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Samsung e Motorola interrompem produção de celulares no Brasil [Atualizado]

Surto de coronavírus na China reduziu envio de componentes de celulares ao Brasil; preços de eletrônicos devem subir, segundo especialistas

4 anos atrás

O surto de coronavírus na China está causando efeitos no Brasil: a Samsung e a Motorola interromperam a produção de celulares no país, devido a falta de componentes enviados de lá para cá.

Elas não são as únicas empresas de eletrônicos no mercado nacional a enfrentarem o desabastecimento, que também afetará o bolso do consumidor: especialistas acreditam que os preços devem subir.

Linha de montagem da Samsung em Manaus

O movimento de ambas companhias já era esperado. Desde que o coronavírus começou a circular na China, o governo local vem realizando intensas campanhas de contenção da doença, que afetam também as inúmeras fábricas instaladas no país, que montam produtos e/ou fornecem peças para a manufatura localizada de diversas companhias de eletrônicos.

Essa dependência do País do Meio é geral: em 2019, a China liderou o ranking de importações de componentes eletroeletrônicos, com US$ 7,462 bilhões ou 42,2% do total. Com as fábricas chinesas reduzindo turnos ou sendo impedidas de reabrir, como foi o caso da Foxconn, o fornecimento de peças para fora fica também prejudicado.

O Brasil é apenas mais um dos destinos dos componentes chineses, há a preocupação legítima de que o coronavírus irá prejudicar severamente o mercado de eletrônicos global, de produtos ao consumidor, como celulares, TVs, consoles de videogame (o Japão já enfrenta o desabastecimento do Nintendo Switch) e outros, como equipamentos especializados.

Mas falemos do Brasil. A fábrica da Samsung, localizada em Campinas (SP) foi a primeira a interromper temporariamente suas atividades, ao orientar os cerca de 2,5 mil funcionários a não irem trabalhar entre os dias 12 e 14 de fevereiro. O motivo, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, foi a falta de componentes. Os dias parados, no entanto, deverão ser compensados em turnos nos sábados de março.

A Flextronics, por sua vez, fez diferente: a empresa, responsável pela manufatura dos celulares da Motorola, deu 10 dias de férias coletivas a seus cerca de 2,2 mil funcionários, a partir desta segunda-feira (17). O motivo é o mesmo, a falta de peças para montar os produtos.

Preços de celulares e eletrônicos devem subir

O problema não se restringe à Motorola e Samsung: a preocupação no setor de eletrônicos é geral, com todas as empresas do país que dependem de componentes vindo da China prevendo que terão que interromper suas atividades mais cedo ou mais tarde, visto que não há nenhuma previsão da situação no País do Meio melhorar.

Motorola One Hyper / celulares

Segundo um levantamento da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 52% das cerca de 50 empresas pesquisadas já enfrentam problemas com falta de material, e 22% delas deverão interromper a produção já nas próximas semanas, se a situação não melhorar.

Obviamente, é o consumidor quem vai pagar a conta: segundo Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional de Bens de Comércio, Serviços e Turismo (CNC), os efeitos da dependência da produção chinesa e a crise no abastecimento terão consequências nos custos de produção, desde dias parados a custo extras com os funcionários (os sindicatos não vão deixar barato), e a provável busca por outros fornecedores, que levará a mais gastos. Inevitavelmente, esses valores serão repassados para os preços finais de praticamente todos os eletrônicos vendidos no Brasil.

Segundo Bentes, a atual preocupação do mercado varejista é com o câmbio, pois o dólar segue se valorizando em detrimento de outras moedas, principalmente de países emergentes. Não obstante, a retirada do Brasil da lista de países em desenvolvimento trará consequências na negociação de acordos comerciais com os Estados Unidos, principalmente num momento em que não é possível contar com a China.

O Meio Bit entrou em contato com Samsung e Motorola e fomos redirecionados à Abinee, que por sua vez reafirmou a posição oficial do setor de eletrônicos. Segundo o presidente executivo Humberto Barbato, os representados e a entidade "estão muito preocupados com os impactos na produção do setor" e "continuam avaliando a situação de perto".

Você pode conferir a posição oficial da Abinee aqui.

[Atualização às 16:32] Em nota enviada ao Meio Bit, a Samsung informa que "a fábrica de Campinas opera normalmente".

Com informações: Convergência Digital, Correio Braziliense

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