Castlevania ReVamped: reimaginando um clássico

Eu não lembro quando foi a primeira vez que joguei Castlevania, mas sei que após conhecer o Symphony of the Night, sempre fiquei imaginando como aquele título — que já considero fantástico — ficaria caso tivesse sido criado no estilo Metroidvania. Pois o meu desejo foi realizado com um jogo criado por um fã e batizado como Castlevania ReVamped.

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Produzido com o Game Maker Studio 2, o jogo usou como base o título lançado em 1987 para o Nintendinho e o expandiu adicionando diversos elementos para fazer com que a exploração do castelo seja mais aberta.

Isso significa que aos poucos encontraremos itens e desbloquearemos habilidades que nos darão acesso a áreas que antes pareciam inacessíveis, como em qualquer Metrodivania. Como exemplo posso citar a capacidade de saltar nas paredes, realizar um escorregão que nos permitirá entrar em pequenos espaços ou disparar o lendário chicote Vampire Killer em oito direções.

Apenas esses recursos já seriam suficientes para me fazer recomendar o Castlevania ReVamped, mas a criação de Lv.4 Games ainda conta com diversas outras melhorias que tornam a experiência bem mais interessante. Entre elas estão cartas que podem ser compradas de comerciantes e que nos tornarão mais fortes.

Durante o jogo ainda teremos acesso a um mapa para nos localizarmos no labiríntico castelo, um bestiário com imagem e uma descrição de cada monstro e a possibilidade de salvar o progresso, o que sem dúvida torna a jogatina muito mais agradável.

Apesar de ter achado o controle de Simon Belmont um pouco impreciso, com o personagem parecendo ter menos peso do que deveria, Castlevania ReVamped consegue ser mais divertido e acessível, com o desafio entregue não sendo tão punitivo quanto o original. Porém, se você quiser algo mais difícil, saiba que além do normal, ele conta com dois outros níveis de dificuldade.

Contudo, o que mais chamou minha atenção nessa versão foi a atenção aos detalhes por parte do seu criador. No jogo os inimigos parecem muito mais inteligentes que os encontrados no NES, como os morcegos, que agora perseguem o herói pela tela. Até mesmo o filtro que imita uma tela CRT funciona melhor do que muitas coletâneas que costumamos ver por aí e se você for jogar com um gamepad, saiba que existe suporte a vibração.

Também fiquei feliz ao descobrir que, ao contrário do que o trailer de divulgação abaixo dá a entender, a fantástica trilha sonora original foi mantida. Já na parte visual, embora os gráficos venham direto do console 8-bits da Nintendo, jogar em uma tela wide faz com que os cenários pareçam mais amplos e bonitos.

Para quem prefere um Castlevania mais linear, algo como esse ReVamped pode parecer uma heresia, mas ainda assim, acredito que o trabalho realizado por Lv.4 Games merece todos os elogios. Enquanto a Konami não resolve agir e obrigar que essa incrível homenagem seja tirada do ar, os links para as versões de Windows e Linux estão disponíveis gratuitamente no Youtube do desenvolvedor.

A única coisa que lamento é não poder jogar isso em um portátil. Como não possuo um Steam Deck, torço para que um dia alguém realize o louvável trabalho de adaptar o Castlevania ReVamped para um desses aparelhos chineses que caíram no gosto dos apaixonados por jogos retrô, como os da Anbernic, da Powkiddy ou TrimUI.

Esperar algo assim pode parecer um sonho improvável, mas recentemente adquiri um R36S e descobri que com ele posso aproveitar vários títulos lançados originalmente para PC, como o AM2R, Stardew Valley, Axiom Verge e até mesmo o Grand Theft Auto Vice City. Essas conversões acontecem através de um sistema chamado PortMaster e embora alguns títulos exijam passos adicionais, no geral o processo é bastante simples.

O que reforça minha esperança de que um dia eu possa jogar o Castlevania ReVamped no meu portátil chinês é o fato de o remake do Castlevania II: Simon's Quest já ter recebido tal tratamento.

Contudo, o que também não sabemos é se a Konami permitirá que essa bela homenagem feita por Lv.4 Games continue sendo distribuída. No passado a empresa interferiu no remake que um fã estava criando com a Unreal Engine, mas o mesmo não aconteceu com o Castlevania The Lecarde Chronicles 2.

Embora a Konami não seja tão radical quanto a Nintendo, o ideal é que os interessados corram para garantir suas cópias do ReVamped, pois nunca sabemos como está o humor daqueles que comandam as grandes editoras. Vai que algum executivo fica bravo porque alguém criou algo que poderia muito bem ter sido feito internamente e que provavelmente lhes renderia muitos dólares?