Carlos Cardoso 8 anos atrás
Nos velhos tempos toda igreja tinha uma relíquia. Reza a lenda que os pedaços da Cruz de Cristo espalhados pela Europa dariam para construir a Arca de Noé. Ossos aleatórios viravam relíquias de santos. Santos esquisitos, com várias pernas e dezenas de dedos, mas o importante era o visitante se admirar diante da relíquia. Hoje os visitantes de museus (exceto os do Criacionismo) são bem mais críticos e exigentes.
O problema é que a maioria dos itens nos museus são únicos, se você quiser ver a Cruz de Coronado, ou a Máscara Mortuária de Tutankamon, só há um lugar no mundo onde isso é possível. Ótimo para agentes de viagem, péssimo para professores.
Isso é resolvido com réplicas, algumas vezes alteradas para fins didáticos, e aí entra Museum Men, novo reality do History Channel, estranhamente sem aliens envolvidos.
Museum Men talvez seja a série mais dentro do contexto original do canal, que hoje vive de lojas de penhores, basicamente. Ou, no caso do Brasil, daquele lixo do Top Gear norte-americano, ou aquela abominação chamada Várzea SA.
A série trata do dia-a-dia da Creative Arts Unlimited, uma empresa da Flórida especializada em criar réplicas de peças históricas para museus. No primeiro episódio o Museu de História de São Petersburgo, Flórida, precisa dar um up na exposição da Nossa Senhora do Nilo, uma das poucas múmias egípcias dos Estados Unidos. A empresa é contratada para produzir réplicas do sarcófago de Tutankamon, de seu trono e de uma máscara de Anubis.
O marceneiro encarregado aprende as técnicas para fazer o trono, construindo uma peça de mobília de um tempo em que pregos ainda não haviam sido inventados.
Em outro episódio eles recriam um mini-submarino nazista, com direito a desgaste no casco, interior indistinguível do autêntico e marcas de uso. Tudo usando… madeira.
Nos próximos episódios vão criar réplicas do módulo lunar da Apollo 13 e do Bell X15, avião supersônico de Chuck Yeager.
Normalmente — admito — o History tenta enfiar História em Trato Feito, quando sobra tempo entre as aventuras de Chumlee. Já em Museum Men o episódio É História, a pesquisa de reconstrução dos artefatos é entremeada com imagens reais e descrições.
Hoje canais “de ciência” passam pseudodocumentários sobre sereias, ou inacreditáveis “realities” cujo grande ponto de venda é ter gente pelada. Museum Men é quase alienígena frente a essa tendência.
Pensando bem faz sentido sim passar no History.
Museum Men passa no canal H2, na civilização. Aqui não sabemos se chegará a passar, pois o History só manda release pra blogueiras de moda. Na locadora do Paulo Coelho — dizem — está disponível.