraco, hoje ele (em tese) é o segundo mais poderoso da família, ficando atrás apenas do Moto G8 Plus, o que é questionável. Mais sobre isso a seguir.

Mas falemos da tela, que deixou de ser apenas HD+ e passou a ser um LCD IPS Full HD+, com 6,4 polegadas e resolução de 2.300 x 1.080 pixels. Há uma excelente reprodução de cores, e a maior quantidade de pixels lhe permite ter um aspecto menos simples e mais caprichado.

O notch, em forma de furo no canto superior esquerdo é discreto, e dependendo do que está sendo reproduzido, fica oculto a não chega a incomodar. O ângulo de visão é muito bom e quase não dá para notar distorções de cores.

Motorola / Moto G8 Power

O som, emitido pela única saída inferior é compatível com Dolby Audio, que oferece uma performance razoável na hora de ouvir músicas e sons de jogos, mas como sempre, não é estéreo e não tem uma grande definição de graves e agudos.

Assim, a máxima permanece: para uma melhor qualidade sonora, use fones de ouvido com cabo (pela porta P2, ainda presente) ou wireless, ou caixas de som Bluetooth.

Software

A Motorola não inventa moda com o Android customizado que instala na linha Moto G, até para manter a familiaridade. Com o moto G8 Power, temos o Android 10 levemente alterado que traz o Moto Ações, o conjunto de gestos para ativar a câmera ou a lanterna, e o Moto Tela, que ativas as notificações com a tela bloqueada.

Quem vem de outros modelos da família não sentirá nenhuma estranheza aqui.

Motorola / Moto G8 Power

A novidade fica por conta do Moto Audio, um auxiliar que suporta Dolby Audio que otimiza a performance do som de acordo com o que está sendo reproduzido. Uma vez no modo "Automático", o software se encarrega de refinar a reprodução por conta, mas você também pode selecionar presets definidos pelo fabricante para música, filmes ou jogos, ou criar o seu perfil de acordo com as suas preferências.

Hardware, desempenho e autonomia

O Moto G8 Power traz processador octa-core Snapdragon 665, com clock de até 2 GHz, 4 GB de RAM e 64 GB de espaço interno. Sim, é o mesmo kit presente no Moto G8 e no Moto G8 Plus, e tal qual como aconteceu com seus irmãos, a performance é menos do que o ideal. A única explicação plausível é que a Motorola otimizou muito mal o conjunto e não corrigiu os problemas vistos no topo da linha, que saiu antes, ao repetir o hardware nos modelos mais recentes.

Jogos pesados como Asphalt 9: Legends e Dissidia Final Fantasy: Opera Omnia rodam de forma razoável, embora o primeiro só seja executavo com gráficos no médio e uma leve queda nos quadros. Títulos mais leves, porém comedores de bateria como Pokémon GO e Azur Lane se saíram melhor, mas o segundo apresentou lags (atrasos) no modo de 60 fps, principalmente em momentos com muitos elementos na tela, algo típico em um shoot 'em up.

Desta vez, pelo menos não houve nenhum bug de fechamento de apps e jogos, mas o multitarefa também não é tão rápido, ainda que o aparelho não mate processos. É bizarro admitir isso, mas o Moto G8 Play, com processador MediaTek e o mais fraco da linha, entrega a mais estável performance entre os quatro modelos, mesmo com metade da RAM (2 GB) e espaço interno (32 GB).

Motorola / Moto G8 Power

A bateria, por outro lado agradou. Com 5.000 mAh, ela é capaz de manter o Moto G8 Power longe da tomada por mais de dois dias, em um ritmo de uso básico a moderado, ou até três, se você for MUITO conservador. Em meus testes, o tirei da tomada às 8:00 e rodei 2 horas de Netflix, 2 horas de Deezer, 1 hora de jogos (Pokémon GOAsphalt 9: Legends e Azur Lane, 20 minutos cada) e navegação durante o dia, com 4G ou Wi-Fi e o brilho no máximo.

Às 18:00, a bateria estava em um excelente marca de 53%, muito boa mesmo forçando a barra. O carregador TurboPower de 15 W, que acompanha o kit levou 30 minutos para ir de 0 a 26%, e duas horas e 45 minutos para injetar uma carga completa. Not great, not terrible, apenas básico.

Câmeras

O kit de câmeras é quase igual ao presente no Moto G8: de cima para baixo, temos  uma Ultrawide com 8 megapixels e abertura f/2,2, uma Wide com 16 MP e f/1,7 e uma macro com 2 MP e f/2,2. A diferença é a inclusão de uma telefoto de 8 MP e f/2,2 abaixo das demais, no lugar do foco laser.

A performance de câmera é bem similar à vista no Moto G8, com uma certa lentidão na hora de trocar entre os sensores.

Motorola / Moto G8 Power

Assim como visto no seu irmão, a dupla Wide/Ultrawide não é maravilhosa, entrega fotos com boa definição e cores em dias com muita luz, e vídeos na média. A telefoto segue o mesmo caminho, se limitando a não fazer feio com condições ideais de iluminação.

Tanto lá quanto cá, as três câmeras se limitam a ser apenas corretas e básicas e não pisam na bola. A definição nas bordas cai um pouco, bem como a qualidade geral conforme a iluminação diminui.

Wide com HDR

Wide sem HDR

Ultrawide com HDR

Telefoto 2x

Em ambientes internos, assim como em fotos noturnas, a quantidade de ruído aumenta bastante e a qualidade das fotos vai para o vinagre. Assim, para melhores resultados é importante ter uma fonte artificial de luz. Fotos externas pode esquecer, você vai passar raiva.

Wide com HDR

Wide sem HDR

A macro, com 2 MP e abertura f/2,2 é igual à presente no Moto G8, ou seja, uma decepção. Ainda que consiga capturar elementos a 2 cm de distância, a baixa resolução manda a qualidade das fotos para a cucuia.

Minha opinião permanece: um sensor para macros tão fraco destrói o sentido de ter uma câmera dedicada a esse tipo de fotografia.

A câmera selfie, por sua vez traz 16 megapixels e abertura f/2,0, o dobro da resolução da presente no Moto G8, ainda que com a mesma abertura de diafragma. Para fotos dedicadas a redes sociais e similares, ela é mais do que o suficiente e consegue até mesmo captar alguns detalhes e imperfeições na pele.

Claro, o que vale para as câmeras principais também é útil aqui, quanto mais luz, melhor a performance. O modo de embelezamento, ativado por padrão, não é tão maluco e se comporta direitinho.

Conclusão

O Moto G8 Power peca nas mesmas coisas que o Moto G8 e o Moto G8 Plus: um hardware interno otimizado com cuspe e barbante, que deveria dar conta do recado em tarefas simples e mais elaboradas, mas que derrapa feio e apresenta uma performance irregular inexplicável para suas especificações.

As câmeras não são geniais, entregando uma boa qualidade de fotos em condições ideais de iluminação, mas a tela e a bateria merecem elogios: a primeira por ter uma boa definição de cores e mais resolução, que a linha Power não tinha acesso até então, e a segunda por aguentar mais de dois dias sem recarga.

Por fim, a câmera telefoto é um bom adicional para um modelo que se concentrava apenas em ser uma bateria que por acaso, tinha um smartphone de entrada acoplado.

Motorola / Moto G8 Power

O que nos traz ao momento de bater o martelo: o preço sugerido de R$ 1.599 não faz o menor sentido para um celular que escorrega na banana na hora de rodar apps em multitarefa e games mais comilões, e talvez seja melhor procurar por similares em empresas concorrentes.

Minha sugestão, caso você esteja inclinado a comprar o Moto G8 Power, é acrescentar alguns trocados e fechar com o Motorola One Hyper, que tem uma performance muito melhor e uma autonomia excelente (mesmo com uma bateria de 4.000 mAh), com suporte a recarga ultrarrápida de 45 W.

O único ponto negativo é a ausência da câmera telefoto, porque a macro, como se apresenta no Moto G8 Power, é totalmente dispensável.

Motorola Moto G8 Power — Ficha Técnica

  • Processador: SoC Qualcomm Snapdragon 665, octa-core Kryo 260 com 4 núcleos Gold de 2 GHz e 4 Silver de 1,8 GHz;
  • GPU: Adreno 610;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Armazenamento interno: 64 GB;
  • Armazenamento externo: Suporta cartões microSD de até 512 GB;
  • Tela: LCD IPS de 6,4 polegadas, proporção 19,5:9 e resolução de 2.300 x 1.080 pixels (399 ppi), com notch em forma de furo;
  • Câmera traseira: Conjunto quádruplo, com:
    • Wide de 1/2,8" com 16 megapixels, abertura f/1,7 e autofoco com detecção de fase;
    • Telefoto de 8 megapixels, com abertura f/2, zoom óptico de 2x e autofoco com detecção de fase;
    • Ultrawide (118°) de 8 megapixels e abertura f/2,2;
    • Macro de 2 megapixels e abertura f/2,2;
    • Flash LED e captura vídeos em 4K a 30 fps;
  • Câmera selfie: 16 megapixels, abertura f/2,0, captura vídeos em 1080p a 30 fps;
  • Sensores: proximidade, acelerômetro, giroscópio e leitor de impressões digitais;
  • Conectividade: 4G/LTE Dual-SIM (bandeja híbrida), Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac, Bluetooth 5.0, AD2P, BLE, A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO;
  • Bateria: 5.000 mAh, com suporte a carregamento rápido de 15 W;
  • Portas: USB 2.0 Type-C e P2 para fone de ouvido;
  • Sistema operacional: Android 10;
  • Dimensões: 156 x 75,8 x 9,6 mm;
  • Peso: 197 g;
  • Cores: Azul Atlântico e Preto Titanium.

Pontos fortes:

  • Design atraente;
  • Tela Full HD+, finalmente;
  • A câmera telefoto é um bom extra;
  • Bateria que dura, dura, dura...

Pontos fracos:

  • Câmera macro fraca demais;
  • Desempenho irregular, de novo.

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