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Resident Evil 3 — Review

Com gráficos de ponta, jogabilidade melhorada e até um modo multiplayer assimétrico, remake do Resident Evil 3 mostra como a Capcom vem se superando

4 anos e meio atrás

Quando em 2019 a Capcom lançou uma nova versão do Resident Evil 2, ela acabou criando um problema para si mesma. Devido ao altíssimo nível de qualidade daquele jogo, a exigência sobre qualquer novo remake seria imensa e por isso existiu muita expectativa em torno da volta do Resident Evil 3.

Resident Evil 3

Lançado originalmente para o PlayStation em 1999, Resident Evil 3: Nemesis nos colocava novamente no controle de Jill Valentine, cujo principal objetivo seria conseguir escapar de uma Raccoon City tomada pelos zumbis. A tarefa por si só já seria bem complicada, mas a equipe responsável pelo jogo resolveu aproveitar um conceito implementado no antecessor e incluir um perseguidor ainda mais mortal, o monstro que emprestava seu nome ao subtítulo do game.

Pois assim como vimos no remake anterior, neste o famoso (e tão odiado) estilo de controle do tipo tanque foi deixado de lado, assim como as câmeras fixas. Aqui a jogabilidade também funcionará como a de um game em terceira pessoa, o que torna a aventura muita mais dinâmica e na minha opinião, divertida.

Isso pode ser visto logo no início da campanha principal, quando após uma breve introdução participaremos de uma alucinante perseguição. Aliás, sequências de tirar o fôlego são constantes no Resident Evil 3, mas isso não significa que os momentos de tensão foram deixados de lado e que eventualmente seremos surpreendidos com situações assustadoras.

Cérebro x músculos

Portanto, ao contrário do que tínhamos no Resident Evil 2, o seu sucessor é um jogo muito mais voltado para a ação. Nele praticamente não temos quebra-cabeças para serem solucionados e a quantidade de zumbis a serem enfrentados é muito maior, além deles serem mais variados.

Como sempre gostei muito dos enigmas presente nos dois primeiros jogos, confesso ter ficado um pouco decepcionado com essa mudança de direção. Com isso não quero dizer que o ritmo mais rápido do Resident Evil 3 não tenha suas vantagens, já que este capítulo consegue passar uma boa sensação de estarmos num meio de um (bom) filme de terror/ação. Mas no fundo, eu adoraria ter que queimar uns neurônios entre uma cena mais movimentada e outra.

O lado positivo é que a Capcom aproveitou este foco na ação para implementar algumas novidades e uma delas foi a possibilidade de esquivarmos dos ataques dos mortos-vivos. Quando executado no momento correto, o movimento nos deixará a uma distância relativamente segura dos monstros, nos permitindo assim revidar ou fugir. A esquiva pode ser essencial quando nos depararmos com um grande número de zumbis, além de ser uma das poucas maneiras de evitarmos os ataques do Nemesis.

Outra mudança foi na duração da faca. Se no jogo anterior só podíamos utilizá-la algumas vezes, aqui ela não estragará, tornando-a uma arma muito importante. É verdade que o poder de ataque da faca é baixo, exigindo diversos golpes para derrotar mesmo os mais fracos dos zumbis, mas o simples fato de podermos golpear aqueles que estiverem caídos ou destruir caixas com itens já será o suficiente para pouparmos muita munição.

Um jogo de gato e rato

Contudo, se tem algo que contribui muito para trazer ação ao jogo, inegavelmente é a presença do Nemesis. Funcionando como um perseguidor implacável, esta arma biológica consciente está em constante evolução e principalmente, como ele pode aparecer a qualquer momento, só conseguiremos relaxar quando entrarmos numa sala segura.

Porém, não será apenas o medo de um iminente encontro que nos fará ficar atento, mas também o que ele poderá nos trazer. Isso porque a cada vez que nos depararmos com o nosso arqui-inimigo ele poderá trazer alguma novidade, uma carta na manga que faz com que o confronto seja ainda pior e imprevisível.

Para muitas pessoas, o Mr. X (ou Tyrant) ainda merece o status de melhor monstro da franquia, mas pela sua força, capacidade de mutação e monstruosidade, acredito que o Nemesis consegue superá-lo. O simples fato de ouví-lo gritando S.T.A.R.S. ao longe já serve como motivo suficiente para fazer gelar a espinha.

A beleza na destruição

Mas tenho que confessar: se existia um aspecto do Resident Evil 2 que eu não esperava que poderia ser melhorado nesta continuação, era a parte visual. Embora a parte de iluminação e texturas não estejam muito diferentes do que vimos no jogo anterior, o Resident Evil 3 possui cenários ainda mais detalhados e que muitas vezes me fizeram parar apenas para ficar admirando-os.

Até por o jogo se passar num ambiente mais aberto, com boa parte da cidade podendo ser explorada, já contribui para isso e a beleza caótica presente nas ruas de Raccoon City é algo impressionante. Some a isso zumbis extremamente detalhados, um Nemesis que para ser mais realista (e assustador) só precisava exalar cheiro de carne podre, e fica fácil imaginar que a Capcom atingiu o ápice da sua capacidade nesta geração.

Alguns até poderão reclamar das mudanças feitas na aparência dos personagens, especialmente a Jill e o Carlos, mas isso não foi algo que me incomodou. Para mim, o importante é que a animação seja convincente e que mesmo os humanos não parecem deslocados da direção artística que se propõe a ser mais realista. No fim das contas, essa será uma questão de gosto, mas o que não dá pra dizer é que os modelos não parecem reais.

Os heróis da resistência

Disponível para todos que adquirirem o remake do Resident Evil 3, o Resident Evil: Resistance é um modo multiplayer assimétrico que deverá fazer a alegria de todos que gostam de reunir alguns amigos para jogar online. Nos mesmos moldes de títulos como 13th: The Game e Dead by Daylight, aqui teremos um time formado por quatro pessoas tendo que enfrentar um jogador que assumirá o papel de vilão.

No caso dos sobreviventes, cada personagem contará com habilidades próprias que deverão ser combinadas para uma maior chance de conclusão da missão. O objetivo deles será tentar fugir da instalação a que foram enviados involuntariamente e por isso a cooperação entre os jogadores será fundamental.

Contra eles estará a mente diabólica responsável pelos testes, figuras conhecidas da franquia como Annette Birkin, Alex Wesker e Ozwell E. Spencer. Esse jogador acompanhará a ação dos demais através de câmeras espalhadas pela fase, com ele tendo acesso a cartas aleatórias que lhes permitirão invocar zumbis, armadilhas e até mesmo criaturas especiais, como o Tyrant.

O que ajuda ao aumentar o dinamismo das partidas é o fato de que praticamente todas as ações alteram o tempo restante para a fuga. Um sobrevivente matou um zumbi? O cronometro será acrescido de alguns segundo. Um morto-vivo abateu um dos jovens? Então os demais terão menos tempo para escapar.

Embora conte com diversos mapas e permita que o vilão assuma o controle de zumbis ou dos inimigos especiais, o grande risco de algo como o Resident Evil: Resistance está em se tornar repetitivo. O problema é que os estágios são pequenos, com os objetivos dos sobreviventes não variando muito de consertar um gerador de energia ou encontrar algum item.

A Capcom poderá solucionar isso ao manter o modo abastecido com novidades, com algumas já estando previstas para serem lançadas. De qualquer forma, esta é uma adição interessante, que pode aumentar consideravelmente a vida útil do jogo e que poderá render bons momentos de diversão se você conseguir reunir mais quatro amigos para jogar.

O brilho eterno de uma mente sem lembranças

Embora eu não consiga afirmar que o remake do Resident Evil 3 seja superior ao seu antecessor, poder jogá-lo foi uma experiência até mais gratificante e o principal motivo para isso foi tê-lo encarado quase como um jogo inédito. No caso do Resident Evil 2, eu ainda lembrava de muitos detalhes do original, o que sabe-se lá porque, não acontecia com aquele que o sucedeu.

A lembrança do Nemesis me perseguindo pelas ruas de Raccoon City ainda estava guardada em algum canto do meu cérebro, mas praticamente todo o resto eu havia esquecido completamente. A parceria com Carlos Oliveira, um maior foco na ação, as instalações no subsolo da cidade… Foram situações muito legais de (re)viver e que mostram como um bom remake pode agradar tanto os fãs mais fervorosos, quanto aqueles que simplesmente querem conhecer a história de um jogo que se tornou um clássico.

Além disso, com o Resident Evil 3 a Capcom mostrou que a qualidade atingida pelo projeto anterior não foi ao acaso. Com este jogo a empresa se consolida como uma das que melhor sabe tratar seu legado e por isso já fico desejando que o mesmo tratamento seja dado a outra pérola do seu catálogo, o Resident Evil Code: Veronica.

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