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Ciência revela: o T-Rex não era nenhum Usain Bolt

Simulação de IA e aprendizado de máquina ajudam a derrubar mais um mito envolvendo os dinossauros: dado seu tamanho e peso o “temível” T-Rex não era capaz de correr.

7 anos atrás

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A ciência é uma mãe cruel: altamente revisionista, ela não se importa com seus dogmas e crenças e se encontrar evidências de fatos que desmintam tudo o que a comunidade acreditou e teve como certo por décadas ou mesmo séculos, tais conceitos serão derrubados sem dó nem piedade. Que o digam os dinossauros, que de lagartos terríveis acabaram se tornando galinhas gigantes.

Como sabemos, as aves são os parentes mais próximos e herdeiros diretos dos dinossauros, mas por anos e anos se convencionou a ideia de que eles seriam répteis aterrorizantes, tanto em tamanho quanto na aparência. A ciência no entanto foi aos poucos demolindo essa imagem ao revelar que boa parte deles, mesmo os mais amedrontadores como o Deinonychus (o "Raptor" de Jurassic Park, sendo que o verdadeiro Velociraptor era bem menor) eram dotados de… penas.

Desses talvez o que mais sofreu tenha sido justamente o outrora rei dos dinossauros, o Tiranossauro Rex. Considerado o predador definitivo, haviam diversas incongruências entre o que se pensava dele e o que os fósseis sugeriam. Primeiro, seu peso e tamanho eram extremamente inadequados para um caçador; segundo, o modo que ele se locomovia não era ereto como se pensava, ele possuía uma postura quase que totalmente horizontal (algo que aparece no filme).

Curiosamente o T-Rex é justamente um dos dinossauros com a configuração mais próxima das aves, especialmente as terrestres de pequeno porte como as galinhas. Some-se a isso o fato de que seu suposto rugido não seria mais do que um som próximo ao grasnar de um pato (como em todos os seus primos) e pronto, sua moral foi para a vala. Ele ganhou um pouquinho mais de dignidade após novos estudos indicarem que ele e outros grandes tiranossaurídeos não tinham penas, mas escamas.

Algumas pesquisas indicam que o T-Rex sequer fosse um caçador: ele se assemelharia mais a um grande carniceiro e carnívoro oportunista, visto que seu peso e proporções não o tornariam ideal para a tarefa de correr atrás de comida. E “correr” é exatamente a palavra chave aqui: uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Manchester, utilizando IA e aprendizado de máquina compilaram inúmeros dados para recriar o dino digitalmente. A equipe já é experimentada nisso, em 2013 eles foram capazes de trazer o Argentinossauro de volta, este um dos maiores dinossauros que já existiu.

Segundo o dr. William Sellers, líder da pesquisa foi empregado o sistema N8HPC, de altíssima precisão para criar um modelo em 3D fiel ao T-Rex, enquanto o modelo de IA com aprendizado não-supervisionado tratou de mastigar todos os dados e realizar cálculos para simular como o lagartão se movia. Os resultados trouxeram outra enorme decepção: o T-Rex não poderia jamais ser capaz de correr, logo ele não teria a habilidade de perseguir suas eventuais presas. Mesmo seu caminhar seria extremamente desengonçado por conta de seu corpo desproporcional, e um humano a pé poderia fugir dele sem dificuldade.

Conclusão: Michael Crichton e Steven Spielberg contaram uma tremenda lorota ao fazer Sir Richard Attenborough dizer que o T-Rex “foi visto correndo a 51,5 km/h”, mas até aí não haviam tantos dados disponíveis na época em que o livro Jurassic Park foi lançado, em 1990.

Max Leuftink — Jurassic Park- Must Go Faster!

Sendo o T-Rex um dinossauro com uma locomoção bastante prejudicada, a hipótese de que ele seria não mais do que um urubu sem asas gigante ganha cada vez mais força; diversos cientistas já defendiam que caso o dino fosse realmente capaz de desenvolver grandes velocidades (alguns falam em até 70 km/h), uma queda seria invariavelmente fatal para o espécime: o peso exagerado de sua cabeça acarretaria severas lesões e trumatismo craniano extenso, sem falar que ele não teria como se levantar facilmente por conta de seus bracinhos atrofiados, se tornando uma presa fácil.

Claro que não é agradável ver um mito de nossa infância ser desmoralizado por fatos, mas essa é a beleza da ciência: ela se corrige o tempo todo conforme descobrimos novos dados e evidências.

Você confere o artigo completo aqui (cuidado, PDF).

Fonte: University of Manchester.

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