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Falsas lembranças implantadas em cérebro de camundongo, breve numa Rekall próxima de você

Cientistas conseguiram implantar memórias falsas no cérebro de camundongos, em uma experiência para entender o processo pelo qual o cérebro humano cria lembranças de coisas que não aconteceram.

11 anos atrás

Total Recall

Crédito da imagem: reprodução.

Cientistas conseguiram implantar memórias falsas no cérebro de camundongos, em uma experiência para entender o processo pelo qual o cérebro humano cria lembranças de coisas que não aconteceram.

Essas memórias são um problema, e já houve casos em que inocentes foram condenados em julgamentos, tudo baseado em testemunhas oculares que tinham certeza do que tinham visto. Só que não.

Para estudar como essas memórias se formam no cérebro humano, Susumu Tonagawa, neurocientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e sua equipe manipularam neurônios específicos no cérebro dos camundongos.

As memórias são formadas por diversos elementos, incluindo a lembrança de objetos, espaço e tempo. Essas lembranças são registradas através de mudanças químicas e físicas nas células cerebrais, conhecidas como engramas. Segundo Tonagawa, memórias falsas e verdadeiras são criadas pelo mesmo mecanismo.

A equipe usou uma técnica conhecida como optogenética, que permite o controle individual das células cerebrais. Eles manipularam células do hipocampo, região cerebral envolvida na formação de lembranças, para destacar o gene para uma proteína chamada channelrhodopsina. Quando células contendo channelrhodopsina são expostas à luz azul, elas tornam-se ativas. os pesquisadores também modificaram células do hipocampo para que a proteína fosse produzida em quaisquer células que o camundongo estivesse usando para gerar suas lembranças.

Na experiência, o camundongo foi colocado em uma câmara que ele pode explorar à vontade, enquanto as células modificadas produziam a channelrhodopsina. No dia seguinte, o mesmo camundongo foi colocado em uma segunda câmara, onde recebeu um pequeno choque elétrico, para registrar uma resposta de medo. Ao mesmo tempo, expuseram-no à luz para ativar lembranças da primeira câmara.

No fim, colocaram o camundongo na primeira câmara, onde ele não recebeu choque algum. O camundongo demonstrou medo, associando os choques da segunda com a primeira. A lembrança artificial estava criada.

Tonagawa acredita que algo semelhante acontece com humanos, que acabam associando pensamentos a lugares e situações.

Quem nunca lembrou de uma cena de filme que ao rever revela-se diferente do que pensávamos?

Chris French, que pesquisa falsas lembranças na Universidade de Londres, disse que os resultados são muito importantes para o entendimento desse processo:

Pesquisadores sempre reconheceram que a memória não funciona como uma câmera de vídeo, gravando tudo que acontece fielmente. Ao contrário, é um processo de reconstrução que envolve tanto o que é real como outras fontes.

O modelo criado pela equipe do MIT vai ajudar cientistas a fazer perguntas cada vez mais complexas sobre as lembranças humanas. Há muitas questões a serem respondidas, como se tanto situações prazerozas quanto desagradáveis podem gerar falsas lembranças, ou se podem ser criadas sobre outras pessoas (no caso, camundongos), comida ou objetos.

Fonte: The Guardian

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