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75 por cento do Linux foi escrito por profissionais

Ao contrário do que prega a comunidade Linux, apenas 25% do kernel teve colaboração de desenvolvedores amadores / independentes.

14 anos atrás

Sempre imaginei o mundo GNU/Linux como uma enorme comunidade de bons programadores. Estes dispostos a melhorarem de facto o kernel e resolver diversos problemas de compatibilidade com o hardware, dando-lhe alguma utilidade.

Lembro até daquele caso do médico francês que escreveu drivers para centenas de webcams, algo que ilustra o que eu particularmente admiro em tal mundo utópico, que parece ser repleto de pingüins cantando ‘We Are The [Linux] World’.

Bom, a época em que “homens eram homens e compilavam seus sistemas do zero” parece ter terminado por conta de uma infeliz descoberta, feita por alguns desses nobres colaboradores: não existe ‘almoço grátis’.

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Durante a Linux.conf.au 2010, Jonathan Corbet, fundador do Linux Weekly News, apresentou uma análise sobre as contribuições no kernel entre as versões 2.6.28 e 2.6.32*:

No período compreendido entre 24 de dezembro de 2008 e 10 de janeiro de 2010, foram incluídas 2,8 milhões de linhas de código, abrangendo 55 mil mudanças importantes. Isso nos dá algo em torno das 7 mil novas linhas de código-fonte incluídas diariamente no kernel.

Esses números só surpreendem quando Corbet detalha a origem de tais mudanças no código do kernel GNU/Linux: 18% vieram de esforços voluntários da comunidade, 7% não conseguiram ser classificadas (anônimas?) e 75% de todas as contribuições foram devidamente pagas, ou seja, vieram de pessoas que trabalham para grandes corporações, interessadas na melhoria do Linux.

Sobre a participação de tais corporações no código-fonte adicional, temos os seguintes dados: a Red Hat liderou as contribuições no código-fonte com 12% de todas as inclusões; seguida da Intel, com 8%; IBM e Novell com 6% cada e Oracle com 3%.

É interessante notarmos, em tal análise, a ausência da Google que, apesar de contar com sistemas operacionais baseados em Linux, como o Android e Chrome OS (este desenvolvido em conjunto com a Canonical), tende a não colaborar com o kernel, embora pareça desejar fazê-lo.

Corbet diz que, atualmente, as empresas estão mesmo interessadas em dar suporte ao GNU/Linux, facilitando a inclusão de novos dispositivos sem tantos aspectos problemáticos no passado, como o de ter que fazer, literalmente, alguma engenharia reversa por conta de algum fabricante não querer compartilhar informações sobre a arquitetura de tal hardware.

Algum leitor do Meio Bit ainda tem problema com o hardware no Linux? O sensato é reclamar à fabricante, pois a comunidade talvez não tenha verba suficiente para pagar bons programadores…

Fonte: APC Magazine, através do Slashdot, via Alt1040 com dica do Wesley Moraes.

*Bom lembrar que o suporte ao USB 3.0, por exemplo, veio desde a versão 2.6.31 do kernel, exceto nos chipsets Intel.

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