Carlos Cardoso 8 anos atrás
Ontem foi (quase) o dia. A SpaceX lançou o Jason-3, satélite de topografia oceânica da NASA. Foi mais um lançamento perfeito, essencial para um satélite que precisa ter sua posição conhecida com precisão de menos de 1 cm, para poder medir variações na altura dos oceanos de menos de 3 cm.
O Jason-3 foi lançado da Base Aérea de Vandemberg, na Califórnia. É a base usada quando o satélite é destinado a órbitas polares, pois os estágios descartados tem todo o Pacífico para cair.
A órbita polar é basicamente quando o satélite ao invés de seguir uma elipse em volta do equador, segue uma curva de Norte-Sul:
O lado ruim é que um lançamento em órbita polar não tem como aproveitar a rotação da Terra, isso significa mais combustível gasto, e menos para as manobras de reentrada. No caso do pouso em terra o Falcon 9 não só tem que frear, descer desacelerando e então pousar, como tem também que voltar mais de 200 km. Assim:
Na impossibilidade do pouso em terra (também teve um problema com licença ambiental ou algo assim) a SpaceX se programou para um pouso em alto-mar, em uma de suas balsas. A manobra consome menos combustível, por não necessitar voltar todo o trajeto horizontal até o ponto de lançamento:
O tempo não estava ajudando, a balsa permaneceu estável graças aos 4 propulsores, mas não podia fazer nada contra ondas de até 4 metros, mesmo assim o software do Falcon 9 funcionou como um relógio na chamada Queima Suicida, onde é preciso calcular o tempo exato de acionamento do motor Merlin, para que a velocidade de descida chegue a zero quando a altitude chegar a zero.
Não é fácil mesmo quando a altitude não varia + 3 ou – 3 metros em meio segundo. Mesmo assim segundo alguns usuários do Reddit deduziram, a SpaceX aprendeu a analisar o ciclo das ondas, identificar um padrão e regular a queima para que a velocidade seja zerada no momento específico.
Só não contaram com um problema: a perna número 3 não travou. Há a suspeita que foi gelo causado pelo excesso de neblina durante a decolagem, mas não importa, esse foi o último exemplar do Falcon 9 1.1, modelo antigo. A perna não travando foi um acontecimento infeliz, e fora isso teria sido um pouso perfeito, veja:
A culpa foi de um engaste que não funcionou. Engastes são aquelas travas usadas por exemplo para prender as brocas nas furadeiras:
A causa precisa, se foi gelo ou não saberemos em alguns dias.
O próximo lançamento da SpaceX será dia 6 de fevereiro, na Flórida. Mais uma vez a tentativa de pouso será na balsa. O satélite lançado será o SES-6, um monstro de 5,3 toneladas que será colocado em órbita geoestacionária, o que significa muito, muito combustível e um Falcon 9 2.0 funcionando a plena potência.
Dará certo? Eu acho que sim.